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23 de junho de 2025
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A igreja é antídoto contra a epidemia das Bets
Diálogos de Esperança realiza live para falar sobre o papel único da igreja contra a ideologia por trás das apostas
Por Lissânder Dias
O crescimento gigantesco das casas de apostas online (chamadas de “Bets”) foi o tema central da live do Diálogos de Esperança realizada no último dia 17 de junho, com o título “As Bets! Elas entraram na igreja?”. Segundo a pesquisa Datahub, nos últimos 4 anos, o segmento cresceu mais de sete vezes.
Claudia Moreira e Valdir Steuernagel conversaram com a jornalista e teóloga Erica Neves e o economista, cientista social e teólogo Eduardo Nunes sobre os fatores por trás deste fenômeno e qual o papel da igreja evangélica diante do cenário.
Confira a seguir algumas considerações feitas:
Tempestade perfeita
O surgimento das Bets é a “tempestade perfeita” que une uma indústria multibilionária, as redes sociais e os smartphones.
Eduardo: Nós vemos um mundo que transforma tudo em produto; e todo produto tem que ser vendido da maneira mais potencial possível. Os jogos passaram a ser mecanismos de interação que se conectam com uma sociedade desesperada em busca de paliativos para não ter que lidar com o sentimento de insegurança.
Erica: Como pesquisadora da comunicação, eu vejo que precisamos estudar o que está por trás da lógica dos algoritmos. Eles são responsáveis por muito do caos que a gente vive hoje enquanto sociedade, e as apostas online fazem parte disso. Como cristã, eu acho que, do ponto de vista espiritual e pastoral, temos um cenário propício para uma conversa sobre as virtudes.
Proibido para crianças!
Eduardo: Crianças e adolescentes não devem apostar. Há muitas pesquisas mostrando que não há níveis seguros de jogo de azar para crianças e adolescentes. O jogo de azar mexe com áreas do cérebro que, nas crianças, ainda não estão maduras. Você tem, como em outras drogas, um risco maior de adição, ou seja, de vício para crianças e adolescentes expostas. Uma pesquisa feita na Austrália diz que três em cada cinco adolescentes que jogam online começaram a jogar por modelos de pessoas mais velhas, pais, irmãos mais velhos, tios. Acho que a primeira coisa que a gente precisa lembrar é: por mais poderosa que seja essa indústria, o exemplo e as ações humanas ainda pesam muito nas escolhas e decisões de crianças e adolescentes.

A igreja como antídoto
Erica: As Bets pregam a conquista do capital financeiro, mas a igreja – juntamente com a família – oferece um capital moral, que contribui para uma existência voltada para o bem comum, e não só para os meus desejos individuais. Então, a igreja são muitas camadas: tem a proteção social direta, realizada por casas de recuperação de dependentes, mas também há a formação desse capital moral dos vínculos, das virtudes e o engajamento numa comunidade que nos protege de muitas outras formas.
Eduardo: Essa prática das apostas – mesmo quando não viciante – se alimenta de dois fatores: ou da solidão ou de relações interpessoais disfuncionais. A igreja é um espaço (ou precisa ser) de acolhimento, de relações interpessoais funcionais, de cuidado mútuo. Eu acho que quanto mais a igreja exercer isso (e nós, como cristãos, exercermos isso), mais ela será um contraponto a esses fenômenos. Além do papel institucional, a igreja é uma comunidade de acolhimento, escuta e diálogo. Eu acho que essas coisas são antídotos poderosos à epidemia das Bets e a essa cultura de competição, de vencedores e derrotados”.
O que as igrejas precisam ensinar?
Erica: Eu me lembro, quando eu era estudante na Aliança Bíblica Universitária, como foi revolucionário para mim começar a estudar sobre mordomia financeira. Precisamos falar na igreja sobre ganância, sobre o dinheiro e sobre a boa mordomia. Também devemos abrir espaços para a escuta e para acolhimento, oferecer oportunidades para que as pessoas confessem os seus pecados, as suas dificuldades, as suas lutas.
Eduardo: Antes de apontar como pecado, a igreja precisa falar sobre isso, esclarecer os riscos e dar conselhos práticos. E falar sobre o que está por trás deste desejo de apostar. Por que achamos que precisamos disso? Que tipos de desejos do mundo estão em jogo? O suco do Evangelho é o grande antídoto para este tipo de ideologia de ‘se dar bem’ a custa dos outros. Dificilmente as Bets terão poder num lugar onde ‘amar ao próximo como a si mesmo’ é o alvo; onde cuidar do próximo (especialmente o mais vulnerável) gera mais alívio e alegria do que as casas de aposta. Esse é o caminho – e um caminho poderoso, porque nenhum algoritmo pode contra ele”.
Como assistir a esta live?
- No canal da Ultimato Youtube.
- No canal da Ultimato no Spotify
Próxima live
A próxima live do Diálogos de Esperança está marcada para o dia 08 de julho (terça-feira), às 19h, no canal da Ultimato no Youtube. Vamos falar sobre os novos cenários da igreja evangélica brasileira, considerando os dados mais recentes do IBGE.
**
O que é Diálogos de Esperança
São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.
Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.
Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e Vida&Caminho.
REVISTA ULTIMATO – ADOLESCÊNCIA – ONLINE E OFFLINE
Muito já se falou da adolescência como uma fase crítica da vida, em que as dificuldades próprias da idade inspiram cuidados especiais – o que é ainda mais importante hoje.
Os adolescentes desta geração são o grupo mais impactado pelo ritmo acelerado das mudanças. A matéria dessa edição oferece subsídio para melhor conhecer e atuar com esse grupo. Nos depoimentos dos 12 adolescentes que participam eles pedem: “Acreditem em nós!”. Para assinar Ultimato clique aqui.
Saiba mais:
» Desafios da Liderança Cristã, John Stott
» O Evangelho em uma Sociedade Pluralista, Lesslie Newbigin
» O fenômeno das Bets - A atração das apostas: os impactos sociais e o papel da Igreja, por Maria Marta Dias H. Lisboa e Ageu H. Lisboa
» A explosão das bets e a implosão do cuidado, por Eduardo Nunes
Por Lissânder Dias

