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Opinião

O debate sobre religião e ciência -- uma introdução*

Há uma forma distorcida de história intelectual que retrata a publicação de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em 1859, como a separação final entre os caminhos da ciência e da religião e o fim de qualquer debate verdadeiro entre elas. É fato histórico que nem todos os cientistas aceitaram as ideias de Darwin imediatamente e nem todos os teólogos as rejeitaram. Todos tiveram de se esforçar para aceitar o quanto o passado foi diferente do presente, e a necessidade, assim, de compreender esse presente à luz de suas origens passadas. Dois pensadores cristãos, Charles Kingsley e Frederick Temple, cedo cunharam uma frase que habilmente sintetiza como pessoas religiosas deveriam pensar sobre um mundo em evolução. Eles diziam que, sem dúvida, Deus poderia ter trazido à existência um mundo já pronto. Porém, descobrimos que o Criador fez algo mais inteligente do que isto, criando um mundo tão fértil que as criaturas que nele habitam tiveram a capacidade de “fazerem a si mesmas”, na medida em que o processo exploratório da evolução trazia este potencial à realidade.

Uma ideia teológica muito importante está associada a este “insight”. Ela diz respeito ao modo como Deus pode ser compreendido em sua relação com a criação. A teologia cristã crê que o caráter fundamental de Deus é o amor. Não se pode supor, portanto, que tal deidade aja como um tirano cósmico, manipulando as cordas numa criação que nada mais é do que um divino teatro de marionetes. O dom do amor concede sempre algum grau de independência a quem se ama. Uma das ideias mais iluminadoras da teologia do século 20 foi o reconhecimento de que o ato da criação foi um ato de autolimitação divina -- um ato de “kenosis”, como os teólogos dizem -- por parte do Criador, permitindo às criaturas ser e constituir a si mesmas. Isso implica que, embora sob a permissão divina, nem tudo o que acontece está de acordo com a vontade positiva de Deus.

Uma compreensão “kenótica” do relacionamento de Deus com o mundo auxilia a teologia em sua luta com as perplexidades do mal e do sofrimento, que certamente são seu problema mais desafiador. Um mundo no qual as criaturas fazem a si mesmas é algo muito bom, mas tem o seu preço. A exploração exaustiva de todas as possibilidades (que é o que o “acaso” significa no contexto evolucionário) inevitavelmente terá bordas irregulares e levará a becos sem saída. O mecanismo que dirigiu a história da vida na Terra foi a mutação genética. Ora, se células de germes poderão sofrer mutações e produzir novas formas de vida, células somáticas poderão também sofrer mutações, mas se tornar malignas. A angustiante existência do câncer não é algo sem motivo, ou alguma coisa que um criador mais competente ou menos insensível poderia ter eliminado facilmente. É o lado sombrio e inevitável da produtividade da evolução. Longe de ser destrutivo para um debate útil entre a ciência e a religião, o ponto de vista evolucionista tem exercido uma influência muito positiva sobre o pensamento teológico.

Finalmente, há ainda outra questão levantada pela ciência que deve ser considerada por teólogos que falam sobre o mundo como Criação. O prognóstico final da cosmologia para o futuro do universo é desanimador. As escalas de tempo são imensamente longas, mas eventualmente tudo acabará em uma futilidade cósmica, seja por meio de um colapso ou, mais provavelmente, por meio da interminável decadência de um universo em expansão e resfriamento eternos. A vida baseada em carbono deverá, por fim, desaparecer do cosmo. A teologia sempre se esforçou para manter uma visão realista da morte, tanto de indivíduos como do universo. Ela não se apoia em um otimismo evolucionário ilusório, mas baseia sua esperança de um destino além da morte unicamente na fidelidade do Criador do mundo. Um desdobramento recente no debate entre ciência e religião é o crescente interesse na exploração da coerência dessa esperança. O resultado tem sido significativos desenvolvimentos no pensamento escatológico, mas não temos espaço para dar os detalhes aqui.2

Ação Divina
Pessoas religiosas oram a Deus, pedindo auxílio particular. Teólogos falam sobre a ação providencial de Deus na história. Mas a ciência fala sobre a regularidade dos processos causais no mundo. Poderia isto significar que os crentes estão enganados e Deus está restringido ao papel de manter o mundo existindo, mas contemplando-o como mero expectador? Todas as fés Abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islã) falam de Deus agindo no mundo, causando consequências específicas em circunstâncias específicas.
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