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Opinião

Dicas para uma aula de EBD (parte 3): Transforme uma boa ideia em uma boa aula

O professor faz da aula uma amostra grátis da semente de um novo comportamento

Por Délio Porto

Um professor não deve desistir de fazer com que sua próxima aula seja melhor que a anterior. Dar aulas é perseguir uma jornada na qual a medida completa do sucesso nunca é alcançada. Ai daquele que julga tê-la alcançado. Incorremos no autoengano ao nos enxergarmos como parâmetros de boa prática. A medida do sucesso de uma aula não está apenas no senso de gratificação pessoal do professor, mas principalmente na apropriação dos alunos, percebida no modo como articulam o conhecimento, como expressam as relações de suas implicações, bem como no fato de desejarem aprender de forma independente e individual em continuidade ao ensino da sala de aula.  

Esta é a terceira parte das dicas para quem decidiu prosseguir no aperfeiçoamento pessoal e deseja que sua próxima aula seja melhor que a anterior.

Faça bom uso das revistas de EBD
Várias editoras oferecem textos formatados para aulas de EBD seguindo um programa curricular pensado por especialistas. Nelas há um tema proposto e o assunto é apresentado a partir de alguma problematização. A extensão do texto é adequada ao tempo da aula e oferece os conceitos necessários. A abordagem é estruturada em partes, em subdivisões, incluindo uma introdução e uma conclusão. As tais revistas de EBD – ou “revistinha”, como é carinhosamente conhecida – possibilitam um senso de continuidade temática e cumprem um papel importante no auxílio aos professores em muitas igrejas. A revista não visa atender aos sentimentos do professor, mas à necessidade real de oferecer instrução dentro de uma determinada linha de pensamento (ou linha doutrinária). Sua utilização regular também favorece um senso de cumprimento do dever educacional. 

A concretude do texto impresso é o ponto forte delas, quando comparada com uma aula totalmente baseada na oralidade. É um pacote pronto e útil, capaz de gerar boas aulas. Mas nem sempre são de fato estudadas (e grifadas) pelos alunos. O professor praticamente não necessita de pesquisa adicional ao utilizar esse material, porém terá que esforçar muito para não parecer um mero repetidor de conteúdos. A revista de EBD contém roteiros, mas uma aula não pode ser a simples recitação de um texto pronto. A aula é o ensino oferecido num determinado tempo e ambiente por meio da mediação de um professor, sendo que diferentes estilos de aulas – e de qualidade de aprendizagem – podem surgir pela utilização da revista. 

Dê aula a partir de uma ideia viável para você

Quando acontecer de você estar livre para escolher o assunto de uma aula, leve aquilo que é do seu domínio, não algo totalmente novo sobre o qual você não está bem preparado. A ideia viável de uma aula refletirá o seu estágio de conhecimento e de amadurecimento de um assunto. Em certo sentido, a semente que vai gerar uma ideia de aula está entre os conhecimentos que o professor detém e que faltam aos seus alunos. Essa semente brotará e se desenvolverá quando o professor se propor a agir para que aconteçam três coisas importantes do ponto de vista de aprendizado: primeiro, elucidar ideias e conceitos, segundo, facilitar a aquisição de valores, posturas e atitudes e, em terceiro lugar, mentorear uma prática, ou um procedimento. Antes de agir, teste a sua ideia de aula de acordo com uma ou mais dessas três coisas. Levar uma ideia para a aula significa dar-lhe um formato sobre a qual se possa discursar, debater, exemplificar, ou tutorar um processo.  

Pode acontecer, porém, de você receber uma ideia já pronta para dar aula e sentir-se tolhido no convencimento pessoal a respeito do conteúdo. Em tal situação, você terá mais dificuldade para desenvolver a aula. Isso talvez aconteça com o uso da revista de EBD. Mas não é algo insuperável. Diga a si mesmo: “pegue uma boa ideia e devolva-me uma proposta de aula”.

Apresente o conteúdo de forma lógica
A partir de uma ideia fazemos o recorte mais conveniente para o conteúdo de uma aula. Pode-se dizer, de modo simples, que o recado deixado por uma aula (a sua mensagem) precisa ser um conteúdo relevante e esclarecedor, que faça conexão criativa, que dispare o gatilho do entendimento de outras ideias, que sirva como degrau para novas atitudes, algo útil, cativante, encorajador. Não se contente com menos do que um bom conteúdo e use a oportunidade para apresentá-lo com clareza. 

Aulas precisam de estrutura lógica organizacional, não apenas de conteúdo. Apresente ideias bem conectadas, interligadas por uma progressão lógica e cativante. Há professores que oferecem uma aula que mais se parece com uma mostra de ideias desconexas e quase impossíveis de serem interligadas. Outros exageram na mistura de anedotas ou histórias cabulosas, outros se delongam em informações e notícias. Isso revela uma despreocupação com o tempo dedicado ao verdadeiro conteúdo. Portanto, seja sensato e conteudista. E por fim, que seja um conteúdo possível de ser condensado em uma sentença e de ser expandido em partes por meio de tópicos coerentes entre si. 



