O mundo contraditório da política

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Nem os próprios políticos conseguem entender com exatidão este universo tão contraditório no qual eles vivem e atuam. Falo do mundo político com suas vertentes e seus labirintos que quase sempre "pegam alguém na curva", e muitas vezes destroem sonhos acalentados há muito tempo.

O político é mais um sonhador do que um idealizador ou um "tocador de obras, como Maluf gosta de se definir. Eu vejo isto no dia a dia, na propaganda visual e pessoal que deparamos nas ruas e afins. Imagino quantos sonhos existem por detrás desta propaganda chamativa e às vezes barulhenta que vemos por aí em épocas de campanha.

Mas tudo tem o seu "outro lado", as entrelinhas, o inconfessável e o imponderável. E ninguém melhor do que um político para disfarçar e escamotear o que todo mundo vê e sente. Gastam-se milhões com propaganda, e alguém me pergunta: "de onde sai todo este dinheiro? Quem vai repor todo este dinheiro jogado fora nas campanhas eleitorais?". Eu respondo: Tudo isto sai do nosso bolso.

Às vezes eu falo de política com alguém só para ver a reação da pessoa. E cada um reage a seu modo, uns xingam o prefeito, os vereadores, a presidenta... Outros apenas falam mal, mas discretamente, ou até falam bem, mas estes são raros. Este mundo é contraditório, daí as reações mais diferentes e estranhas. E agora a situação está mais complicada com esta nova lei que exige do candidato uma "ficha limpa" para poder concorrer a algum cargo eletivo. Mas esta "Ficha Limpa" também é muito contraditória, pois às vezes ela pune alguns inocentes e libera a candidatura dos verdadeiros "ficha suja".

Muita gente me diz que detesta política, e até evita tocar no assunto. As pessoas sempre dizem: "Não se deve discutir política, futebol e nem religião". Eu discuto tudo isto e não vejo nenhum inconveniente. Dizem que da discussão nasce a luz. Mas pode "nascer" também brigas e até mortes, dependendo de como se discute. Já me chamaram de politiqueiro diversas vezes. Não sou politiqueiro, ou talvez o seja no bom sentido. Prefiro dizer: politizado. Recentemente eu li um livro sobre a vida do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, (1902/1976): "O jovem JK", de Roniwalter Jatobá, e cheguei à conclusão que o maior erro daquele ilustre brasileiro foi ter entrado na política.

A partir daí a sua vida pessoal e profissional (ele era médico) literalmente desmorou porque ele estava acima da política partidária. E até hoje a sua morte, para muitos, é um mistério. Conheço muitas pessoas que entraram na política e se perderam totalmente, principalmente líderes religiosos. Muitos pastores que entraram na política hoje não conseguem mais ser pastores e são péssimos políticos.

Por isto sou contra o envolvimento das igrejas evangélicas com a política partidária. As igrejas precisam estar acima da política. Os antigos já diziam: "cada macaco no seu galho", e se ficar pulando de galho em galho pode levar chumbo. Portanto, é melhor ficar na vocação que foi chamado. Afinal, o nosso reino não é deste mundo. Façamos como Neemias que disse certa vez, ao ser chamado por alguém que intentava lhe fazer mal: "Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer". (Neemias 6.3).

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Opinião do leitor