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Opinião

O rosto desfigurado da morte

Na terça-feira, dia 28 de julho de 2015, no Hospital São João Batista em Viçosa (MG), vi minha irmã Júnia viva pela última vez. Ela estava horrível. Não falava, não enxergava, não escutava, não levantava. Mesmo com o aparelho de oxigênio, respirava com grande dificuldade. A boca estava permanentemente aberta. Além de tudo, estava entubada. Só faltava o coração parar. Fiz um cafuné nela e agradeci a Deus pela sua vida. Júnia, um ano mais velha, era uma consagrada educadora religiosa em Campos dos Goytacazes, RJ. Se fosse católica, diríamos que ela era uma religiosa. Ainda mais que nunca se casara.

Na manhã do dia seguinte, o coração parou e ela morreu completamente (morte somatopsíquica). Passou da vida para a morte. Era um cadáver, um corpo sem vida, sem cor, sem calor e sem movimento. A boca ainda estava aberta. O quadro era muito feio, muito sinistro, muito humilhante (a morte é a humilhação-mor do ser humano).

De repente, sem que eu esperasse, lembrei-me da morte de Jesus na cruz. Nunca até então eu havia pensado em visualizar o rosto de Jesus depois que ele inclinou a cabeça e morreu às três horas da tarde daquela sexta-feira. Pelas informações dos quatro Evangelhos e pela imaginação, os cristãos são capazes de visualizar a caminhada de Jesus do Getsêmani até o morro da Caveira, a sua crucificação, a presença de Maria naquele cenário, a sua morte, o corte de seu lado, a retirada de seu corpo da cruz, o sepultamento, a sua gloriosa ressurreição ao terceiro dia e as suas aparições. Mas não me consta que alguém, por um exercício de imaginação, tenha fixado os seus olhos no rosto cadavérico do Senhor. Não seria menos feio, menos horrível, menos sinistro, menos humilhante do que o rosto da minha irmã. Então eu me lembrei daquele texto “escondido” no livro do profeta Isaías que se refere a Jesus: “Muitos ficaram horrorizados quando o viram, pois ele estava tão desfigurado que nem parecia um ser humano” (Isaías 52.14). Embora a passagem deva se referir mais às marcas deixadas no corpo pelas bofetadas, varadas, socos e açoites que ele recebeu desde a madrugada até a crucificação, nada me proíbe de estender esse olhar para o seu rosto tremendamente desfigurado pela morte.

Sem mentir, sem inventar e sem forçar, devo confessar que a comparação mental que eu fiz entre o rosto de Júnia e o rosto de Jesus provocou em mim reações muito positivas. Porque o Senhor deu a sua vida pelas ovelhas por sua própria vontade, como ele mesmo afirma (João 10.18), e porque sua morte foi exclusivamente vicária e expiatória, a visão de seu rosto – o rosto de um morto – aumentou a minha gratidão por ele e a ele e o meu entusiasmo pela pregação do evangelho. A minha e a nossa salvação custou caro demais para eu ficar insensível e de braços cruzados!

Foto: Martin Walls/ freeimages.com

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Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
  • Textos publicados: 115 [ver]

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