Claudia Moreira e Valdir Steuernagel conversaram com a jornalista e teóloga Erica Neves e o economista, cientista social e teólogo Eduardo Nunes sobre os fatores por trás deste fenômeno e qual o papel da igreja evangélica diante do cenário.
Confira a seguir algumas considerações feitas:
Tempestade perfeita
O surgimento das Bets é a “tempestade perfeita” que une uma indústria multibilionária, as redes sociais e os smartphones.
Eduardo: Nós vemos um mundo que transforma tudo em produto; e todo produto tem que ser vendido da maneira mais potencial possível. Os jogos passaram a ser mecanismos de interação que se conectam com uma sociedade desesperada em busca de paliativos para não ter que lidar com o sentimento de insegurança.
Erica: Como pesquisadora da comunicação, eu vejo que precisamos estudar o que está por trás da lógica dos algoritmos. Eles são responsáveis por muito do caos que a gente vive hoje enquanto sociedade, e as apostas online fazem parte disso. Como cristã, eu acho que, do ponto de vista espiritual e pastoral, temos um cenário propício para uma conversa sobre as virtudes.
Proibido para crianças!
Eduardo: Crianças e adolescentes não devem apostar. Há muitas pesquisas mostrando que não há níveis seguros de jogo de azar para crianças e adolescentes. O jogo de azar mexe com áreas do cérebro que, nas crianças, ainda não estão maduras. Você tem, como em outras drogas, um risco maior de adição, ou seja, de vício para crianças e adolescentes expostas. Uma pesquisa feita na Austrália diz que três em cada cinco adolescentes que jogam online começaram a jogar por modelos de pessoas mais velhas, pais, irmãos mais velhos, tios. Acho que a primeira coisa que a gente precisa lembrar é: por mais poderosa que seja essa indústria, o exemplo e as ações humanas ainda pesam muito nas escolhas e decisões de crianças e adolescentes.

A igreja como antídoto
Erica: As Bets pregam a conquista do capital financeiro, mas a igreja – juntamente com a família – oferece um capital moral, que contribui para uma existência voltada para o bem comum, e não só para os meus desejos individuais. Então, a igreja são muitas camadas: tem a proteção social direta, realizada por casas de recuperação de dependentes, mas também há a formação desse capital moral dos vínculos, das virtudes e o engajamento numa comunidade que nos protege de muitas outras formas.
Eduardo: Essa prática das apostas – mesmo quando não viciante – se alimenta de dois fatores: ou da solidão ou de relações interpessoais disfuncionais. A igreja é um espaço (ou precisa ser) de acolhimento, de relações interpessoais funcionais, de cuidado mútuo. Eu acho que quanto mais a igreja exercer isso (e nós, como cristãos, exercermos isso), mais ela será um contraponto a esses fenômenos. Além do papel institucional, a igreja é uma comunidade de acolhimento, escuta e diálogo. Eu acho que essas coisas são antídotos poderosos à epidemia das Bets e a essa cultura de competição, de vencedores e derrotados”.
O que as igrejas precisam ensinar?
Erica: Eu me lembro, quando eu era estudante na Aliança Bíblica Universitária, como foi revolucionário para mim começar a estudar sobre mordomia financeira. Precisamos falar na igreja sobre ganância, sobre o dinheiro e sobre a boa mordomia. Também devemos abrir espaços para a escuta e para acolhimento, oferecer oportunidades para que as pessoas confessem os seus pecados, as suas dificuldades, as suas lutas.
Eduardo: Antes de apontar como pecado, a igreja precisa falar sobre isso, esclarecer os riscos e dar conselhos práticos. E falar sobre o que está por trás deste desejo de apostar. Por que achamos que precisamos disso? Que tipos de desejos do mundo estão em jogo? O suco do Evangelho é o grande antídoto para este tipo de ideologia de ‘se dar bem’ a custa dos outros. Dificilmente as Bets terão poder num lugar onde ‘amar ao próximo como a si mesmo’ é o alvo; onde cuidar do próximo (especialmente o mais vulnerável) gera mais alívio e alegria do que as casas de aposta. Esse é o caminho – e um caminho poderoso, porque nenhum algoritmo pode contra ele”.
Como assistir a esta live?
- No canal da Ultimato Youtube.
- No canal da Ultimato no Spotify
Próxima live
A próxima live do Diálogos de Esperança está marcada para o dia 08 de julho (terça-feira), às 19h, no canal da Ultimato no Youtube. Vamos falar sobre os novos cenários da igreja evangélica brasileira, considerando os dados mais recentes do IBGE.
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O que é Diálogos de Esperança
São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.
Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.
Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e Vida&Caminho.

Muito já se falou da adolescência como uma fase crítica da vida, em que as dificuldades próprias da idade inspiram cuidados especiais – o que é ainda mais importante hoje.
Os adolescentes desta geração são o grupo mais impactado pelo ritmo acelerado das mudanças. A matéria dessa edição oferece subsídio para melhor conhecer e atuar com esse grupo. Nos depoimentos dos 12 adolescentes que participam eles pedem: “Acreditem em nós!”. Para assinar Ultimato clique aqui.
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» O Evangelho em uma Sociedade Pluralista, Lesslie Newbigin
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» A explosão das bets e a implosão do cuidado, por Eduardo Nunes
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 132 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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