CAPA
- Novembro-Dezembro 2021
- Visualizações: 969
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Nesta matéria:
- O que será desta criança?
- O que será destas crianças? – Histórias da Bíblia
- Vida plena para todas as crianças
- Ensine a criança no caminho em que deve andar
- A criança – espelho da alma da sociedade
- Educar crianças na era digital
- A missão da igreja para com as crianças
- Que nota as crianças darão para a sua igreja depois da pandemia?
- E-book
O que será destas crianças? – Histórias da Bíblia
Por Klênia Fassoni
Talvez você se surpreenda com esta afirmação: há mais de 1.500 referências a crianças na Bíblia.1 É possível que, a despeito disso, muitos tenham dificuldade para lembrar trinta ou quarenta delas. Mas elas estão lá, pedindo para serem lidas com atenção. Incentivamos você a ler a Bíblia procurando por crianças. E, ao encontrar referências a elas, leia os textos com esta pergunta em mente: “O que será desta criança?”. Aqui você encontra cinco histórias.
Ele será o maior entre os nascidos de mulher
“O que será deste menino?” foi a indagação feita pelos vizinhos ao saberem que Zacarias e Isabel, idosos e inférteis, teriam um filho. A resposta a essa pergunta é conhecida: “Ele será um grande homem e motivo de alegria para os pais e muitos outros”, disse o anjo. Zacarias em seu cântico acrescenta: “Você, menino, será chamado profeta do Altíssimo”. Os vizinhos notam que o “menino crescia e se fortalecia em espírito”. Os pais zelam por sua criação e mantêm a respeito dele as mais altas expectativas. Foi nesse ambiente que o menino cresceu e, já adulto, anunciou a chegada de Jesus, cumprindo o seu papel na Grande História. Mais tarde, o próprio Jesus declarou: “Ele é o maior entre os nascidos de mulher”.
O que será dos meninos condenados à escravidão?
Não sabemos seu nome, mas a história desta mãe é bem conhecida. Logo depois da morte do seu esposo, dedicado ao serviço de Deus, o credor bate à porta e ameaça levar seus dois filhos como pagamento. Em grande aflição, ela se pergunta: “O que será dos meus filhos?”. Decidida a não aceitar a fatalidade, ela recorre a Eliseu. O profeta manda perguntar o que ela tem em casa. A resposta – desoladora – é: “Nada! Apenas um pouco de azeite”.
Conhecemos o desfecho da história. Deus, por meio de Eliseu, não faz o milagre “completo”. O azeite (colaboração da viúva) que se multiplicou deve ser agora comercializado, e do trabalho dela e de seus filhos a família terá o suficiente para pagar a dívida e continuar vivendo. Eliseu faz com que ela recorra à sua comunidade: “Percorra a rua e peça emprestadas vasilhas e tigelas de suas vizinhas. Não traga poucas, mas todas que você conseguir”.
Frente a situações adversas que atingem as crianças, a reação mais desejável é o inconformismo. Para, em seguida, recorrer a Deus, que muitas vezes em socorro delas aciona os recursos da comunidade. “É preciso uma aldeia para educar uma criança.”
Eu sei o que será do meu filho, nascido apesar da esterilidade!
Ana tinha o amor de seu marido, mas não tinha filhos. Isso a entristecia a ponto de ela ficar sem se alimentar e chorar por dias. Numa das peregrinações da família a Siló, Ana orou com aflição suplicando por um filho e prometeu que, se Deus a atendesse, o filho seria consagrado a ele. Ela engravidou, e Samuel nasceu. Uma das mais belas orações registradas no Antigo Testamento é fruto dos lábios agora alegres de Ana: “Meu coração está em festa por causa de Javé”. Quando Samuel era ainda muito pequeno, Ana e seu esposo, Elcana, entregaram-no ao sacerdote Eli. Ana sabia o que seria deste menino: um servo de Deus, “a quem pertencem as colunas da terra, santo, rocha, aquele que faz morrer e faz viver, que levanta da poeira o fraco”. “Samuel foi crescendo, Javé estava com ele e nenhuma de suas palavras caiu por terra.” Os pais continuaram a peregrinar até Siló uma vez por ano e, certamente, encontravam-se com o filho e dele se orgulhavam.
Samuel é ainda um menino quando tem a sua primeira visão; Eli é quem o ajuda a perceber que é Deus falando com ele. E, para sua tristeza, a visão é um recado ao próprio Eli sobre seus filhos: eles seriam condenados por seus desvios morais e éticos. Que tristeza para um pai! Mais tarde, seria a vez de Samuel entristecer-se ao ver que Joel e Abias, seus filhos – juízes de Israel –, apesar do exemplo do pai, não seguiam o caminho do Senhor.
Era muita criança para se perguntar: “O que será delas?”
