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Palavra do leitor

Além do pão e do vinho: a vida!

‘’A bíblia não quer ser lida, mas quer nos ler e mostrar que se isso não acontecer, suas palavras são sem nenhum sentido, diante da realidade, com seus conflitos e confrontos’’.

O póstumo filósofo Bauman, em uma de suas obras, com o título amor líquido, retrata uma realidade aversiva e distante de qualquer sentido de permanência, de uma doação genuína, de um encontro com nossas adversidades e do outro. Isso me fez ponderar, a partir do texto de 1 Reis 3. 16 a 28, ao qual traz o episódio de duas mulheres, diante do Rei Salomão, sobre a legitimidade de uma criança, ou seja, quem seria mãe.

Sem sombra de dúvida, muitos têm ciência desse acontecimento e a maneira como se chegou a uma decisão. Agora, aproveito a oportunidade e pontuo a maneira como uma das mulheres, expressamente, nos invade com uma abundância de lições e de uma abordagem voltado a vida, ao viver, ao ser humano e, enfim, ao outro.

De certo, encontramo – nos numa tendência para considerar os atos admiráveis da sabedoria de Salomão, todavia, ouso redesenhar a feitura da maneira como essa mulher se desprende, sai dos laços de conveniências e, categoricamente, responde por uma doação genuína. Em outras palavras, vai além das formalidades do que é certo, de uma justiça distributiva e proporcional.

Não e não, aquela mulher abre as portas e aceita caminhar pela misericórdia e nos apresenta uma trajetória singular e de uma ênfase incondicional a vida. Ora, estamos diante de um momento marcado pela tresloucada busca da justiça normativa e do cumprimento da legalidade, agora, fomos e somos chamados para não permanecer nas fronteiras de o que fez, aqui, deve ser responsável.

Evidentemente, não venho evocar uma banalização das estruturas legais e normativas, mas sim pauto efetuar saltos, os saltos de ouvir, de tolerar, de ajudar, de perguntar: como posso ser útil e benéfico, em favor do outro? Sinceramente, estamos nos itinerários de uma cultura do passageiro, de um desapegar aos vínculos afetivos e de uma tentativa de preencher tudo isso, por meio de uma vida de sensações, de impulsos, de satisfações, como se não houvesse mais nada a esperar.

Diametralmente oposto, aquela mulher, uma figura vista como marginalizada, não merecedora de uma atenção, por ser uma prostituta, vai a direção da autoridade representante da própria vontade divina e nos concede uma lição de humanidade, de que o amor envolve entrega e não a anulação do outro. Parto desse ponto e desembarco no texto de 1 Coríntios 11. 17 a 22, pelo qual o Apóstolo Paulo aponta para o quanto a Ceia se configura como a confirmação de que todos fomos acolhidos e aceitos, em Cristo Jesus, o Kairos para todos, o Carpinteiro dos Recomeços e tal enfoque não se afasta de ninguém, não se vale de fronteiras para dizer – ‘’esse serve, esse não’’, ‘’esse pode, esse não’’, ‘’esse se faz merecedor, predestinado, aprovado e esse não’’.

Deveras, a ceia não retrata os mosaicos de um momento de penitencia, de que não sou digno, de que minha consciência não passa de um monturo de culpas e condenações, de que não há jeito, de que se volta para supostos perfeitos cultuadores de ritos e oferendas. A ceia do Senhor vai além do pão das doutrinas, do vinho dos êxtases místicos, do não das argumentações teológicas, do vinho dos movimentos de avivamentos, de encontros de libertação, de campanhas e mais campanhas.

Dou mais uma pincelada, a Ceia nos chama para uma entrega genuína, para uma doação, na mesma dimensão, para, em meio as vicissitudes do dia a dia, sentar e permitir ser inundado por essa esperança que não nos esconde das perdas, dos nãos, das lágrimas, das incertezas, das inquietudes, daqueles momentos que as marcas e as manchas batem na nossa porta, daquele por que teve de ser assim, e, tudo isso, não para nos rebaixar, diminuir e desfigurar. Simplesmente, reiterar uma Graça que nos basta, que se estende aos cansados, aos atemorizados, aos esvaziados de sentido e senso.

Por fim, além do pão e do vinho, essa Graça vem com mãos dispostas a nos levantar, ouvidos dispostos a ser o curso de um rio, por onde nossas emoções sejam escoadas, por um pôr do sol que possa aclarar todo nosso ser e expor a via sempre acessível de um refazer, de um reencontrar da alegria e de não se envergonhar de ser humano, de imagem e semelhança de um ato inspirativo criador, mesmo quando as páginas do passado possam dizer o oposto.
São Paulo - SP
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