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Opinião

O que significa ser homem?

Por Paulo Pimont Berndt

Geração após geração a forma que nos organizamos e definimos os papeis que exercemos dentro da família muda. O modelo tradicional de família onde existe um provedor, uma dona de casa e seus filhos, vem sofrendo muitas mudanças. Diferentes sociedades em diferentes tempos têm se organizado de formas distintas. Vemos crescer um formato de família onde a maior parte das funções é compartilhada: compartilhamos o sustento da casa, as tarefas domésticas, educação dos filhos etc. Isso tudo pode ser algo muito bom e positivo, mas provoca uma reflexão mais profunda a respeito do que é ser homem e mulher.

A verdade é que muitos homens estão perdidos, principalmente desde a revolução industrial quando o homem parece ter se agarrado à função de provedor, como se essa fosse a sua essência. Poder prover para a família colocou o homem em uma zona razoavelmente tranquila. Por outro lado, gerava e gera uma angústia terrível naqueles que não podem, por alguma razão, corresponder a essa função adequadamente.

A primeira questão a distinguir é a diferença entre função e identidade. Função é o papel que desempenho, identidade é quem eu sou enquanto homem. Vamos tomar como exemplo o papel de provedor. As pessoas de uma família precisam de sustento, precisam que sejam atendidas suas necessidades básicas, como comida, saúde, educação, moradia, espiritualidade etc. Esta função precisa ser exercida por alguém para que a família se mantenha. É o provedor quem busca e traz este sustento e dá estas condições para os membros da família. Tal função pode ser exercida por ambos os pais, ou em algumas famílias isso é compartilhado com os avós, quando estes pagam a escola dos netos, por exemplo. Cada vez mais vemos esta função ser compartilhada. Outro exemplo: os filhos crescem, começam a trabalhar e ajudam a pagar as despesas da casa.

>>> Como a Bíblia lida com os novos arranjos familiares <<< 

Lendo isso alguém pode se perguntar: Mas isso tudo não está errado? Isso é realmente o que Deus tinha no seu coração para nós? Será que não é esse compartilhar – que alguns podem chamar simplesmente de bagunça – que tem gerado tantas discórdias nos casamentos, tantos divórcios etc? Eu acredito que não! Minha hipótese é que uma das influências mais importantes por trás das brigas, discussões e rompimentos no ambiente familiar é um apego extremo ao papel que exercemos. Quando colocamos nossa função acima de quem somos, da identidade, qualquer situação que ameace nossa posição causará instabilidade.

Em João de Ferro, Robet Bly escreveu: “Vivemos hoje um momento importante e frutífero, pois é evidente que as imagens da masculinidade adulta, proporcionadas pela cultura popular, estão desgastadas, e não podemos mais confiar nelas. O homem, ao chegar aos 35 anos, sabe que as imagens de adequação, dureza e veracidade masculinas, recebidas na escola secundária, já não funcionam na vida. Ele está aberto às novas visões do que o homem é, ou podia ser.”

Jesus parecia também não estar muito de acordo com o modelo de homem que a cultura da época tinha. Várias vezes ele questionou a forma que se tratavam as mulheres, as crianças, uns aos outros, o divórcio etc.

>>> Sobre a (in) submissão do masculino <<<

No sermão no domingo passado em minha igreja, o pastor ensinou sobre a passagem onde Jesus fala: “Vocês ouviram o que as escrituras dizem, porém eu vos digo...”. Segundo ele, Jesus não veio anular a lei, mas sim aprofundar. Um exemplo: Não se trata apenas do adultério em si, mas como você cuida do que vê, ou como vê as mulheres – isso tem um grande impacto no que acontece no seu coração, ou no seu interior. Para mim, significou algo como: Pare de viver na superfície achando que você é o que faz ou não faz, mais importante que o que você faz é o que existe no seu interior. Não foque no seu comportamento e sim no seu coração e sua essência.

Pensando sobre isso, acredito que mais importante do que o seu trabalho e sua função de provedor é o que você tem cultivado na sua mente, no seu coração e o que realmente você tem trazido do seu interior para sua família. O que você provê para sua família quando chega em casa exausto e irritado? Qual ensinamento você traz? Qual o produto do seu trabalho? A maior parte dos filhos vê que o pai traz do seu trabalho estresse e mau humor.

