SUMÁRIO
Edição 331
Julho-Agosto 2011
ASSEMBLEIA DE DEUS 100 ANOS
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Seções — Cidade em foco
Julho-Agosto 2011
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O Brasil urbano


Para chegar a esses números o IBGE percorreu todo o território nacional (cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados). A tarefa que envolveu 5.565 municípios, aproximadamente 58 milhões de domicílios e 314.018 setores censitários.1
Proponho algumas reflexões a partir dos dados.
“É necessária uma eclesiologia que olhe com cuidado para a rede de pobreza extrema nacional”. O aumento do total da população brasileira e a diminuição da quantidade de pessoas nas áreas rurais certamente intensificarão a rede de extrema pobreza nacional. De acordo com Antônio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp, “no plano mais estrutural o governo tem dois reptos: de um lado, elevar os investimentos públicos necessários para dar sustentação à expansão da economia, tarefa que vai bem além de construir estádios e reformar aeroportos para a Copa e a Olimpíada; e, de outro, erradicar ou pelo menos reduzir consideravelmente a pobreza extrema em que vivem cerca de 16 milhões de brasileiros, segundo recente estimativa do IBGE”.2
A eclesiologia brasileira dará conta dessa realidade?
“Os ‘sem-igreja’ ficarão de fato sem igreja?” Mesmo que o censo 2010 ainda não tenha disponibilizado os dados sobre a religião no Brasil, é sabido que entre 1950 e 2000 o número de brasileiros que se declararam sem-religião aumentou de 0,5% para 7,4% da população. Espera-se, portanto, um novo aumento no censo de 2010. É possível que já tenhamos cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil que se declarem sem-religião.
“A religião foi perdendo sua plausibilidade, deixando de ser hegemônica. O sagrado que permeava a vida das pessoas, influenciando-as no seu dia-a-dia, vai sendo superado por outras formas racionalistas de encarar a realidade. Para Luckmann, um dos efeitos da secularização pode ser a privatização da religião e suas instituições, que, pela variedade de valores que oferecem ao consumidor, [fazem surgir] o que o autor chama de religião invisível”.3 Por que a igreja brasileira não acorda para esse gigante chamado secularização?

“Por que os pastores e as conferências missionárias não se preocupam em estudar a cidade como campo missionário?” Preserva-se uma prática pastoral rural para uma realidade urbana, tanto na metodologia quanto na linguagem, nas estratégias, no estilo de pregação, na forma de exercer a liderança e no cuidado com as pessoas. Muitas conferências missionárias não têm mais um caráter reflexivo, mas lucrativo. Apela-se para os resorts, os hotéis, a comida, e a conferência torna-se um pano de fundo. As igrejas realizam conferências missionárias, mas permanecem no modelo de “missões” (no plural -- transcultural) e não “missão” (no singular -- missional, natureza da igreja). Missões é uma das atividades da igreja missional. Barth afimou: “Uma igreja que conhece sua missão não poderá nem quererá, em nenhuma de suas funções, persistir em ser igreja por amor de si mesma”.5 Já passou da hora de a cidade fazer parte da agenda de nossas reflexões.
As margens do Ipiranga já não são mais plácidas. Os nossos bosques -- dos centros urbanos -- já não têm tanta vida. Os guetos, becos e favelas mostram que não estamos deitados eternamente em berço esplêndido. A justiça não é uma clava forte, antes, se assemelha mais a uma cana fácil de se esmagar. E a igreja, também não foge à luta?
Notas
1. Disponível em: www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 17/05/11.
2. “O Estado de S. Paulo”, 17/05/11.
3. ARAÚJO, Sérgio e SEBATINI, F. “Sobre secularização”. “Caminhos”. Revista do Mestrado em Ciências da Religião da Universidade Católica de Goiás. Goiânia, p. 261-273, 2004, v. 2.
4. Disponível em: www.alcnoticias.net/interior.php?lang=689&codigo=11769. Acesso em 07/01/11.
5. BARTH, K. “Esbozo de dogmática”. Milão: Editorial Sal Terrae, 2000. p. 169-170.
• Jorge Henrique Barro é diretor da Faculdade Teológica Sul Americana e vice-presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana (continental).
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