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- Janeiro-Fevereiro 2019
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Nesta matéria:
Contentamento apesar do sofrimento
Por Marta Carriker
Quando eu era adolescente, minha mãe me deu um livro muito especial chamado Pollyanna. Era a história de uma menina órfã que tinha aprendido com o pai, missionário, o “jogo do contente”. Esse jogo era uma busca por algo positivo nas situações da vida, mesmo nas mais desagradáveis. E assim Pollyanna enfrentava as adversidades.
Infortúnios, sofrimentos, provações são certos em nossa vida. Todos passamos por momentos difíceis. Como reagimos ao sofrimento é que varia. Talvez o “jogo do contente” da personagem de Eleanor Porter faça referência a Filipenses 4.11: “[...] Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. O apóstolo Paulo menciona nessa passagem provações como a humilhação, a fome e a escassez,1 mas não deixa de se lembrar de ter sido honrado, ter tido fartura e abundância. Sua conclusão é um de meus versículos favoritos: “Tudo posso naquele que me fortalece”.2
A diferença está, então, em apoiar-nos na força de Deus, a Rocha imutável, aquele que sofreu, mas ressuscitou.3
No ministério com mulheres, vejo o sofrimento associado às dificuldades familiares. Os relacionamentos difíceis, os abusos e desvios de comportamento trazem muita dor. Mulheres, de modo geral, querem ver seus familiares felizes. Quando a família não vai bem, ou elas não se sentem amadas e valorizadas, a tendência é a depressão ou a busca por algum tipo de fuga.
A cura para a dor passa pelo reconhecimento de que sozinhas é impossível carregar o fardo, e pelo abandono desse fardo aos pés da cruz. Em outras palavras, precisamos tomar nossa dor e entregá-la a Deus. Não podemos deixar que a dor nos defina, não podemos nos apegar a ela como um símbolo de quem somos.
Uma vez entregue a dor e perdoada a pessoa responsável, surgem uma leveza e esperança muito lindas. Como é maravilhoso testemunhar o que Deus faz na vida de quem vai até Jesus para obter resposta ao sofrimento.4
O contentamento a despeito do sofrimento tem um caminho. Na história de Jó, este resistiu a se entregar, mesmo quando sua própria esposa lhe dizia para desistir. Há também uma busca pela face de Deus e a humilhação diante do Todo-Poderoso, criador do universo e autor da vida. Ver a Deus depois de conhecê-lo só de ouvir5 é possível no sofrimento, e nisso está o propósito da tribulação. Ao aproximarmo-nos do Deus que nos ama, a angústia tem efeito consolador e satisfaz nossa necessidade de intimidade com o Senhor e de confiança nele.
Não só passamos a conhecer melhor a Deus, mas também aprendemos a obedecer-lhe.6 Dessa forma, o sofrimento começa a ter uma razão perceptível, pois Deus está trabalhando em nós, nas circunstâncias de nossa vida. Consola-nos saber que a aflição tem um propósito e não dura para sempre.
Uma das características fascinantes do ser humano é a empatia. “Sofrer com o outro” era constante na vida de Jesus, que se compadecia das multidões e as curava, libertava e pastoreava. Nesse sentido, acredito que uma das melhores maneiras de estar contente em meio às adversidades é perceber o sofrimento alheio7 e procurar aliviá-lo. Ajudar alguém e trazer-lhe alegria é algo que nos contagia e dá sentido à nossa vida.
Notas
1. Filipenses 4.12.
2. Filipenses 4.13.
3. Hebreus 12.2.
4. Mateus 11.28.
5. Jó 42.1-5.
6. Hebreus 5.8.
7. 1 Pedro 5.9.
• Marta Carriker é casada com Timóteo Carriker e tem três filhos e três netos. Foi missionária presbiteriana por 38 anos, dedicando-se especialmente ao preparo de missionários brasileiros e ao ministério entre mulheres.
Quando eu era adolescente, minha mãe me deu um livro muito especial chamado Pollyanna. Era a história de uma menina órfã que tinha aprendido com o pai, missionário, o “jogo do contente”. Esse jogo era uma busca por algo positivo nas situações da vida, mesmo nas mais desagradáveis. E assim Pollyanna enfrentava as adversidades.
Infortúnios, sofrimentos, provações são certos em nossa vida. Todos passamos por momentos difíceis. Como reagimos ao sofrimento é que varia. Talvez o “jogo do contente” da personagem de Eleanor Porter faça referência a Filipenses 4.11: “[...] Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. O apóstolo Paulo menciona nessa passagem provações como a humilhação, a fome e a escassez,1 mas não deixa de se lembrar de ter sido honrado, ter tido fartura e abundância. Sua conclusão é um de meus versículos favoritos: “Tudo posso naquele que me fortalece”.2
A diferença está, então, em apoiar-nos na força de Deus, a Rocha imutável, aquele que sofreu, mas ressuscitou.3
No ministério com mulheres, vejo o sofrimento associado às dificuldades familiares. Os relacionamentos difíceis, os abusos e desvios de comportamento trazem muita dor. Mulheres, de modo geral, querem ver seus familiares felizes. Quando a família não vai bem, ou elas não se sentem amadas e valorizadas, a tendência é a depressão ou a busca por algum tipo de fuga.
A cura para a dor passa pelo reconhecimento de que sozinhas é impossível carregar o fardo, e pelo abandono desse fardo aos pés da cruz. Em outras palavras, precisamos tomar nossa dor e entregá-la a Deus. Não podemos deixar que a dor nos defina, não podemos nos apegar a ela como um símbolo de quem somos.
Uma vez entregue a dor e perdoada a pessoa responsável, surgem uma leveza e esperança muito lindas. Como é maravilhoso testemunhar o que Deus faz na vida de quem vai até Jesus para obter resposta ao sofrimento.4
O contentamento a despeito do sofrimento tem um caminho. Na história de Jó, este resistiu a se entregar, mesmo quando sua própria esposa lhe dizia para desistir. Há também uma busca pela face de Deus e a humilhação diante do Todo-Poderoso, criador do universo e autor da vida. Ver a Deus depois de conhecê-lo só de ouvir5 é possível no sofrimento, e nisso está o propósito da tribulação. Ao aproximarmo-nos do Deus que nos ama, a angústia tem efeito consolador e satisfaz nossa necessidade de intimidade com o Senhor e de confiança nele.
Não só passamos a conhecer melhor a Deus, mas também aprendemos a obedecer-lhe.6 Dessa forma, o sofrimento começa a ter uma razão perceptível, pois Deus está trabalhando em nós, nas circunstâncias de nossa vida. Consola-nos saber que a aflição tem um propósito e não dura para sempre.
Uma das características fascinantes do ser humano é a empatia. “Sofrer com o outro” era constante na vida de Jesus, que se compadecia das multidões e as curava, libertava e pastoreava. Nesse sentido, acredito que uma das melhores maneiras de estar contente em meio às adversidades é perceber o sofrimento alheio7 e procurar aliviá-lo. Ajudar alguém e trazer-lhe alegria é algo que nos contagia e dá sentido à nossa vida.
Notas
1. Filipenses 4.12.
2. Filipenses 4.13.
3. Hebreus 12.2.
4. Mateus 11.28.
5. Jó 42.1-5.
6. Hebreus 5.8.
7. 1 Pedro 5.9.
• Marta Carriker é casada com Timóteo Carriker e tem três filhos e três netos. Foi missionária presbiteriana por 38 anos, dedicando-se especialmente ao preparo de missionários brasileiros e ao ministério entre mulheres.
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