Dá para imaginar o farrancho de crianças que faziam parte da caravana que seguia de Berseba para o Egito. Ao todo, 75 pessoas. Jacó, acompanhado de seus filhos, netos e bisnetos, iria rever seu filho José, agora governador.
Quantas vezes no passado terá ele se perguntado: “O que será de José, este menino dos sonhos estranhos?”. Por muitos anos, Jacó acreditou que ele estava morto. Sua tristeza foi tão grande que rejeitou o consolo dos outros filhos. Ele deve ter se tornado um pai superprotetor para Benjamim, irmão de José; ele o “amava demais” e tinha medo de perdê-lo. Jacó cuidou para que seu caçula se desenvolvesse plenamente, começando por trocar o nome que Raquel havia lhe dado (Benoni, que significa filho da dor) por Benjamim (filho da felicidade).
Em vista da escassez daquela terra, ele deve ter se perguntado: “O que será dos meus netos e bisnetos?”. Afinal, a aliança que Deus estabelecera com ele incluía uma descendência: “Tu me disseste: ‘Eu certamente farei tudo ir bem contigo, e tornarei a tua descendência como a areia do mar, que não se pode contar de tão numerosa’”. Agora, a esperança se renova. Eles estavam indo para uma terra de abundância.
Observando a criançada na caravana, é possível que Jacó tenha se lembrado quando – muitos anos atrás, depois de lutar com Deus no vau de Jaboque –, também acompanhado de muitas crianças, tentou protegê-las do temido encontro com Esaú. Depois do abraço da reconciliação, Jacó disse para seu irmão: “Estes são os meninos com que Deus me abençoou”. Os acontecimentos de sua vida, inclusive os que trouxeram sofrimento, faziam parte da Grande História.
José estava bem ciente disso: “Deus me enviou na frente de vocês para que possam sobreviver na terra, salvando a vida para sua gloriosa libertação”. Ele teve a alegria de ver Jacó convivendo com os seus filhos e dando-lhes a sua bênção. E Jacó teve o privilégio de acompanhar até os seus tataranetos e perguntar a respeito deles: “O que será destas crianças?”.
O que será da bela menina órfã?
Quando Hadassa (seu nome hebraico) perdeu os pais, parentes e vizinhos devem ter se perguntado: “O que será desta menina?”. Quem poderia imaginar que ela se tornaria a rainha da Pérsia?
A mais bela entre dezenas de outras jovens, ela é escolhida pelo rei Assuero. Agora Ester procura saber por que Mordecai (seu primo e pai adotivo) está de luto. Ele faz chegar às suas mãos cópia do decreto do rei ordenando o extermínio do povo, o seu povo (nacionalidade que Ester esconde), e pede que Ester interceda perante o rei. Frente à sua resistência inicial, ele diz: “Quem sabe se você não chegou ao reino exatamente para essa ocasião?”.
Diante do desafio, ela pede que Mordecai e os judeus que estão em Susã jejuem e orem por três dias e, com coragem, afirma: “Se for preciso morrer, morrerei”. A oração de Ester revela uma educação no temor de Deus e o conhecimento das promessas feitas ao povo: “Não tenho outra proteção além de ti. Manifesta-te no dia da nossa tribulação. Ó Deus, mais forte que todos os poderosos, ouve a voz dos desesperados”.2 Ela encontra o favor do rei; Amã, o narcisista que desejou a morte dos judeus, é enforcado; Mordecai é honrado. O rei envia cartas para as 127 províncias de seu reino concedendo aos judeus o direito de se defenderem.
Deus transforma o “dia de tragédia em dia de alegria para o povo escolhido”. É por meio de Ester que Deus cumpre os seus planos. Ester é protagonista na Grande História, e toda a posteridade – ao se lembrar ano após ano deste grande feito de Deus – se lembraria também de Ester, que um dia foi criança.
Notas
2. Na história de Ester, a tradução da versão grega do livro foi também utilizada como fonte.
- Novembro-Dezembro 2021
- Visualizações: 969
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Coleções Encadernadas
+ lidos
- Quarenta livros que fizeram a cabeça dos evangélicos brasileiros nos últimos quarenta anos, edição 315
- A resistência de Jó frente à dor e ao sofrimento, edição 308
- O gadareno teria sido o primeiro missionário na Jordânia?, edição 325
- Divórcio e novo casamento - um estudo bíblico inicial, edição 294
- Amor e sexo nos Cantares de Salomão, edição 258
- A vida de oração de Jesus, edição 336
- O clamor de Habacuque: que o Senhor faça a sua obra no meio da história sem adiá-la para um futuro indeterminado!, edição 315
- O formidável "consolo" dos amigos de Jó e de Eliú, o jovem, edição 308
- Gunnar Vingren e Daniel Berg: os pioneiros das Assembleias de Deus, edição 331
- Jesus ora depois da morte de João Batista, edição 336