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Opinião

O Deus Diaspórico e o Emanuel – a presença do Deus-presente na diáspora e entre os refugiados

O Deus que se manifesta nas fronteiras de toda a sua Criação, em meio a fracassos e lágrimas e a vitórias e risos

Por Paulo Teixeira

Insights de um biblista gerados a partir da fala de Zazá Lima na Consulta da Global Diaspora Network (GDN), Águas de Lindóia, SP, Brasil, 3 de outubro de 2025

“Pé na Estrada!” – o Conceito de “Deus Diaspórico”

A expressão Deus Diaspórico descreve o Deus que acompanha o seu povo em deslocamento, o Deus que está presente a caminho e fora da terra prometida, entre os exilados, refugiados e migrantes.

Não é um Deus territorial, mas relacional e peregrino, que se manifesta na estrada, no exílio e nas fronteiras de toda a sua Criação, em dias maus e bons, em meio a fracassos e lágrimas e a vitórias e risos.

No Antigo Testamento, Deus mostra que sua presença não está confinada a um lugar sagrado, mas acompanha o seu povo onde quer que ele esteja:
“Ainda que os seus desterrados estejam na extremidade dos céus, de lá o SENHOR, seu Deus, os ajuntará e os tomará de lá.” (Dt 30.4)

Durante o exílio babilônico, Deus fala, entre outros, por meio do profeta Jeremias, mostrando que a vida e a missão continuam mesmo em terra estrangeira:
“Edifiquem casas e habitem nelas; plantem pomares e comam o seu fruto. Busquem a paz da cidade para onde eu os deportei e orem por ela ao SENHOR, porque na sua paz vocês terão paz.” (Jr 29.5,7)

Esse é o Deus Diaspórico: fiel na dispersão, solidário com os exilados e missionário nas margens da história.

“Toc, toc, toc!” – Emanuel – o “Deus Conosco”, o “Deus-Presente”
O nome Emanuel aparece na promessa messiânica de Isaías e é cumprido no nascimento de Jesus:
“Portanto, o SENHOR mesmo lhes dará um sinal:
Eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho
e lhe chamará Emanuel.” (Is 7.14)

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco.” (Mt 1.23)

Em Jesus Cristo, o Deus-Presente se apresenta e se dá de presente de forma plena — entra na história, compartilha a fragilidade humana e vive como um de nós:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.14)

Jesus, a face visível do Deus Diaspórico, nasce fora de sua cidade (num curral, em Belém), foge como refugiado para o Egito, escapando da perseguição de Herodes, e cresce e ministra na Galileia dos gentios, região de fronteira cultural e étnica.

Vem para os seus e ainda hoje, por escancarar nossos herodianos medos, egoísmos e ambições individuais e coletivos, causa estranhamento e não encontra lugar ou acolhida na errante existência nossa de cada dia, pois,
“Todo menino quer ser homem,
todo homem quer ser rei,
todo rei quer ser Deus.
Só Deus quis ser menino.”
Leonardo Boff



Ecoam neste poema em prosa de Boff vislumbres do Emanuel diaspórico:
“Depois que partiram, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: Levante-se, tome o menino e sua mãe, fuja para o Egito e fique lá até que eu lhe diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
Levantando-se, José tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito, e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta: ‘Do Egito chamei o meu Filho.’” (Mt 2.13–15)

Assim, o Emanuel é o Deus-Presente que se solidariza com os deslocados, o Deus-Refugiado que caminha com os refugiados.

“E agora, Yussef?” – um convite a operar no modo diaspórico
Missão na Diáspora
Na Bíblia, a dispersão dos povos, embora às vezes retratada como resultado do pecado ou da perseguição, torna-se instrumento e oportunidade para a missão.

Desde Abraão, Deus chama seu povo a sair e ser bênção entre as nações:
“Ora, o SENHOR disse a Abrão:
Saia da sua terra, da sua parentela e da casa de seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei.
Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e engrandecerei o seu nome. Seja uma bênção!
Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; em você serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12.1–3)

No Novo Testamento, a perseguição que espalha os cristãos também espalha o Evangelho:
“Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém, e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e da Samaria.
[…] Os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.” (Atos 8.1,4)

A Igreja — discípulo por discípulo e todos juntos — é chamada a entrar e viver em modo diaspórico — presente nas fronteiras, nas rotas de fuga e nas margens, levando o “Deus conosco”, o “Deus-Presente” onde há desamparo e onde Deus parece não estar.

Emanuel como modelo missionário
O modelo missionário de Jesus é encarnacional: ele entra na cultura, nas festas e na dor do outro, e sua missão é presencial, transformadora e compassiva.

Em lugar de exigir que o mundo vá até Deus, o Emanuel vem ao encontro dos perdidos, sendo ele mesmo a mais exata, clara e relevante tradução do Deus em missão:
“Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.” (Jo 20.21)

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu lhes ordenei.
E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos.” (Mt 28.19–20)

Essa é a missão diaspórica: não apenas evangelizar, mas estar com, habitar entre – ao relento, em barracas ou sob um teto – e refletir Cristo nos contextos de deslocamento, na tristeza e na alegria.

O Deus que se faz Emanuel nos envia a ser sinais do “Deus conosco” entre os sem pátria, sem travesseiro e sem nome.

“Ô, leva eu! Eu também quero ir!” – pequenos Cristos a caminho
Na perspectiva bíblica e missiológica, o Deus Diaspórico é o Emanuel missionário, o Deus que sai ao encontro, caminha com os exilados e transforma exílios e dispersões em espaços de revelação e missão.

Assim como Israel experimentou a fidelidade de Deus na Babilônia e a Igreja Primitiva levou o Evangelho através da dispersão, a Igreja hoje é chamada a ser comunidade diaspórica, pequenos Cristos caminhando ao lado dos que carecem de companhia, esperança e ressurreição, manifestando o “Deus conosco” entre os refugiados, os migrantes e os deslocados a que Deus quer bem.

“Pois tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e me deram de beber; fui estrangeiro, e me acolheram.” (Mt 25.35)
  • Paulo Teixeira é secretário de Tradução e Publicações da Sociedade Bíblica do Brasil.
Imagem: Mural de refugiados de Anfal em Akre, na Região do Curdistão ou Iraque. Wikimmedia.
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