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Opinião

Existe "ministério" da palavra escrita? Ministério literário?

Por William Campos da Cruz

Afinal de contas, existe algo que possamos chamar de “ministério da palavra escrita”? Foi essa a pergunta que fiz ao Pr. Ken Flurry na cantina da Faculdade Teológica Batista de São Paulo em 2010. Na época, eu era aluno do curso de Aperfeiçoamento em Missiologia. Como é bastante comum a estudantes de uma faculdade teológica, eu estava hesitante, fazendo um esforço ativo para discernir minha vocação.
 
Desde cedo, imaginei exercer apenas três ofícios: 1. domador de leões (essa ideia foi a primeira a ser abandonada); 2. professor de português; 3. pastor. Por obra da Providência, não fui para o curso de teologia ainda adolescente. Formei-me em Letras em 2007. Pouco depois comecei a ler avidamente as biografias missionárias. Li vários dos “Clássicos Betânia”: A cruz e o punhal (David Wilkerson), Pode falar, Senhor (Loren Cunningham), Refúgio Secreto (Corrie ten Boom), O contrabandista de Deus (irmão André)… Cogitei dedicar-me à vida missionária. Mais uma vez, por obra da Providência, isso não aconteceu.
 
Aconteceu outra coisa. No primeiro mês do curso de missiologia da FTBSP, tive com o Pr. Ken uma conversa que mudou minha vida. Quando perguntei se havia algo que pudesse ser chamado de ministério da palavra escrita, ele muito sabiamente falou da importância dos livros na educação teológica e me disse que este certamente era um meio de servir a Deus e à igreja.
 
Ainda tomado pela inquietação daquela pergunta, duas coisas saltaram aos meus olhos:
 
1. Aquelas biografias missionárias que tanto me edificaram não haviam sido escritas pelos próprios protagonistas, mas em parceria com o casal John e Elizabeth Sherrill (suponho que tenham sido os responsáveis por dar forma literária ao testemunho dos missionários). Eu me perguntava se havia como usar meu talento no Reino, e o instrumento mesmo que me levou a fazer a pergunta — as biografias missionárias — já continha a resposta!

2. Achei na internet, não me lembro exatamente como, o fragmento de um texto de René Padilla em que ele falava de seu trabalho literário e editorial. Eu quase caí para trás quando o li pela primeira vez. Li-o de madrugada, com lágrimas nos olhos, como quem acaba de descobrir algo precioso. Levei anos para encontrar o texto integral.
 
Hoje, dez anos depois da noite da conversa com o Pr. Ken, apresento a tradução daquele texto cuja leitura foi tão marcante para mim.

 
Uma longa aprendizagem[1]

Por C. René Padilla[2]

Às vezes me pergunto se a vocação literária (como outras vocações) é transmitida de geração em geração por meio dos genes. Não sou filho de escritores, embora meu pai o pudesse ter sido. Uma das recordações mais vivas que dele conservo é o quanto gostava de ler e de comentar o que lia. Desconfio de que, com mais educação (nem sequer terminou o primário!) e mais tempo livre (que o ofício de alfaiate quase não lhe deixava!), esta inclinação literária provavelmente teria florescido nele. Não floresceu, mas meus três irmãos e eu cultivamos a arte de escrever e vários de nossos filhos e netos demonstraram a mesma inclinação. Não será uma questão genética?
 
Os primeiros passos

Seja como for, o certo é que praticamente não me lembro de ter existido sem o mesmo pendor literário que desde a infância vi em meu pai. Tão logo aprendi a ler, ingressei no mundo dos livros e comecei a sonhar em ser escritor. Algum dia seria um Stevenson, ou um Verne, ou um Dumas, ou um Dickens, ou um Cervantes!
 
