Opinião
- 31 de agosto de 2017
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A Reforma Protestante e o desafio do pastoreio mútuo na igreja
Por Ricardo Costa
A Reforma Protestante foi um movimento usado por Deus para tirar a igreja de muitas práticas que não tinham qualquer fundamento bíblico. Um deles diz respeito ao especto pastoral da igreja.
Conforme apregoado primeiramente por Lutero, e depois fortalecido pelos demais reformadores, o sacerdócio da igreja não é limitado a algumas pessoas especiais, mas é um chamado de Deus para todos os santos.
No entanto, esse aspecto defendido pelos reformadores não ganhou a consistência necessária para muitos cristãos da igreja ocidental. Na prática, ainda fazemos distinção entre o sacerdócio dos “sacerdotes" e o sacerdócio dos “crentes”.
De fato, mesmo os reformadores, ainda que apregoassem esse conceito, na prática não conseguiram se distanciar do sistema sacerdotal existente na igreja, desde o quarto século.
Assim como os reformadores não conseguiram romper totalmente com o clericalismo, a maioria de nossas igrejas ainda reproduz este mesmo modelo, sustentado tanto por parte dos líderes como por parte do povo.
Este comportamento, que é tão forte no Brasil, talvez se deva a três fatores: a influência do imperialismo português, a força da tradição católica romana e o coronelismo, que ainda se manifesta em tantas dimensões da sociedade.
O clericalismo é, nitidamente, uma força opositora em relação à percepção do ministério pastoral da igreja, que deveria existir com base no sacerdócio universal de todos os santos. Por parte dos líderes, o clericalismo é mantido por conta da fome pelo poder, o desejo de controle e egocentrismo de tantos que estão ocupando estes lugares. Por parte do povo, o mesmo é mantido por conveniência (se tenho alguém para me representar não preciso assumir responsabilidade diante de Deus), por tradição – este é o modelo católico romano e das religiões afro em nosso país, de onde vem a maioria dos nossos membros evangélicos –, e pelo sentimento de despreparo que os cristãos tem, já que os líderes não cumprem o papel de equipá-los para o ministério.
Mas o fato é que a Palavra de Deus apresenta fundamentos suficientes para concordarmos com os reformadores de que o sacerdócio é de todos os santos.
Em 1 Pedro 2.9, que expressa claramente a identidade do povo de Deus como uma nação de reis-sacerdotes que estão em missão no mundo para expressarem as virtudes de Deus, diz:
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
A igreja é o povo de Deus em missão no mundo e sua missão é exercida por todos. Todo o povo é constituído por sacerdotes e nossa missão é a de proclamarmos o evangelho do reino de Deus por onde quer que formos.
Em 1 Tessalonicenses 5.12-15, lemos:
“Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham.
Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros.
Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos.
Tenham cuidado para que ninguém retribua o mal com o mal, mas sejam sempre bondosos uns para com os outros e para com todos.”
Este trecho de Tessalonicenses mostra como funciona o ministério pastoral exercido pelos líderes, os pastores e presbíteros, e o ministério pastoral exercido pela igreja.
Nos versos 12 e 13 o apóstolo Paulo faz referência ao ministério sacerdotal dos líderes, que inclui liderar e aconselhar. Já nos versos 14 e 15 temos o que chamo de ministério pastoral da igreja, que inclui: advertir os ociosos, confortar os desanimados, auxiliar os fracos, ser paciente para com todos, cuidar para que ninguém retribua o mal com o mal, sempre escolhendo a bondade.
Paulo não espera essas atitudes apenas por parte dos líderes, por serem pastores, mas espera de toda a igreja, já que líderes e povo são sacerdotes.
A proposta da Reforma no que se refere ao sacerdócio de todos os crentes ainda é uma perspectiva que precisa continuamente ser buscada pela igreja brasileira, quem sabe, até mesmo pela igreja Ocidental.
Que os líderes se vejam como povo e que o povo se veja como sacerdote, para que assim cumpramos os propósitos de Deus como Igreja.
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A Reforma: O que você precisa saber e por quê [John Stott | Michael Reeves]
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Heresias, hereges e radicais
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No entanto, esse aspecto defendido pelos reformadores não ganhou a consistência necessária para muitos cristãos da igreja ocidental. Na prática, ainda fazemos distinção entre o sacerdócio dos “sacerdotes" e o sacerdócio dos “crentes”.
De fato, mesmo os reformadores, ainda que apregoassem esse conceito, na prática não conseguiram se distanciar do sistema sacerdotal existente na igreja, desde o quarto século.
Assim como os reformadores não conseguiram romper totalmente com o clericalismo, a maioria de nossas igrejas ainda reproduz este mesmo modelo, sustentado tanto por parte dos líderes como por parte do povo.
Este comportamento, que é tão forte no Brasil, talvez se deva a três fatores: a influência do imperialismo português, a força da tradição católica romana e o coronelismo, que ainda se manifesta em tantas dimensões da sociedade.
O clericalismo é, nitidamente, uma força opositora em relação à percepção do ministério pastoral da igreja, que deveria existir com base no sacerdócio universal de todos os santos. Por parte dos líderes, o clericalismo é mantido por conta da fome pelo poder, o desejo de controle e egocentrismo de tantos que estão ocupando estes lugares. Por parte do povo, o mesmo é mantido por conveniência (se tenho alguém para me representar não preciso assumir responsabilidade diante de Deus), por tradição – este é o modelo católico romano e das religiões afro em nosso país, de onde vem a maioria dos nossos membros evangélicos –, e pelo sentimento de despreparo que os cristãos tem, já que os líderes não cumprem o papel de equipá-los para o ministério.
Mas o fato é que a Palavra de Deus apresenta fundamentos suficientes para concordarmos com os reformadores de que o sacerdócio é de todos os santos.
Em 1 Pedro 2.9, que expressa claramente a identidade do povo de Deus como uma nação de reis-sacerdotes que estão em missão no mundo para expressarem as virtudes de Deus, diz:
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
A igreja é o povo de Deus em missão no mundo e sua missão é exercida por todos. Todo o povo é constituído por sacerdotes e nossa missão é a de proclamarmos o evangelho do reino de Deus por onde quer que formos.
Em 1 Tessalonicenses 5.12-15, lemos:
“Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham.
Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros.
Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos.
Tenham cuidado para que ninguém retribua o mal com o mal, mas sejam sempre bondosos uns para com os outros e para com todos.”
Este trecho de Tessalonicenses mostra como funciona o ministério pastoral exercido pelos líderes, os pastores e presbíteros, e o ministério pastoral exercido pela igreja.
Nos versos 12 e 13 o apóstolo Paulo faz referência ao ministério sacerdotal dos líderes, que inclui liderar e aconselhar. Já nos versos 14 e 15 temos o que chamo de ministério pastoral da igreja, que inclui: advertir os ociosos, confortar os desanimados, auxiliar os fracos, ser paciente para com todos, cuidar para que ninguém retribua o mal com o mal, sempre escolhendo a bondade.
Paulo não espera essas atitudes apenas por parte dos líderes, por serem pastores, mas espera de toda a igreja, já que líderes e povo são sacerdotes.
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