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Opinião

Estrelas do futebol não podem mais agradecer a Jesus por vitórias na Copa do Mundo da Rússia. E nós com isso?

*Publicado originalmente por Christianity Today. Reproduzido com permissão.

Por Marcos Simas e Carlos Fernandes

No Brasil, conhecido no mundo todo como o país do futebol, a relação entre a religião e a bola de futebol é antiga. Atletas brasileiros há muito tempo jogam com crucifixos, medalhas de santos ou fitas de pulso homenageando as divindades do candomblé. A própria cor da segunda camisa da seleção (azul) é em homenagem ao manto da N. S. Aparecida. Mas nos últimos anos, expressões evangélicas de fé em Cristo dominaram a cena esportiva da nação sul-americana.

Talvez não seja surpreendente em um país onde quase 25% da população é protestante, a equipe nacional de futebol orar antes e depois dos jogos e celebrar as vitórias exibindo camisetas com mensagens cristãs. Pelo menos seis atletas da atual seleção que estão jogando a Copa do Mundo da Rússia se declararam evangélicos: Fernandinho, Thiago Silva, Alisson, Douglas Costa, Willian e o astro do time, Neymar. Mas, ao contrário de torneios internacionais anteriores, a equipe foi proibida de celebrar qualquer um dos seus sucessos em campo através da expressão religiosa.

Pouco antes da Copa do Mundo de 2018, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) proibiu a equipe sobre esse tipo de comemoração, alegando que a prática poderia desviar o foco da competição e constranger os atletas que praticam outras crenças, ou mesmo os ateus e agnósticos. A medida, anunciada em junho, está alinhada com as diretrizes da própria FIFA, que controla o mundo do futebol e que, desde a Copa do Mundo de 2006, vem restringindo as manifestações religiosas no campo.

Celebrações religiosas cristãs fazem parte do futebol brasileiro há muito tempo. Depois de conquistar a Copa do Mundo de 1994, Cláudio Taffarel e Jorginho atribuíram parte de sua vitória à ação divina. Uma imagem de Taffarel em êxtase, ajoelhado no campo em frente a Roberto Baggio, um jogador italiano que perdeu o pênalti que deu o campeonato para o Brasil, foi usada como uma demonstração da superioridade da fé evangélica sobre o budismo, a religião professada pelo atacante italiano. A foto também se tornou a capa do livro “Quem Venceu o Tetra?”, de autoria de Alex Dias Ribeiro e publicado pela Mundo Cristão.

Nem todos apreciaram as implicações do livro, no entanto. O veterano jogador e treinador Mário Jorge Lobo Zagallo criticou a obra por sugerir que o sucesso esportivo da seleção teria sido relacionado à fé, alegando que esse argumento reduziu o valor da dedicação e do esforço dos atletas.

100% Jesus?

Enquanto os jogadores evangélicos celebram abertamente sua fé no campo de futebol e em suas contas nas redes sociais, muitas igrejas neopentecostais brasileiras começaram a usar abertamente a presença de atletas famosos em suas fileiras para alavancar sua própria imagem. Quando o craque Kaká era membro da Renascer, sua imagem aparecia em seus anúncios. Sara Nossa Terra, que tem igrejas em bairros da moda nas grandes cidades do Brasil e que prega uma mensagem afeita à prosperidade, atrai atletas famosos para suas celebrações. Até o boêmio Romário, notório por sua vida amorosa, participou de alguns cultos com sua ex-esposa.

O crescimento exorbitante do protestantismo no Brasil também trouxe um certo relaxamento cultural dos valores tradicionais do cristianismo. Em nenhum outro atleta atual da seleção isso é mais claro do que com o Neymar. Quando finalmente o Brasil conquistou o ouro nas Olimpíadas do Rio em 2016, ele subiu ao pódio para receber sua medalha de ouro com uma faixa dizendo "100% Jesus". No entanto, essa exibição ostensiva de devoção causou controvérsia, principalmente por causa de seu comportamento pessoal exposto publicamente nas mídias sociais, inclusive sua vida amorosa.

Consequentemente, os torcedores cristãos muitas vezes temem que as ações de alguns dos jogadores atrapalhem sua tentativa de testemunhar sobre Jesus. “Comportamento imoral ou antiético fora das quatro linhas traz grandes prejuízos, visto que as pessoas condenam essas atitudes vindas da parte de quem diz ser temente a Deus”, disse Luís Paulo Rocha de Mattos, que é pastor de uma igreja evangélica no Rio de Janeiro. “Fama e fortuna são sempre perigosas para o cristão. Eu preferiria ver menos jogadores apresentando-se como evangélicos e mais pessoas realmente comprometidas com os padrões bíblicos.”

Algumas das estrelas de futebol que professam a fé cristã estão cientes de que o público vê essa desconexão. “O atleta cristão tem a grande responsabilidade de sempre dar um bom testemunho”, disse Kaká, meio-campista que jogou no time campeão da Copa do Mundo de 2002. “Sempre que posso, tento demonstrar o que Deus fez na minha vida e agir de acordo com os valores bíblicos.” Cientes de que manter a fé diante de tanta exposição midiática é um desafio para os jogadores, organizações como Atletas de Cristo apoiam equipes por meio de estudos bíblicos e capelães.

Fora do campo

Se esta nova decisão da CBF terá ou não impacto na religiosidade dentro do futebol brasileiro, ainda não se sabe. O mais evidente é que o domínio do catolicismo na cultura do país está se dissolvendo aos poucos: “Antes, quando o catolicismo era praticamente absoluto no Brasil, a visibilidade dos evangélicos era quase imperceptível”, disse o cientista social Roberto Afranio Nunes. “Desde os anos 1980, e especialmente desde a última década, estar ligado à igreja evangélica, algo que até então havia sido discriminado, deu certo status social.”

À medida que a comunidade evangélica do futebol cresce, também crescem as oportunidades para aqueles que caminham há anos com a fé para compartilharem suas histórias. A vitória de Taffarel na Copa do Mundo dos Estados Unidos o consagrou na memória do futebol brasileiro para sempre. Quase 25 anos depois, sua história e credibilidade lhe renderam uma posição como atual treinador de goleiros de seu país, e também uma oportunidade para compartilhar sobre seu genuíno relacionamento com Deus que persistiu além das glórias de uma vitória na Copa do Mundo. “Desde que convidei Jesus Cristo a viver em meu coração, comecei a contar com a força, o amor e o poder de Deus nos momentos mais importantes da minha vida”, disse ele. "Nem tudo é um mar de rosas na vida de um seguidor de Cristo, e na minha vida não é diferente. Mas nos tempos difíceis, no tempo de traição entre treinadores e diretores, no tempo de perder o jogo e sofrer o escárnio dos fãs, no tempo em que perdi meu pai ou vi minha esposa entre a vida e a morte, e na hora de pegar a penalidade decisiva [contra a Itália], notei a importância de não estar sozinho. Deus nunca me deixou sozinho”.

Fonte: Christianity Today

Carlos Fernandes é jornalista, editor, redator e membro da Igreja Missionária Evangélica Maranata, no Rio de Janeiro, RJ.

Marcos Simas é casado com Alzeli e pai de Pedro e Clara. É editor e publicou mais de quatrocentas obras em mais de 25 anos.

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