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Palavra do leitor

Miséria

Pés descalços, feridos, unhas enormes, sob e sobre as quais há grande quantidade de excrementos, bactérias, um sem número de micróbios, até bicho de pé, aquele que dá coceirinha no canto do dedão.

São pessoas loiras, pardas, negras, amarelas; o lodo, o lamaçal, o esgoto a céu aberto, a miséria não fazem acepção de pessoas, de raças, de credo, enfim acolhem a todos.

O mexer no lixo alheio, o escolher restos dos ricos para seu alimento e para dar sustento aos seus muitos filhos, é outra característica da linha da pobreza chamada de miserável, o que vive com menos de R$ 70 mensais.

De R$ 70 a R$ 140, pelos índices, pelas estatísticas, já são designados pobres; não mais miseráveis.

“Nenhum cadastrado, pelo Governo, em março, estará em situação de miséria; saiu da emergência de não ter o que comer, mas está muito distante dos confortos que o século 21 pode proporcionar”... “O Brasil caminha para frente, mas a passo tão lento que fica difícil distinguir se, nele, constrói o futuro ou eterniza o passado” (FSP. 09.02.2013 – A2 – Passado ou Futuro? – André Singer, Porta voz da Presidência da República no primeiro governo do ex-Presidente (2003/07).

Concederam-lhes, então, aos considerados miseráveis, uma bolsa de exatos R$ 2,00!

Vitória, entusiasmo, bravata, ufanismo, “o valor é suficiente para fazer com que essas pessoas fiquem de fora do limiar oficial da pobreza extrema e passem a integrar o exército de 16.4 milhões de ex-miseráveis, ainda que sua situação não seja objetivamente muito melhor do que a dos que ganham R$ 69.” (FSP. 08.02.2013 – A pobreza da média – Hélio Schwartsman).

O beneficiário da nova bolsa pode usar os míseros R$ 2,00 para ter alguns grãos a mais de arroz em casa, ou feijão, mas pode, também, torrá-los se e como quiser.

Alguns cigarros para contaminar os pulmões, talvez um gole maior de “birita” [cachaça], uma trouxinha, ou pedrinha extra de droga [maconha, cocaína, crack] para fumar ou aspirar; ou uma aposta na loteca, único sonho que alimenta a esperança de sair dessa miserável vida.

Os pés descalços, as feridas abertas, as horríveis unhas grandes, talvez garras, não mais unhas, carregadas dos mesmos excrementos, bactérias, micróbios, bicho de pé, a mesma coceirinha, apesar das duas “pilas” [dois reais] acrescentadas ao cardápio dos miseráveis.

Esgoto a céu aberto, onde brinca a criançada, prole dos miseráveis, continua lá; nada mudou, nada melhorou, em termos de qualidade de vida, talvez tenha até piorado, face aos cigarros a mais, ou a pinga que deixou o miserável na sarjeta, com o rosto, a boca em contato direto com a lama, o barro, o lodo, as coisas putrefatas, que aspirou pelas narinas, também em contato direto com aquele horrendo ninho de impurezas.

Isso, por certo, rouba-lhe um pouco mais da saúde já debilitada, definhada, agonizante.

Mas as estatísticas, os índices econômicos apontam para uma mudança de faixa social: em torno de 16 milhões de pessoas terão deixado, em março próximo, o tênue limite da miséria, agora serão pobres!

O nº 16.0 milhões foi o apontado pelo IBGE, no censo de 2010; o Governo, nestes dois anos diz ter tirado 19.5 milhões da miséria! Não bate!

Vive-se de ilusões, de índices, mesmo aqueles que foram driblados por algum ato dissimulatório como reduzir a tarifa de energia elétrica, pois, sem esse desconto, o índice da inflação explodiria, ficaria acima do planejado (FSP 09.02.2013 A3 - Inflação).

As estatísticas, últimos 10 anos, da reforma agrária vêm crescendo, menos agora, últimos dois anos, alimentando ilusões de que tudo vai bem.

Os assentamentos dos sem terra, dos sem tudo se transformaram em verdadeiras favelas rurais, justificou assim o Ministro Gilberto Carvalho a questão da queda atual de famílias assentadas; há que se “desenhar outro modelo, disse ele, pois o atual, [reiteramos], está favelizando os assentamentos” (FSP. 09.02.2013 – A4 – “Política Agrária Federal criou Favelas Rurais, diz o Ministro”).

Em passado não longínquo, para reduzir o índice de repetência escolar, criou-se a “progressão continuada”, que é o passar de ano sem ter alcançado os conhecimentos necessários.

Hoje, outro exemplo, chega-se à conclusão que não se deve continuar a criar vagas na área médica, possivelmente porque a maioria dos graduados não acertou mais de 60% dos quesitos das provas pelas quais passaram; não criamos números, está tudo na mídia da semana última!

Ainda falando de índices, em dezembro, deixou-se de pagar, ao FGTS, R$ 7.2 bilhões para que as contas fechassem sem apresentar distorções nos índices em relação ao projetado.

Por fim, não é porque o Senhor Jesus disse: “Os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes” (Mt. 26. 11) que vamos deixá-los à mercê das estatísticas.

Compete a nós, como Igreja do Senhor Jesus, levá-los a Cristo e, ainda, [antes ou simultaneamente] socorrê-los para que alcancem trabalho digno, cultura e autonomia financeira para não dependerem mais da pirotecnia dos índices.
São Paulo - SP
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