Mais tarde, já no colégio secundário, a semente começou a germinar. Em meu primeiro ano no Colégio Mejía de Quito, tive um excelente professor de redação, o Sr. Vicente Álvarez, que soube transmitir-me seu zelo pelo bom uso do idioma. Todavia, lembro-me de meu primeiro encontro cara a cara com ele. Foi numa segunda-feira de manhã, no início do ano letivo. Na semana anterior, o Sr. Álvarez nos havia dado como lição de casa uma redação de três páginas, e agora estava devolvendo-a a nós, com suas correções escritas com caneta vermelha. Fez a entrega dos cadernos, aluno por aluno, em ordem alfabética, porém ficou com o meu e disse-me que queria falar comigo ao fim da aula. Chegado o momento, aproximei-me de sua mesa com uma mistura de curiosidade e temor. Ele abriu meu caderno diante de meus olhos, me mostrou a nota escrita na margem superior da primeira página de minha redação — um zero! — e disse em tom sério:
 
– De onde você copiou esta redação, senhor Padilla?
– Não a copiei, senhor Álvarez — protestei surpreso.
– Tem certeza? — perguntou, olhando-me cuidadosamente.
– Sim, senhor — respondi.
 
Sem mais palavras, tomou a caneta vermelha e transformou o zero num dez, a nota máxima. Devolveu-me o caderno, parabenizou-me e me despediu. A partir desse momento, tive um verdadeiro mestre e amigo, de quem aprendi muito, muitíssimo, sobre ortografia, sintaxe e estilo. A cada sexta-feira, os alunos tínhamos de lhe entregar uma redação nova, e a cada segunda-feira a recebíamos de volta com as correções. No entanto, pergunto-me como o Sr. Álvarez fazia para corrigir as lições de uns 120 alunos todo fim de semana!
 
No terceiro ano do secundário, tive como professor de literatura um notável poeta equatoriano: Sergio Núñez. Ainda hoje guardo gratas lembranças de suas aulas de preceptiva literária e de minhas longas conversas com ele sobre escritores e livros. O sr. Álvarez, professor de castelhano, ensinou-me gramática e redação. Sobre esta base, o sr. Núñez, professor de literatura, educou-me na arte da criação literária. Esse ano no jardim produziu suas primeiras flores em dois gêneros que começaram a exercer sobre mim um fascínio singular: o conto e a poesia. Dois destes trabalhos foram publicados num periódico do colégio, com o qual fiz minha estreia na página impressa. Que alegria tive ao vê-los publicados!
 
Nesses mesmos anos, enquanto fazia o terceiro ou quarto ano do secundário, fundei minha primeira revista: El Clarin Evangélico. Consegui, para ela, o apoio da “sociedade de jovens” de minha igreja, mas fui o diretor, o escritor, o redator, o revisor de provas, o diagramador e o promotor. Como consequência, saíram apenas três números…
 
Ao terminar o secundário, mudei-me para os Estados Unidos e ingressei no Wheaton College, uma universidade evangélica perto da cidade de Chicago. As consequências que a mudança e o consequente desenraizamento produziram em mim foram profundas, e talvez em nenhum aspecto de minha vida o tenham sido tanto quanto naquele que diz respeito a minha vocação literária. Por um lado, o aprendizado do inglês obrigou-me a adiar todo o esforço destinado ao desenvolvimento do estilo em castelhano, até o ponto em que, ao voltar à América do Sul, seis anos mais tarde, tive que propor-me conscientemente a recuperar o terreno perdido. Por outro lado, os estudos de filosofia e teologia me afastaram do conto e da poesia e encaminharam meus passos para o ensaio. Às vezes, acho que minha educação nos Estados Unidos roubou-me a imaginação literária.
 
De volta à América Latina, tive que fazer do estudo de meu próprio idioma uma de minhas prioridades. Tinha que evitar os barbarismos a todo custo, recuperar a fluidez no uso do idioma, enriquecer o vocabulário e desenvolver o estilo. Para isso, comecei a ler escritores espanhóis e latino-americanos, como Miguel de Unamuno, Alfonso Reyes, Germán Arciniegas, Luis Alberto Sánchez, Octavio Paz e Miguel Angelo Asturias. Descobri que o estilo se enriquece em diálogo com os melhores estilistas de nosso idioma.
 
