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Opinião

A mulher, a massa e o fermento

Muito se fala sobre o Reino de Deus, sem que se compreenda bem do que se trata. Sim, sabemos que o Reino é uma maneira poderosa de expressar a realidade da ação do Senhor Criador do universo em seu mundo criado. Reconhecemos que é como uma chave que nos ajuda a entender muito da vida cristã. Que também aponta para a nova realidade surgida em Jesus, e depois vivida e proclamada pelos seus discípulos. Agora, como explicar o Reino de Deus de uma maneira simples e clara de tal forma que as pessoas entendam essa nova realidade? Jesus o fez de inúmeras maneiras, e em especial através da linguagem popular, com as suas parábolas sobre o Reino. A parábola sobre a mulher, a massa e o fermento é uma delas (Lucas 13.20-21).

“Mais uma vez ele perguntou: ‘Com que compararei o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada’.”

Como essa parábola tão pequena nos ajuda a entender melhor o Reino e a vivê-lo em nossa realidade hoje? Pensemos juntos em quatro rápidos aspectos.

1. O Reino cresce de onde menos se espera, com os protagonistas mais improváveis

A mulher, na cozinha, um personagem impensado para exemplificar as grandes expectativas para o Reino. Os discípulos, juntos com todo o povo judeu da época, esperavam um reino de evidente poder político e institucional. Chega Jesus e fala do Reino como uma mulher trabalhando na cozinha! Lembremos que as mulheres nem tinham “direitos”, não eram protagonistas de nada à época. Jesus utiliza a mulher no seu lar, na sua cozinha, como ilustração do que significa o Reino. Uma mensagem simbólica poderosa acerca do caráter dessa nova realidade.

O humilde, o simples, o menos valorizado, o pequeno, como a semente de mostarda na parábola registrada por Lucas logo antes. Aí está o Reino! No simples, no que parece pequeno, no que aparenta ser desprovido de poder. Claro, só aparenta, porque nessas ações pequenas começam as verdadeiras revoluções. A Bíblia nos mostra que muitas vezes são os personagens que estão nas margens que possuem grande e genuíno poder.

2. O Reino tem a ver com o cotidiano de nossas vidas

A mulher cozinhando também nos ajuda e ver como Reino de Deus é algo muito mais próximo de nossa realidade do que muitas vezes imaginamos. Ou seja, não é algo para ser experimentado só no futuro, não é relacionado somente aos grandes projetos, mas se trata de um Reino que se manifesta também e de maneira importante nas micro relações de nossas vidas. Aliás, o Reino só pode chegar a produzir grandes impactos, em escala maior, se em verdade também é algo real e presente nas vidas e nas relações daqueles que começam a experimentá-lo.

Claro que isso nos leva a perguntar, a avaliar e a revisar o que for preciso para que o Reino de Deus não seja apenas uma categoria abstrata, mas uma expressão concreta da presença de Deus que atua e intervém nas relações e no cotidiano de nossas vidas.

3. O Reino se expressa, cresce e se implementa através de processos

O Reino começa pequeno (o inexplicável aos olhos humanos), se dá através de processos (que dão trabalho, a mão na massa), que levam tempo (a dimensão da expectativa positiva, que alimenta o trabalho e a espera ativa no tempo presente). Qualquer um que trabalha na cozinha sabe como funciona. Não é algo mágico, que se dá de uma hora para a outra. É preciso literalmente colocar a mão na massa, mexer, bater a massa, misturar cada um dos ingredientes, por fim misturar bem o fermento. Sem trabalho, sem mão na massa, é impossível ver o Reino.

O Reino, apesar de ser algo presente em nosso meio porque Jesus já o trouxe em toda a potencialidade do que pode vir a ser, também se define pela espera. Uma espera esperançosa cheia de expectativa que alimenta a nossa obediência e a fidelidade em cada momento do processo, naquilo que nos cabe fazer.

4. O Reino tem alcances redentores amplos: toda a massa é fermentada

Não há aqui explicação científica sobre como o fermento atua. Aos olhos humanos não há muita clareza sobre como na verdade funciona a dinâmica do Reino. O que sabemos é que provoca transformação, crescimento, algo que atinge toda a massa. Ou seja, primeiro o Reino é marcado pela agenda da conversão, da transformação, e segundo, se trata de algo com amplo alcance, que vem para abençoar a muitos.

Quando o Reino chega, ele demanda conversão, arrependimento (Mc 1.15). Mas ele também provoca oposição e leva à expulsão do mal como evidência da chegada do Reino (Mateus 12:28). A transformação será inevitável. “Evangelizados transformados”, como já dizia Orlando Costas, serão o resultado do Reino que veio até nós. Esse testemunho transformador prossegue até que todas as coisas sejam reconciliadas, reivindicadas e consumadas em Jesus Cristo (Ef 1.9-10). Vivemos nessa esperança, crendo que o Senhor do Reino estabelecerá definitivamente o governo de Deus quando o Cristo ressurreto voltar.

Ainda segundo Costas essa conversão será “um momento distinto e o primeiro de uma série de experiências transformadoras. É uma virada única e um movimento transformador contínuo, possibilitado pela força capacitadora do Espírito da liberdade.”1

Essa é uma conversão pessoal e comunitária, da igreja, para que esta seja voltada para os que são de fora, para alimentar com essa massa levedada, que cresceu, a todos os de fora que estão famintos. O Reino (como deveria ser sempre com a agenda da igreja) traz essa marca de sempre ser voltado para os que (ainda) não são membros. O Reino, a igreja, o corpo de Cristo, estão para defender a vida, para promovê-la, restaurá-la e nunca para limitá-la a um só grupo. No Reino, a massa fermentada resultante é bem grande, a mesa está servida para todos os famintos.

Assim, nessa “espiritualidade do Reino”, cremos que o Reino pode ser vivido e experimentado, antecipadamente degustado, de maneira que nos tornamos agentes para influenciar, salgar e transformar o mundo ao nosso redor. É preciso contar com a ajuda do Senhor para que trabalhemos bem a massa como aquela mulher na sua cozinha. Assim, essa massa fermentada que cresceu, através da ação de Deus em nós, de nossa conversão, de nossa transformação, poderá também ser oferecida nas mesas de nossas vidas a todos que desse Reino necessitam.

Nota:
1. Orlando E. Costas, “Proclamar Libertação – Uma teologia de evangelização contextual”. Garimpo Editorial, 2014, p. 182.

Foto: Colin Higgins/Freeimages.com

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É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), serve globalmente como secretário adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e também apoia a equipe da IFES América Latina.
  • Textos publicados: 59 [ver]

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