Opinião
- 09 de março de 2010
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"Fé e ciência" ou "criacionismo × evolucionismo"?
Karl Heinz Kienitz
Tenho notado que muitas vezes se identifica o assunto “fé e ciência” com o debate entre criacionismo e evolucionismo, embora este debate enfoque apenas uma das muitas questões com alguma interação entre fé e ciência. Dos pontos de vista filosófico e teológico a questão das origens é muito interessante. Mas pelo seu modesto impacto sobre as ciências aplicadas, essa questão é – quando muito – moderadamente relevante de um ponto de vista científico pragmático. Por outro lado, uma ampla discussão do assunto “fé e ciência” é muito necessária, pois continua sendo difundida nas escolas, nas universidades e na mídia a mentira de que fé e ciência seriam incompatíveis ou, na melhor das hipóteses, não relacionadas. Às vezes tal ensino chega a ser expresso de forma virulenta em frases como “Quanto mais próximo se está da ciência, maior o crime de ser cristão”, atribuída a Nietzsche. Como antídoto pode-se explorar a página Fé e Ciência que mantenho.
Via de regra, a identificação do tema “fé e ciência” com “criacionismo × evolucionismo” vem de um entendimento equivocado de ciência e/ou fé. Há os que confundem ciência com plausibilidade e aceitam como “científicas” explicações tornadas plausíveis, como, por exemplo, certas explicações do evolucionismo. Explicações e teorias plausíveis chamam nossa atenção e - às vezes - merecem ser investigadas, contudo plausibilidade nunca foi sinônimo de ciência. Por outro lado pode haver confusão entre os conceitos de fé e doutrina. Fé não é doutrina, nem tampouco alguma coleção tradicional de explicações (por exemplo, sobre a origem da vida). Fé encontra-se explicitamente definida na Bíblia em Hebreus 11 e, no contexto do cristianismo, é a confiança que possibilita um relacionamento do ser humano com Deus. Deus se revelou historicamente conforme anotado na Bíblia. Esta revelação atingiu sua forma mais completa em Jesus Cristo. Portanto fé cristã exige algum (pouco) conhecimento dos acontecimentos relacionados a Jesus Cristo, mas prescinde de doutrinas, por fundamentar-se em fatos. Ainda assim doutrina é algo considerado importante na Bíblia. O Novo Testamento prioriza a “doutrina de Cristo” (2 João 9), que se refere aos ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte e sobre o reino de Deus em geral. A “doutrina de Cristo” tem impacto direto sobre a vida do cristão, uma vida que resulta daquela fé que “move” seu relacionamento com Deus. Outras doutrinas, por exemplo ideias dogmáticas sobre a questão das origens, são secundárias do ponto de vista dos evangelhos e podem levar a equívocos, especialmente no contexto de uma redução do assunto “fé e ciência” a “criacionismo × evolucionismo”.
O debate sobre as origens é atual e oportuno não só para satisfazer nossa curiosidade, mas também pela relevância das implicações filosóficas e teológicas. Contudo é preciso ter certeza que este debate não seja confundido com a discussão de fé e ciência, que é motivada por um pragmatismo mais específico diante de falsos ensinos que contrariam o entendimento de grandes cientistas como, por exemplo, Walter Heitler (1904-1981, físico, recebedor da Medalha Max Planck de 1968), para quem “natureza definitivamente não pode ser discutida de modo completo em termos científicos sem incluir também a indagação por Deus”.
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Tenho notado que muitas vezes se identifica o assunto “fé e ciência” com o debate entre criacionismo e evolucionismo, embora este debate enfoque apenas uma das muitas questões com alguma interação entre fé e ciência. Dos pontos de vista filosófico e teológico a questão das origens é muito interessante. Mas pelo seu modesto impacto sobre as ciências aplicadas, essa questão é – quando muito – moderadamente relevante de um ponto de vista científico pragmático. Por outro lado, uma ampla discussão do assunto “fé e ciência” é muito necessária, pois continua sendo difundida nas escolas, nas universidades e na mídia a mentira de que fé e ciência seriam incompatíveis ou, na melhor das hipóteses, não relacionadas. Às vezes tal ensino chega a ser expresso de forma virulenta em frases como “Quanto mais próximo se está da ciência, maior o crime de ser cristão”, atribuída a Nietzsche. Como antídoto pode-se explorar a página Fé e Ciência que mantenho.
Via de regra, a identificação do tema “fé e ciência” com “criacionismo × evolucionismo” vem de um entendimento equivocado de ciência e/ou fé. Há os que confundem ciência com plausibilidade e aceitam como “científicas” explicações tornadas plausíveis, como, por exemplo, certas explicações do evolucionismo. Explicações e teorias plausíveis chamam nossa atenção e - às vezes - merecem ser investigadas, contudo plausibilidade nunca foi sinônimo de ciência. Por outro lado pode haver confusão entre os conceitos de fé e doutrina. Fé não é doutrina, nem tampouco alguma coleção tradicional de explicações (por exemplo, sobre a origem da vida). Fé encontra-se explicitamente definida na Bíblia em Hebreus 11 e, no contexto do cristianismo, é a confiança que possibilita um relacionamento do ser humano com Deus. Deus se revelou historicamente conforme anotado na Bíblia. Esta revelação atingiu sua forma mais completa em Jesus Cristo. Portanto fé cristã exige algum (pouco) conhecimento dos acontecimentos relacionados a Jesus Cristo, mas prescinde de doutrinas, por fundamentar-se em fatos. Ainda assim doutrina é algo considerado importante na Bíblia. O Novo Testamento prioriza a “doutrina de Cristo” (2 João 9), que se refere aos ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte e sobre o reino de Deus em geral. A “doutrina de Cristo” tem impacto direto sobre a vida do cristão, uma vida que resulta daquela fé que “move” seu relacionamento com Deus. Outras doutrinas, por exemplo ideias dogmáticas sobre a questão das origens, são secundárias do ponto de vista dos evangelhos e podem levar a equívocos, especialmente no contexto de uma redução do assunto “fé e ciência” a “criacionismo × evolucionismo”.
O debate sobre as origens é atual e oportuno não só para satisfazer nossa curiosidade, mas também pela relevância das implicações filosóficas e teológicas. Contudo é preciso ter certeza que este debate não seja confundido com a discussão de fé e ciência, que é motivada por um pragmatismo mais específico diante de falsos ensinos que contrariam o entendimento de grandes cientistas como, por exemplo, Walter Heitler (1904-1981, físico, recebedor da Medalha Max Planck de 1968), para quem “natureza definitivamente não pode ser discutida de modo completo em termos científicos sem incluir também a indagação por Deus”.
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Tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. É professor de engenharia em São José dos Campos (SP). É editor do blog Fé e Ciência.
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Site: http://www.freewebs.com/kienitz/
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