Os primeiros artigos que escrevi nessa nova etapa de minha vida apareceram nas revistas Certeza e Pensamiento Cristiano, em castelhano, e no IFES Journal, em inglês, no começo da década de 1960. Quase todos eles foram resultado de conferências a estudantes universitários no contexto da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE). Pouco a pouco, fui acumulando anotações e esboços de séries completas de discursos e estudos. Como gostaria de transformá-los em artigos e livros! Não o consegui por duas razões. Em primeiro lugar, porque as muitas viagens e as tarefas administrativas envolvidas no ministério estudantil não me deixavam tempo para escrever. Em segundo, porque, para mim, a tarefa de escrever nunca foi fácil.
 
Não, não foi fácil, e houve momentos em que isso me fez duvidar de minha capacidade literária. Se tinha o dom de escrever, por que a criação literária era tão custosa para mim — a ponto de um bom amigo compará-la, em parte a sério e em parte em tom de brincadeira, com um parto? Consolei-me quando li um artigo sobre Soljenítsin, que tratava do grande sofrimento que, para o notável escritor russo, envolvia a escrita. Lembro-me de ter lido o mesmo acerca de outros escritores, entre eles Gabriel Garcia Marquez. Se outros autores, alguns deles de primeira linha, sofrem quando escrevem, quem sou eu para pensar que fui dispensado de pagar este preço?
 
Precisa-se de editores

Com a formação da Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) no fim dos anos 1970, abriu-se um espaço em que muitos evangélicos com inquietações teológicas encontramos a oportunidade de refletir, escrever e publicar com outros irmãos sobre toda uma gama de temas relacionados à vida e à missão da igreja. Em outras latitudes, escrever, como comer, é um ato eminentemente individual; na América Latina, escrever, como comer, é um ato eminentemente social. Descobrir esse fato possibilitou que a FTL se convertesse numa matriz de novos escritores e que ao longo das décadas conseguisse publicar vários livros de autoria coletiva, tais como Los evangélicos y el poder político en América Latina, El Reino de Dios y America Latina, Nuevas alternativas de educación teológica e Bases bíblicas de la misión. O Boletim Teológico, que foi publicado até o número 67, e a Coleção FTL, das Edições Kairós, dão testemunho do mesmo fato.
 
Muitos dos livros que editei ao longo dos anos, e não são poucos, surgiram de conferências, consultas e seminários. Esse tipo de encontro obriga os participantes a preparar a exposição de um assunto com profundidade, que pode ser discutido e polido durante a reunião para em seguida ser publicado. Alguns dos livros preparados de forma coletiva chegaram a ser sucesso de venda. É o caso de Hacer el amor em todo lo que se hace: Cómo cultivar relaciones conyugales permanentes.
 
Minha contribuição ao desenvolvimento da literatura evangélica na América Latina foi muito maior como editor que como autor. A bem da verdade, devo dizer que gosto muito mais de escrever que de realizar a tarefa tediosa de corrigir manuscritos escritos por terceiros. No entanto, se a FTL ia publicar, alguém tinha de ocupar-se do trabalho editorial, e (um pouco a contragosto), vez após vez, a responsabilidade de editar os capítulos de um compêndio ou os artigos de uma revista recaiu sobre mim. Sempre disse que o mais necessário no mundo da literatura evangélica latino-americana não são escritores, mas editores. Em outras palavras, precisa-se de gente disposta a oferecer assessoria literária aos novos autores e a polir-lhes o estilo. A reflexão teológica e a experiência evangélica na América Latina devem difundir-se aqui e em outros continentes. Para desenterrar toda essa riqueza, no entanto, precisa-se de mais editores que avaliem manuscritos e estejam dispostos a dedicar tempo aos autores novatos.
 
Minha contribuição ao desenvolvimento da literatura evangélica na América Latina foi muito maior como editor que como autor. […] Sempre disse que o mais necessário no mundo da literatura evangélica latino-americana não são escritores, mas editores. Em outras palavras, precisa-se de gente disposta a oferecer assessoria literária aos novos autores e a polir-lhes o estilo.
 
Como editores, nossa tarefa tem dimensões pastorais. Muitas vezes, tive que agir como um irmão mais velho e acompanhar os autores em seu crescimento como escritores e em sua peregrinação na fé. Um editor descobre dons, anima e oferece oportunidades a futuros escritores. Este é um dos aspectos do trabalho do editor que mais me entusiasma.
 
