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Opinião

O que a Bíblia fala sobre a arte

Por Paulo Roberto Teixeira

Um dos autores que mais me marcaram na juventude foi Francis Schaeffer. Entre seus escritos, um livro relativamente curto – quase um ensaio – chamado “Art and the Bible” ficou em minha memória. Ao redigir estas linhas, recém descubro, com grata surpresa, que a obra é agora publicada, em português, pela Editora Ultimato, sob o título A Arte e a Bíblia. Será bom revisitá-la em nossa língua, já que o seu assunto, ao que me parece, continua relevante num contexto em que as igrejas cristãs ainda se perguntam sobre o lugar e o propósito da arte no culto e na vida cristã.
 
Schaeffer partia da premissa de que a arte – como expressão da imagem do Deus Criador em nós – pode e deve ser usada para glorificar a Deus. A criatividade do ser humano – reflexo da criatividade divina -, quando usada de acordo com a vontade de Deus, exprime a beleza, exalta a sublimidade e faz com que saboreemos a vida numa dimensão que vai muito além do corre-corre cotidiano em busca do pão. A arte nos conecta com o bom e o belo, presenteando-nos momentos de descanso, reflexão e amadurecimento. A serviço de Deus e conectada com a Palavra do Deus Criador, a arte é um meio que nos eleva e nos enleva, trazendo Deus a nós e nós a Deus.
 
Vejo com alegria uma presença mais intensa e diversificada da arte na vida da Igreja. Em pelo menos duas conferências das quais participei recentemente no Brasil, ao lado da banda e da orquestra com suas canções geniais, artistas pintavam telas com cenas bíblicas que nos remetiam aos ensinos dos Evangelhos. E assim, forma e conteúdo, harmoniosa e delicadamente, embalavam o louvor, glorificando a Deus e edificando o seu povo.
 
Há um espaço para a arte na espiritualidade cristã porque a Bíblia oferece tal espaço à arte. Desde as primeiras páginas do Gênesis – o Livro dos Inícios –, a arte se manifesta. “Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31a). E do labor criativo de Deus, plasmando o barro e nele soprando a vida, nasceram seres humanos criativos, como Jubal – pai de todos os que tocam harpa e flauta (Gn 4.21) – e Tubalcaim – o artífice (Gn 4.22), hábil em forjar o bronze e o ferro.
 
Na Bíblia, há muitas manifestações e alusões à música e à poesia. Jacó abençoa seus filhos com belos versos, cujas rimas estão nos pensamentos e não nos sons (Gn 49). Moisés e Miriã celebram a libertação do Egito com cânticos (Êx 15.1-21); as vitórias de Davi são festejadas com música e dança (1Sm 18.7); salmos são entoados pelo povo de Deus ao som de instrumentos e corais; Jesus e seus discípulos mais chegados cantam um hino, possivelmente um dos salmos, após a instituição da Santa Ceia (Mt 26.30); Paulo e Silas entoam hinos na prisão (At 16.25); estudiosos do Novo Testamento creem que Filipenses 2.5-11 poderia ser um dos hinos entoados pela Igreja Primitiva; Paulo conclama os cristãos a que “louvem a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais” (Cl 3.16); e o Apocalipse está repleto de hinos de vitória e louvor ao Cordeiro vencedor (Ap 5; 11; 14; 15).

Em termos literários, aliás, a Bíblia é um tesouro: além da própria poesia, há textos narrativos, legais, sapienciais, proféticos, didáticos, epistolares, apocalípticos, entre outros, que fazem dela uma verdadeira obra de arte no tocante à variedade de estilos e construções, os quais constituem o Livro Sagrado. É a Palavra inspirada de Deus belamente escrita em línguas humanas. É Deus vindo ao nosso encontro e se revelando a nós de maneira que o possamos perceber e nos relacionar com ele. A Bíblia é um monumento literário-artístico que fala de outros monumentos também, como o tabernáculo e o Templo.
 
É curioso refletir sobre o fato de que o mesmo Deus que proíbe nos Mandamentos que se façam imagens de escultura com fins idolátricos é também aquele que detalha com tanto zelo e esmero as características, os formatos, os materiais e a disposição de cada item do tabernáculo (Êxodo 25—40), incluindo as estruturas, o mobiliário e até mesmo as vestes sacerdotais. Isto reforça a ideia de que a arte, a serviço de Deus, agrada e edifica. E para que o tabernáculo saísse como deveria, Deus mesmo apresenta a Moisés um modelo ou protótipo (Êx 25.9,40; 26.30) e ainda levanta pessoas com dons artísticos e habilidades específicas para a construção (Êx 31.1-11). O tabernáculo era um lugar cheio de arte. Sua arquitetura refletia a glória de Deus, e em seu meio Deus perdoava e acolhia diariamente seus filhos e filhas. 
 
Poderíamos continuar listando muitas outras passagens nas quais a Bíblia fala de arte ou faz uso da mesma. Mas deixo esta tarefa para o leitor, sugerindo a adoção de A Arte e a Bíblia, de Francis Schaeffer, como um guia de estudo das Escrituras para ajudar numa reflexão acerca do espaço da arte na igreja e na espiritualidade cristãs. 
 
A Bíblia fala criativamente da arte e abre um espaço para a arte como meio de glorificar a Deus e de conhecer e sentir o seu amor. O nosso Deus nos fez seres criativos. Usemos a arte para promover e compartilhar criativamente a mensagem da Bíblia.

• Paulo Roberto Teixeira é secretário de Tradução e Publicações da Sociedade Bíblica do Brasil. Bacharel em Teologia e em Letras (Linguística, Hebraico e Português), é especialista em Língua e Literatura Hebraica pela USP e em Tradutologia e Administração Editorial pelo Summer Institute of Linguistics/University of Texas.


Para Francis Schaeffer, o cristão deve usar as artes não simplesmente como propaganda evangelística, mas como algo belo para a glória de Deus.
 
A Arte e a Bíblia é uma obra fundamental para cristãos atuantes no mundo das artes. Neste clássico, Schaeffer examina o registro escritural da utilização de várias formas artísticas e estabelece uma perspectiva cristã sobre a arte. Com clareza e vigor, ele explica por que "o cristão é alguém cuja imaginação deve voar além das estrelas".



 

Leia mais
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