Seções — Arte e Cultura
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Arte e Cultura
COMIDA
Cearemos com ele
Certo dia, ouvi que a culinária é, das artes, a única que mexe com todos os sentidos ao mesmo tempo. Talvez por isso uma refeição possa agregar bem mais significado do que o simples ato de se alimentar. Nossas celebrações sempre começam ou terminam ao redor da mesa. A Bíblia relata banquetes oferecidos para firmar alianças ou apaziguar inimigos. Como negar o poder que uma bela refeição exerce sobre nosso humor? Da escolha do menu até a forma de cocção, a comida é pura arte. Exige técnica por ser uma sinfonia de ingredientes, cujo tempo de preparo e função na receita são diferentes, mas que no fim exibirão uma harmonia perfeita. Trata-se também de estética, pois “comemos com os olhos”. Engana-se quem pensa que apenas grandes chefs são capazes de fazer arte com a comida. Aliás, muitos deles têm viajado, por exemplo, até o interior do Amazonas em busca de temperos e técnicas de preparo comuns ao ribeirinho para enriquecer seus premiados cardápios. De Norte a Sul, a culinária não vê cor, raça, credo ou classe social, seja para quem quer dominá-la ou para quem quer apenas dela usufruir. A culinária é, sem dúvida, a mais democrática das artes e, talvez, por não fazer distinção entre grandes e pequenos, ricos e pobres, seja justamente um banquete o cenário para o grande encontro de Cristo com a Igreja: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19.9).
• Juliana Stelli Azevedo colabora com o blog do Paralelo 10 na seção “Arte e cultura – culinária”, compartilhando textos de seu blog (www.pitadinha.com).
CINEMA
Deus da Carnificina (Carnage, Estados Unidos, 2011)
“Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem” – diz Millôr Fernandes. Talvez seja uma boa definição para “Deus da Carnificina”, uma adaptação da peça da francesa Yasmina Reza, feita pelo diretor polonês Roman Polanski.
Os 80 minutos da comédia dramática estrelada por Kate Winslet e Jodie Foster se passam em um apartamento onde dois casais se embrenham em uma infindável conversa, iniciada quando o filho de um deles agride o filho do outro em uma briga infantil. E, assim, um simples acordo entre pais se torna uma verdadeira carnificina psicológica – as máscaras caem gradativamente e cada vez que um deles chega à porta na tentativa de acabar com a discussão é impedido por algum tipo de provocação e uma irresistível vontade de revidar. Apesar de algumas cenas inusitadas e cômicas, não há trilha sonora nem efeitos especiais – tudo gira em torno da acidez dos diálogos.
O filme é um bom reflexo de nossas próprias relações sociais, que muitas vezes camuflam nosso lado mais sombrio e nos ajudam a criar personagens que, por mais que queiramos, não conseguimos sustentar por muito tempo. E como nossas reações muitas vezes falam mais sobre nós do que nossas ações, somos inesperadamente descobertos e nossos monstros interiores engolem as simpáticas criaturas que a princípio tentamos ser.
A irônica conclusão da trama é que o contexto pode até nos diferenciar, mas na essência somos todos iguais: os casais, que queriam a todo custo vender uma imagem de civilidade; os garotos, reprovados pelo uso da violência; e nós, que, exceto quando dominados por uma força maior que nosso instinto, sempre optaremos pela brutalidade como forma de atingir o próximo.
• Paula Mazzini Mendes é formada em letras e estuda no seminário do Exército de Salvação.
IPSIS LITERIS
Eugene Peterson
“A esperança afeta a vida cristã ao nos tornar esperançosos e vivos. As pessoas que têm esperança nunca sabem o que virá a seguir. Elas esperam que seja bom porque Deus é bom. Mesmo quando os desastres ocorrem, as pessoas que têm esperança procuram saber como Deus irá tornar o mal em bem. Uma pessoa com esperança está viva para Deus. A esperança é poderosa. É estimulante. Ela nos mantém andando na ponta dos pés esperando o inesperado.”
ARTE PARA TODOS
Uma experiência compartilhada de leitura
Desde 1992, integro o Comitê PROLER/ES, um programa de incentivo à leitura vinculado à Fundação Biblioteca Nacional. Atuo insistentemente na promoção da leitura, semeando esse “vírus”, com a esperança de contagiar alguns.
Relato uma experiência do cotidiano da sala de aula, com alunas do curso de pedagogia, em 2008. A experiência visava à leitura do livro “Lisístrata – a greve do sexo”, de Aristófanes, por meio de um planejamento sistemático de mediação.
O trabalho teve início a partir das comemorações do Dia Internacional da Mulher, com a discussão de matérias sobre a data. Depois realizamos uma exposição dialogada sobre as características gerais da obra e do autor. A leitura foi feita em casa, a partir da definição de etapas de leitura e intervalos para intercalar atividades de contextualização. Nesses intervalos, tratamos sobre o papel da mulher na Grécia Antiga; a Guerra de Peloponeso; a comédia grega; e mudanças e perspectivas históricas no papel da mulher.
A primeira atividade formal de interpretação evidenciou as impressões sobre o enredo, os personagens, o momento histórico e o gênero textual. A segunda foi de produção textual sobre o tema. Finalizamos com a leitura e discussão sobre a canção “Mulheres de Atenas”, de Chico Buarque, estabelecendo relações intertextuais com o livro.
As alunas relataram o quanto as atividades ajudaram no entendimento do livro, trazendo experiências pessoais e autoavaliações e identificando a leitura dele como ponto de partida para resgatar o prazer em prosseguir na trajetória como leitoras.
Vivências assim fazem pensar que momentos de leitura compartilhada podem ser oportunidades concretas de crescimento, ampliando leituras do mundo e da palavra. Tanto mais eficazes, quanto mais solidárias forem.
• Silvana Pinheiro Taets é pedagoga e mestre em estudos literários.
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