Quando Deus criou o homem, antes de mais nada, o criou semelhante a ele mesmo: “Aí ele disse: — Agora vamos fazer os seres humanos, que serão como nós, que se parecerão conosco [...]” (‭‭Gênesis‬ ‭1.26‬, ‭NTLH‬‬‬‬‬‬). Homem e mulher foram criados parecidos com Deus. Depois disso, no capítulo seguinte vemos que Deus criou primeiro o homem e o colocou no Jardim do Éden. Percebemos na narrativa bíblica uma ordem clara: primeiro e, portanto, mais importante é nossa identidade (quem somos), depois nossa função (comportamento).

Trabalho com muitos homens em grupos terapêuticos há 15 anos. Vejo essa confusão diariamente e, principalmente, a falta de masculinidade na maioria dos homens que chegam até mim. Percebo que isso é um fenômeno bem maior do que vejo em meu consultório e em minha igreja. Os homens têm apresentado uma queda na produção de testosterona, o hormônio responsável justamente por impulsionar nossa masculinidade, cada vez mais cedo. Refiro-me a masculinidade como a força interior que nos move em direção à conquista, confronto, agressividade, proatividade, ação etc. A principal coisa que tenho trabalhado com eles para o sucesso na vida familiar é: “O que eu preciso fazer durante o meu dia, para chegar bem em casa à noite?”. Quando o homem chega em casa ao final do dia, ainda existe uma parte tão importante quanto sua profissão, o trabalho não acabou. Existiu o tempo onde o homem saia para trabalhar (por exemplo: caçar) e voltava com algo bem concreto e prático para casa, os filhos e a família podiam ver, tocar e se relacionar com o fruto do trabalho do seu pai. Hoje, o que o homem traz para casa? Stress, irritação e cansaço. Poucas lições tem para compartilhar.

>>> “No começo o Criador os fez homem e mulher” <<<

Sim, eu acredito que o papel de provedor do sustento da família deve ser exercido pelo homem, porém não necessariamente sozinho e nunca como se isso fosse seu mais importante alvo. Um homem demasiado identificado com a função de provedor quer chegar em casa e descansar, um homem que sabe que seu valor não está na sua função sabe que sua família precisa de sua presença integral – corpo e emoções.

Não existem respostas prontas, mas se queremos olhar na direção de uma solução para esta confusão precisamos olhar para o “material” de que somos feitos. Somos feitos à imagem e semelhança do nosso Criador, que escolheu uma linhagem de homens que passaram sua masculinidade aos filhos, até chegar àquele homem que me gerou.

Waldir, meu pai, é o homem mais importante da minha vida, escolhido por Deus para que minhas características como homem chegassem até mim. A honra e respeito com que vejo e trato meu pai tem direta influência em como vejo a minha essência e, portanto, tem uma grande influência de como me comporto como homem.

Temos a tendência de facilmente julgar e condenar nossos pais. Às vezes, até os excluímos dizendo ou pensando: “Eu tenho um Deus Pai, não preciso de nenhum pai aqui na terra”. Quantas vezes ouvi pregadores falarem: “Mesmo que teu pai tenha te abandonado, teu Pai Celeste nunca te abandonará.” Por mais que seja verdade, é uma mensagem excludente e julgadora em relação aos pais terrenos. Quando condenamos nosso pai dessa forma, acabamos perdendo uma conexão profunda com quem nós somos.

Para saber quem eu sou, como homem, preciso olhar na direção do meu pai, buscar a masculinidade quem vem dele. Ele é o canal de transmissão da vida e da minha masculinidade, “escolhido a dedo” pelo Criador. Sou homem por que meu pai é homem, venho de uma linhagem de homens escolhidos por Deus. Não importa se esses homens foram parecidos com o que denominamos de “homens de Deus”. Do jeito que foram com tudo que fizeram, foram os escolhidos.

Quando Deus chamou José para a grande função de ser o pai de Jesus, as primeiras palavras do anjo foram: “José, filho de Davi”. Um homem seguro de sua identidade, que sabe quem é, encontra sua masculinidade no pai e sabe desempenhar qualquer função, até assumir o papel que a mulher tradicionalmente assumiu, cuidando da casa e da educação dos filhos.

Paulo Pimont é Psicólogo formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Terapia Familiar e Constelador Sistêmico. Co-fundador do Instituto Ipê Roxo em Florianópolis, ministra cursos e palestras. É membro da Igreja Presbiteriana Independente do Estreito em Florianópolis, SC.

>>> O feminismo quer redefinir o que é ser homem? <<<

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