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Opinião

Desafios atuais da missão entre povos nativos do Brasil

O maior obstáculo é comunicar o evangelho a uma visão de mundo holística e comunitária

Por Edward Luz

Congresso Brasileiro de Missões 2025


“Tio edu, sou eu xxx, como senhor esta? Eu to aqui na aldeia xxx. Foi instalado a Net. Eu tô precisando de alguém para me ajudar. Desde que eu cheguei aqui. Mudou muita coisa. Hoje em dia as adolescentes usa drogas vezes enquanto levando escudidos p/as aldeia muito triste sobre isso.”

– Mensagem de uma indígena, enviada por aplicativo de celular, vinda da reserva indígena mais isolada do Brasil, no dia 9/7/2021.

Drones sobrevoam aldeias e a “internet por satélite” – disponibilizada pelo governo, no justo direito de ter uma comunicação rápida em caso de urgência, e ONGs indigenistas – permite conexão com wi-fi acessível aos celulares que abundam nas mãos dos jovens indígenas. YouTube, Instagram e outros aplicativos são recheados de vídeos, chats e informações produzidos por jovens indígenas, dos lugares mais remotos. Esse acesso à tecnologia é um direito constitucional e um processo natural e irreversível. É um grito de liberdade em pleno século 21. A aldeia remota tem o “mundo” às suas portas.

No entanto, o acesso dessas pessoas à Palavra de Deus tem sido negado por agentes governamentais e não governamentais em muitas terras indígenas, violando a sua liberdade de consciência e de crença, prescrita no inciso VI do art. 5º da Constituição Federal de 1988. E, dessa forma, negando-lhes a liberdade de opção religiosa, contrariando o que prescreve o segundo inciso deste mesmo artigo: “II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”; isso porque, ao contrário do que muitos argumentam, não há lei que respalde essa postura, pois segundo o art. 16 da declaração das nações unidas sobre os direitos dos povos indígenas: “1. Os povos indígenas têm o direito de estabelecer seus próprios meios de informação, em seus próprios idiomas, e de ter acesso a todos os demais meios de informação não indígenas, sem qualquer discriminação”.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Essas palavras, ditas pelo Senhor Jesus Cristo, revelam o âmago da mensagem do evangelho. Não há salvação, vida eterna, sem que o indivíduo, de qualquer etnia, conheça o único Deus verdadeiro e a obra redentora de Cristo Jesus. Ao conhecer a esse único Deus e a Cristo Jesus – e crendo –, o indivíduo nasce de novo, para uma vida sem fim, a vida eterna. E a única forma de alguém conhecer a esse Deus e a obra de Cristo é por meio da pregação do evangelho. Por isso o personagem central do evangelho, Cristo Jesus, ordenou aos seus discípulos, de todas as épocas: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Evangelizar é o maior ato de amor à vida humana e é inerente a cada cristão. Não é invenção das agências missionárias, é um mandamento de Cristo. Se alguém é contra a obra missionária, que fale com Cristo, para não ser encontrado guerreando contra ele. Evangelizar é preciso. Porém, fazer com que essa mensagem seja compreendida e conhecida na língua materna de grupos indígenas continua sendo um desafio atual. Para executar essa obra divina, os missionários têm recebido treinamento e consultoria que os capacitam para esse trabalho. Porém há outros desafios:



A cosmovisão indígena: O maior obstáculo é comunicar o evangelho a uma visão de mundo holística e comunitária, na qual não há separação entre o sagrado e o secular. A mensagem precisa fazer sentido para uma cultura com percepção de tempo cíclica e uma realidade explicada por mitos e habitada por espíritos. A mensagem não pode ser apresentada de forma tópica, fracionada, mas, sim, como uma história completa sendo revelada, em que o povo é parte dela. Por esse motivo, os missionários dedicam-se ao estudo da cultura e da língua para a apresentação do evangelho dentro da cosmogonia da etnia alvo. O evangelho não é uma mensagem estrangeira: é transcultural, próprio para cada cultura.

O impacto da globalização: O crescente contato com o mundo exterior gera um cenário complexo. Por um lado, pode criar abertura ao novo; por outro, leva ao sincretismo religioso e a crises de identidade, especialmente entre os jovens. Os grupos indígenas não estão mais isolados como se propaga. É uma falácia perniciosa, perigosa para grupos indefesos, pois todos eles estão cercados por grupos indígenas, ribeirinhos e pequenos sitiantes. Horrorizados, vemos o relato de que as facções dominam o Norte amazônico, criando corredores, no meio da selva, para o transporte de drogas e os indígenas são os “mulas” nesse processo. Em um passado recente, na Colômbia, é notório o que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) faziam: recrutavam indígenas, inclusive os isolados, que serviam como seus soldados.

O perfil do missionário: O desafio começa no próprio missionário. É essencial uma postura de humildade para aprender a cultura antes de ensinar, a habilidade de contextualizar a mensagem bíblica de forma relevante sem distorcê-la e a prática de um ministério “encarnacional”, no qual a convivência e o serviço validam a mensagem verbal. Essas características vêm por um treinamento objetivo, intencional, capacitando-o teologicamente, aprimorando o seu caráter e aprofundando nas múltiplas áreas do ministério, mas, principalmente, moldando a vida do obreiro para ser o mais parecido com Cristo.

Em suma, a meta é permitir que o evangelho crie raízes na cultura local, resultando em uma igreja autóctone, que seja fiel às Escrituras e culturalmente autêntica.

Consciente das dificuldades atuais, mas na dependência total do Deus único e verdadeiro, a Igreja suplantará cada uma delas e cumprirá a vontade exclusiva de Cristo, dando a todos os povos a oportunidade de ouvir as boas novas para que tenham a vida eterna.

  • Edward Luz


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Ultimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.

Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá, no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.

É disso que trata a
edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Evangelização ou Colonização? – O risco de fazer missão sem se importar com o outro, Analzira Nascimento
» O Evangelho – Uma mensagem que transforma a vida, John Stott e Tim Chester
» Sala de oração: um lugar que nos transforma, por Dora Bomilcar
» Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025, por Mônica Freitas

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