Com certeza, é fundamental haver autores dispostos a investir o tempo necessário para aprender a escrever bem. Aprende-se a escrever como se aprende a tocar um instrumento musical: não conheço ninguém que toque bem violão, piano ou violino sem muitas horas de prática. A tarefa de escrever não é menos exigente: exige estudo, perseverança e tempo.

A satisfação de um autor

Escrevo por vocação. Nasci com essa inclinação que me leva a comunicar minhas ideias, sentimentos, desejos e propósitos por meio da página impressa. Do ponto de vista da fé, diria que escrevo porque Deus me deu o dom de escrever. Poucas pessoas podem dedicar tempo àquilo que gostariam de fazer. Dou graças a Deus porque, em meu caso, pude dedicar muitas horas de minha vida a algo que, para mim, é trabalho e diversão ao mesmo tempo: escrever.
 
No entanto, com o risco de ser repetitivo, confesso outra vez que escrever não é fácil para mim. Quando escrevo, sofro. Sofro porque busco constantemente a palavra que diga com precisão o que quero dizer; porque quero fazer com que cada palavra ocupe o lugar que deve ocupar; porque me preocupa comunicar os conceitos com clareza e elegância; porque não me conformo com o que escrevi e me esforço para dizê-lo melhor. É provável que haja autores que escrevem com muito mais facilidade que eu, mas minha experiência me diz que muito do que se publica não devia ter sido publicado sem uma boa dose de trabalho editorial. É como a fruta servida antes de estar madura.
 
Escrever me traz muitas satisfações. A primeira é a que sinto a cada vez que termino um texto. Suponho que o músico sente algo similar quando termina de compor uma peça musical. É a satisfação própria de todo ato criativo, uma satisfação que demonstra que fomos feitos à imagem e semelhança do Deus criador.
 
E que dizer da alegria que sinto quando o que escrevi com tanto esforço aparece impresso! Imagino que seja semelhante à alegria do músico que escuta a orquestra tocar uma peça composta por ele. Passei quase toda a vida escrevendo e publicando, mas, ao ver Iglesia y Mision na internet ou ao ler Kairós (as duas revistas trimestrais que edito atualmente), ainda acontece de a primeira coisa que leio ser o meu texto. Vanglória? Talvez, mas suspeito que eu não seja o único autor que gosta de ver seus textos publicados.
 
Contudo, que graça haveria em escrever com o único objetivo de ver impresso o que nós mesmos escrevemos? Quem escreve, escreve para que outros o leiam. Mais ainda, para que o leiam e sejam afetados pelo que se disse. Em termos cristãos, escrevemos para comunicar a Palavra de Deus. O escritor é um pobre imitador de Deus, não só porque cria, mas porque dá a Palavra a seres humanos que precisam de seu poder transformador. Na encarnação, a Palavra se fez homem; na literatura cristã, a Palavra se faz palavras para que, por meio delas, Cristo se forme nas vidas humanas pela ação do Espírito. Pelo menos assim entendo o propósito de meu ministério literário: como um meio pelo qual a Palavra quer fazer-se carne em homens e mulheres. Por isso, minha maior satisfação é saber que algum de meus textos, apesar de todas as suas deficiências e defeitos, serviu para comunicar a verdade de Deus com fidelidade e instou o leitor a responder positivamente ao chamado do evangelho em algum aspecto específico de sua vida.
 
Nem sempre se sabe o efeito que os escritos produzem no leitor. O que se escreve é como a semente que o semeador saiu a semear: uma parte caiu no caminho, outra parte caiu entre as pedras, outra parte caiu entre espinhos, e outra parte caiu em terra boa e deu fruto. Nos anos em que venho semeando, Deus me permitiu constatar ocasionalmente que a semente deu fruto, e isso me enche de alegria. Afinal, pode haver maior satisfação para o cristão do que sentir-se útil na semeadura da mensagem do reino de Deus?
 
