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Opinião

ABORTO – Existe algum ponto, uma curva ou fronteira que marque a transformação do não humano para o humano?

 Quando aparece o humano? Existe algum ponto misterioso ou uma curva ascendente e fronteira não artificial que marque a transformação do não humano para o humano? Ou o humano procede do humano desde sempre, no ventre de uma mulher? Enfatizo, antes de tudo, a sacralidade da vida em todas as fases, desde a sua concepção e todo o percurso evolutivo, chegando ao nascimento e o após.

O que o ultrassom mostra do continuo de desenvolvimento do embrião até sua saída do útero? Entre tantas maravilhas, o coração batendo já na sexta semana. E as vias respiratórias e digestivas começando a se desenvolverem. Com oito semanas (dois meses) o embrião mede 3 centímetros. Os dois hemisférios do cérebro já estão presentes (*). Assim evoluímos cada um de nós, sobreviventes. O poeta Davi ben Jessé expressou seu maravilhamento acerca do desenvolvimento do humano no intimo da mulher, desde quando era "substância ainda informe", isto é, desde o primeiro instante da concepção, a primeira célula, como obra do artífice divino (Sl 139. 13-16].

Esta compreensão sublime e poética da origem de cada vida é o fundamento da dignidade de cada pessoa, feita à imagem e semelhança de Deus. Revelação revolucionária que iguala ontologicamente todos os humanos, mulheres e homens como frutos do desejo do Criador. O que é uma exclusiva contribuição antropológica do pensamento bíblico à construção da noção de pessoa, que honra cada ser, e exige a defesa de seus direitos à vida.

Agora este princípio é fortemente questionado em setores intelectuais e ONGs militantes que acentuam uma cisão no interior da grávida, entre ela e o humano em formação, em nome do direito à escolha em prosseguir ou não com a gestação, mesmo não sendo caso de estupro. Para muitas(os) é tempo de desencantamento, de secularização rígida, de desconstrução da moral religiosa repressiva e afirmação da racionalidade subjetivista, onde o desejo é Rei. Este solipsismo do desejo, a defesa da conveniência pessoal, mesmo às custas do outro, conduz á banalização da vida. Diante da naturalização da prática de extração forçada da vida intrauterina, afirmamos a ética do respeito a si mesmo(a) e da(o) outra(o), garantindo a inviolabilidade dos corpos da gestante e do bebê. Ainda mais que a vida em formação no útero não é idêntica nem posse da mulher que o materna, como protestam algumas feministas radicais. A grávida custodia o sagrado, é bom saber, a própria continuidade da vida! Romper ou negar este sentido não será isento de sequelas emocionais como o ativismo apregoa.

Como o processo de originar a vida acontece, ainda, pela sexualidade, esta precisa ser considerada, enriquecida, protegida de violação. Aqui entra a contribuição das culturas, da socialização, da transmissão intergeracional e estruturas e ritos significantes, interditos reguladores que condicionam a existência sexualizada. O sexo é pobre quando mera descarga de excitação. Quão toscas são as performances pornôs vendidas comercialmente. É tão diferente quando é parte de uma caminhada construída com afetos amorosos e como fator unitivo de gente consciente e responsável.

A banalização cultural do sexo atrai e danifica vidas imaturas como também joga adultos em conflitos internos e riscos relacionais. Temos uma tarefa política e espiritual de fortalecer emocional e culturalmente adolescentes e mulheres adultas para que saibam se fazer respeitar, enfrentando o abuso e a violência. E de educação do macho no sentido da dignidade de cada mulher. Com punição rigorosa a quem a violenta. Isto exige caminhar na direção contrária ao espírito hedonista, materialista e utilitário da nossa, época que trata o corpo como mercadoria, fetiche disponível ao gozo machista/feminista irresponsável, sádico e mesmo desumano. Marx acertou quando disse sobre a inerente tendência do capetalismo de transformar tudo em mercadoria!
Às mulheres que foram vitimas de violência a lei brasileira já permitia o abortamento legal. Uma ampliação do direito ao aborto por conveniência subjetiva da mulher é reforçar uma sexualidade imatura. Falta ao Estado incluir em suas políticas públicas de saúde sexual e gestacional medidas de apoio à grávida para que esta leve a bom termo sua gestação e a criação de filhos com segurança. Não é só incentivar qualquer forma de sexualidade, dar camisinha e anticoncepcional gratuito visando apenas a assepsia física. Neste contexto é digno de nota a lembrança de um dos primeiros atos políticos de resistência pacífica e desobediência civil na História, e gênese do movimento libertário dos escravos hebreus: o trabalho clandestino das parteiras hebreias Sifrá e Puá, frente a cultura opressiva e infanticida dos Faraós, salvando meninos do sacrifício [Êxodo 1, 15-22; 2,1-10]. Desde sempre judeus e cristãos defendem a vida intrauterina e são contra infanticídio intra ou extraútero. Relaxar neste ponto é se aproximar perigosamente do pragmatismo ideológico dos nazistas. No mínimo, devemos defender a vida humana como defendemos a vida dos demais animais.

Ageu Heringer Lisboa, psicólogo e mestre em Ciências da religião, é membro fundador do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos e Eirene do Brasil. É autor de Sexo: Espiritualidade, Instinto e Cultura.

Foto: Mulheres fazem protesto no Rio pela legalização do aborto. Fernando Frazão/Agência Brasil

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