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Opinião

Jerusalém, o Estado de Israel e o povo palestino

Por Marcos Amado

Considerando os recentes e graves acontecimentos internacionais relacionados ao Estado de Israel e ao povo palestino, e tendo em vista as reações de um grande número de cristãos evangélicos (incluindo líderes de reconhecida influência nacional) nos diversos meios de comunicação, faz-se importante uma breve reflexão sobre o assunto que leve em conta aspectos que não estão sendo mencionados nas mídias (para uma discussão mais abrangente, veja este artigo). Vale salientar que esta reflexão tem como intuito abrir um respeitoso intercâmbio de ideias e não de polemizar.

As reações que mais têm chamado a atenção são as que apoiam de forma efusiva o posicionamento do presidente dos Estados Unidos em relação ao status da cidade de Jerusalém e colocam em xeque a existência ou o direito de existir do povo Árabe Palestino.

Em primeiro lugar, temos que levar em consideração que se formos questionar o direito do Povo Palestino de existir dentro de um território estabelecido pela ONU, teríamos que questionar também vários outros “povos” e “países” que foram criados no período pós-guerra pelas potências colonialistas. E considerando que (na acepção moderna da palavra) por mais de dois mil anos Israel não foi um país, também poderíamos colocar em dúvida o direito de o moderno Estado de Israel existir, pois ele poderia ser visto simplesmente como uma invenção das potências ocidentais.

Como seria o mundo hoje se cada povo que perdeu o controle sobre o seu território (ou foi quase que totalmente expulso) por um período de mais de dois mil anos fosse autorizado pela ONU a voltar para o seu território original?

>>> De Quem é a Terra Santa? <<<

Mas o questionamento sobre o direito ou não de Israel existir só faria sentido se nos baseássemos somente em questões históricas e de direito internacional, sem levar em consideração o posicionamento teológico de muitos cristãos no Brasil e ao redor do mundo. Obviamente não podemos excluir a questão teológica. E isso se deve principalmente ao fato de muitos evangélicos brasileiros relacionarem o atual momento político internacional às promessas bíblicas concernentes a Israel e a posicionamentos escatológicos.

Quando nós, evangélicos, falamos sobre Israel, dois dos posicionamentos mais conhecidos são o dispensacionalismo (que está muito relacionado ao sionismo) e a teologia da aliança. Aliás, vale à pena ressaltar que é possível ser sionista sem ser dispensacionalista, da mesma forma que é possível ser antisionista sem ser antisemita. Porém, não é possível ser dispensacionalista sem ser sionista. E não nos esqueçamos que o movimento sionista não é, nas suas origens, um movimento cristão e nem sequer religioso.

Os cristãos dispensacionalistas e/ou sionistas são os que mais defendem o direito de o moderno Estado de Israel existir dentro das fronteiras mencionadas na Bíblia (que, dependendo da interpretação que for dada às passagens que falam sobre o tema, englobariam partes ou todo o espaço geográfico que hoje é ocupado por Israel, Jordânia, Líbano, Síria e Egito). Dentro desta visão, Jerusalém é a capital indivisível de Israel.

>>> Por que os cristãos têm reações tão diferentes ao sionismo e a Israel? <<<

Mas eu vejo nesse posicionamento alguns aspectos importantes que precisamos considerar. Mesmo se aceitássemos que a interpretação escatológica dispensacionalista é a interpretação correta, a grande maioria se esquece que esta escola teológica, conforme a proposta de seus fundadores, entende que Israel terá suas fronteiras bíblicas somente durante o Milênio, que (de acordo com essa linha teológica) é o período durante o qual Cristo estará reinando a partir de Jerusalém durante mil anos literais. Nós sabemos que isso não está acontecendo. Portanto, não há razão, mesmo quando olhamos através da lente hermenêutica dispensacionalista original, de achar que, biblicamente, Jerusalém precisa ser, neste momento, a capital exclusiva de Israel; tampouco que o Estado de Israel moderno precisa ter, nos dias atuais, as fronteiras bíblicas.

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Além disso, com frequência tenho a impressão de que, de uma perspectiva cristã, estamos perdendo o foco quando nossa preocupação principal é tentar definir se o povo palestino realmente foi ou é um país, ou até mesmo um povo. Quando fazemos isso perdemos de vista a importante questão da dignidade humana (um aspecto que é tratado na Bíblia com muita seriedade). Mesmo se aceitássemos que a Bíblia está afirmando que Israel tem o direito de ser um Estado que ocupe as fronteiras estabelecidas no Antigo Testamento, e que os árabes palestinos não têm o direito de ter o seu próprio Estado conforme definido pela ONU, ainda assim precisaríamos nos lembrar que Deus ORDENA ao povo de Israel, em vários lugares do Antigo Testamento, que trate o estrangeiro que vive no seu meio como a si mesmo. Porém, não é isso o que está acontecendo. Os árabes (cristãos e muçulmanos) sofrem bastante como resultado das decisões e ações israelenses (muitas vezes apoiadas por cristãos evangélicos —inclusive importantes líderes políticos), o que leva a uma serie de consequências humanitárias, além de dificultar o trabalho missionário em todo o mundo muçulmano. Um dos grandes problemas é que a teologia dispensacionalista original foi muito deturpada nas últimas décadas, e tem sido usada para defender atitudes que não condizem com os ensinamentos de Cristo.

Em resumo, é claro que Israel tem o direito de existir. É claro que nós devemos amar os judeus e orar pela paz de Jerusalém. Mas, como cristãos, não devemos endossar nada que contrarie os ensinamentos do nosso Senhor. Portanto, não importa se somos defensores do dispensacionalismo, se somos sionistas ou ainda adeptos da teologia do pacto. Independentemente da nossa posição teológica e/ou política, não deveríamos, como verdadeiros discípulos do Príncipe da Paz, incentivar decisões que levem à guerra, morte, sofrimento e injustiça, seja para judeus ou árabes palestinos.

Imagem: CCO/Pixabay.com

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