Escrever exige tempo

Já disse algo sobre o quanto gosto de escrever. Agora, acrescento outro dado: o problema se complica porque, ao menos em minha experiência, o urgente com frequência nos impede de fazer o importante. Para mim, do ponto de vista de minha vocação, escrever é algo prioritário. E, no entanto, há tantas outras coisas a fazer, todas elas úteis: pregar, ensinar, dar ajuda pastoral, editar, administrar!… Levei muitos anos para aprender que, se vou escrever, tenho que separar tempo para escrever.
 
Sempre me foi muito mais fácil achar tempo para ler. Na realidade, muitas vezes nem sequer tenho que procurá-lo: deparo com ele nos aeroportos e nos aviões quando viajo; nas salas de espera, nas repartições públicas quando faço alguma gestão; e até em minha própria casa, nas noites de insônia.
 
Mas o tempo para escrever… isso é outra história! A maior dificuldade está no fato de que esse tempo tem de ser de três ou quatro horas, no mínimo. Do contrário, o ato criativo terá que ser suspenso prematuramente, com a consequente frustração. Entretanto, que pessoa ocupada tem três ou quatro horas para realizar uma tarefa definida, a menos que as inclua em seus planos e as marque em sua agenda? Pouco a pouco, fui-me convencendo de que eu não, e, portanto, a primeira coisa que tenho que fazer para escrever é separar tempo para este propósito.
 
Como relatei em uma entrevista para a revista da rede Letra Viva, pertenço à espécie que trabalha enquanto espera nos aeroportos. Aproveito as novas tecnologias e ando com meu notebook nas costas, além de meus livros. Não só leio; também escrevo esboços, redijo artigos e edito textos. Consigo organizar-me e manter uma disciplina de trabalho em lugares distantes e em ambientes não tão cômodos.
 
Quando se trata de viajar, prefiro os convites que me permitem estar um tempo mais ou menos prolongado no lugar. Desse modo, aproveito a estada para pesquisar nas bibliotecas e centros de estudo. Longe das tarefas rotineiras que cumpro em meu escritório, separo certa quantidade de horas diárias para pesquisar e ler. Muitos dos artigos e dos ensaios curtos que publiquei, alguns deles compilados posteriormente em livros, nasceram durante períodos de semanas e até meses que pude passar em outros países, especialmente nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Alemanha.
 
Contudo, continuo sonhando em escrever um livro do início ao fim. Tenho uns doze projetos, e até escrevi parágrafos, seções e porções completas de alguns deles. Todos giram em torno do tema que mais me atrai e sobre o qual fiz minha tese de doutorado: a missão integral da igreja. Espero a oportunidade de separar um tempo de “retiro” e dedicar-me a cumprir este sonho tão anelado.
 
Enquanto isso, procuro manter a disciplina de separar em minha agenda tempo para escrever. Estou descobrindo que essa determinação pode ter consequências imprevistas. Afinal, o desenvolvimento da vocação literária exige muito mais que um período ocasional de três ou quatro horas; exige dias inteiros, semanas e meses. Com efeito, pode ser que a pessoa que tenha essa vocação veja-se compelida a renunciar a qualquer outra tarefa para dedicar-se inteiramente a ela. Pessoalmente, nunca me dispus a ir tão longe. Contudo, tive que aprender que o primeiro requisito para desenvolver-me como escritor é dedicar tempo para escrever. Pensando bem, esta não é a única atividade humana em que não se consegue nada sem a prática: é caminhando que se aprende a caminhar; é nadando que se aprende a nadar; é falando que se aprende a falar um novo idioma… Por que tanta gente acha que se pode aprender a escrever bem sem a prática da escrita?

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Notas
[1] Artigo publicado originalmente em La Aventura de Escribir: Testimonio de 14 escritores cristianos. Lima, Peru: Ediciones Puma, 2003, p. 139–48.
[2] C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de Missão Integral – O reino de Deus e a igreja e Repensando a Missão na Igreja Local.

• William Campos da Cruz é tradutor, editor e revisor de textos. Siga no Twitter: @williamccruz

É fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral? e colunista da revista Ultimato.
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