Como lidar com o sofrimento?

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Texto de Salmos 23

Ao nascer, quer queiramos ou não, vamos nos encontrar com o sofrimento, estaremos sujeitos a causar sofrimento no outro e sermos palco do mesmo. Por mais que possamos dizer o contrário, nenhum telhado está imune de situações marcadas pelo sofrimento, seja como for. É bem verdade, evito todo o discurso pessimista, não sou um agoureiro e muito menos sou um conformista. Acredito, com toda a propriedade, de que não devemos estar passivos, indiferente e como se nada nos dissesse, porque somos partes da vida. Destarte, apesar de todas essas constatações, ainda assim, posso escolher por me esforçar e procurar trazer significado para a vida, para quem está ao meu redor e em prol de mim mesmo. As vezes ou muitas vezes, chego à conclusão de o quanto não consigo trazer sentido e tornar a vida mais decente, suportável, esperançosa e direcionada a proporcionar o levantar das pessoas. As vezes ou muitas vezes, tenho sido muito ingrato e mal-agradecido, porque não observo todos os milagres, em cada partícula da vida, em cada pôr do sol, em cada maneira como tudo funciona, como a lei da gravidade, como uma formiga resiste a carregar algo infinitamente maior do que ela, como toda essa complexidade no universo se mantém no seu devido lugar. Decerto, considero, cada vez mais, que devo fazer o possível para estar com o meu irmão e com as pessoas mais próximas, sem a intenção de querer ser a voz da verdade, o dono da verdade e o fiel da balança. Sim e sim, o sofrimento não vai embora, porque sou bom, procuro fazer o que é certo e importo-me com as pessoas, como também não devo permanecer atrás de respostas prontas e entabuladas para não reconhecer minhas fragilidades, vulnerabilidades e debilidades. Mesmo assim, possamos olhar para aquilo que nos leva adiante, reconhecer as nossas habilidades, energias e potencialidades, com o enfoque de tornar, tudo isso, em oportunidades para a vida enredada pela fé, pela esperança e pela misericórdia. Sinceramente, nunca estamos prontos ou preparados para lidar com o sofrimento, porque não nos avisa, não nos manda nenhum recado, não nos alerta e aparece de repente, quando nem sequer o cogitávamos sobre a sua vinda. Por fim, o chamado da Cruz não fugiu do sofrimento, não passou um verniz para o esconder, o mesmo o vivenciou e não trilhou pelo ressentimento, ouviu os ecos das aflições, observou as faces dos excluídos, atentou-se para os desolados e suas mãos não se recolheram, seus ombros não se furtaram, seus lábios não se fecharam e seu olhar não foi de negação, mas para conceder uma dimensão de modificação e transformação.

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Opinião do leitor