Apresente o conteúdo de forma estruturada

Agora podemos pensar na apresentação do conteúdo por meio de uma estratégia, cuja materialização chamaremos de estrutura. A estrutura dá suporte aos conteúdos, rege a sua sequência e define o formato da apresentação. O assunto a ser abordado geralmente está em um texto que contém subdivisões, mas a estrutura da aula não precisa refletir a estrutura do texto. Haverá um estilo de aula diferente para cada formato de estrutura: pode ser o formato de assuntos divididos em tópicos, o formato de mapa de ideias, o formato de diagrama de causa e efeito, o formato de atividades para os alunos interagirem entre si, entre outros possíveis. Para saber mais, busque informações sobre metodologias ativas de ensino.

Nos tópicos seguintes apresento sugestões de como estruturar uma aula.

Estrutura para a aula discursada
A aula preparada como exposição oral possui a estrutura mais comum e mais óbvia para os professores leigos, especialmente se houver necessidade de ficarem apegados a um texto fonte. Ela tem uma estratégia diferente da aula preparada para a utilização intensiva do quadro, ou da aula na qual os alunos precisam interagir ativamente. 

A estrutura de uma aula totalmente discursada é parecida com o sumário de um livro, isto é, uma lista organizada de subtemas ordenados pela progressão dos assuntos. Haverá tantos tópicos quantos forem adequados ao tempo de aula e geralmente não se fará uso de técnicas de participação ativa dos alunos. Como não haverá algum tipo de representação gráfica, escrever no quadro será só uma eventualidade. O professor provavelmente escreverá no quadro o título da aula, talvez os tópicos do assunto, umas poucas frases, o nome dos visitantes, uns lembretes e uns rabiscos. 

Estrutura para a aula com tópicos e perguntas
É um caso diferente do anterior e mais eficiente para a aprendizagem da maioria dos alunos. Escolha três aspectos ou três tópicos de um assunto que possa ser alvo de uma aula e monte a estrutura a partir deles. Para cada tópico, escreva uma explanação bem curta (poucas linhas) e inclua duas perguntas de caráter investigativo que levem à descoberta e à reflexão. Não tente esgotar o assunto. Apresente no primeiro tópico a ideia mais importante da aula. Ofereça um roteiro impresso dessa aula para que os alunos possam acompanhar o desenvolvimento do assunto. 

Exponha as ideias e incentive as respostas às perguntas. Coisas simples e importantes para o aprendizado acontecerão ali: os alunos vão participar ativamente ao ler, ouvir, responder, anotar, confrontar suas próprias ideias, assentir e discordar. Esse é um formato eficiente para tornar a aula mais participativa e a maior parte dos alunos manterá a atenção e o interesse. É trabalhoso preparar o roteiro. Tente não se decepcionar se alguns alunos deixarem o material impresso nas cadeiras ao término da aula.

Estrutura de aula em pontos de parada

Faça o conteúdo progredir por meio de uma série de pontos de parada e apresente algo diferente em cada uma das paradas. Utilize esse tipo de estratégia caso se trate de um conteúdo que seja mais bem ensinado por meio de uma abordagem panorâmica, isto é, colocando-se mais ênfase na visão ampla e integradora, e menos ênfase no aprofundamento dos assuntos. É o caso de conteúdos formados por várias ideias cuja ligação entre elas não é tão forte, ou são quase independentes, tais como listas de propriedades, conjunto de recomendações, facetas de um assunto, inventário de sentimentos, aforismos etc.

Em cada parada, algo diferente pode ser explanado: a conexão com um novo conhecimento, a percepção de uma parte do conjunto temático, a relação e a integração de elementos, o despertamento de um sentimento, a internalização de uma verdade, a consciência de alguma cilada conceitual etc. Dê nomes aos pontos de parada usando palavras-chave ou expressões. Para o desenvolvimento dentro do tempo de uma aula seriam suficientes 5 a 7 pontos. Exemplos de possibilidades de usar esse tipo de estrutura: o ensino de trechos do Sermão do Monte, as listas de recomendações práticas do final de epístolas do Novo Testamento, trechos do livro de Provérbios e oráculos dos livros dos profetas menores. 

No próximo artigo continuaremos com as dicas. Espero que elas contribuam para uma EBD mais interessante.

Se os alunos tiverem uma experiência bem-sucedida de aprendizagem, retornarão para casa convictos de que conseguem reproduzir sozinhos o processo de aquisição de conhecimentos e se tornarão independentes. Veja a importância de um guia nesse processo. O papel do professor é importante, pois ele é o guia neste processo de aprendizagem e de fazer da aula a amostra grátis da semente de um novo comportamento. 

NA PRÓXIMA SEMANA: Dicas para uma aula de EBD (parte 4): Descubra a melhor estratégia para cada conteúdo

LEIA TAMBÉM:
  • Délio Porto é engenheiro e professor universitário aposentado, presbiteriano, reside em Viçosa, MG.

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Saiba mais:
» O Cultivo da Vida Cristã – Meditações a Partir de 1 João, Robert Liang Koo
» O Caminho do Coração – Meditações diárias, Ricardo Barbosa
» O que se aprende na igreja?, por Cláudio Marra

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