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Opinião

O Dia da Bíblia precisa mexer com os pastores

Há pastores descontentes com eles mesmos. Há ovelhas descontentes com seus pastores. Com certa frequência, nos últimos meses, jornais evangélicos estão publicando artigos sobre esse doloroso e quase generalizado descontentamento.

Outro dia, uma ovelha “com sede, com fome, desejosa de aprender e ansiosa para ser discipulada”, queixou-se dos sermões “sem preparo, sem vida, sem graça, sem glória e sem impacto” que ela tem ouvido a vida inteira. Em um levantamento feito com 422 pastores de diversas regiões do Brasil, o líder batista Lourenço Stelio Rega, diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, constatou que 65% deles se sentem incapazes para o exercício do ministério.

A crise é feia. Há pastores “em busca de status, que nunca empunharam o cajado e nunca sentiram o odor da ovelha”, como diz Júlio Oliveira Sanches, outro líder batista. O pastor em crise “não tem como apascentar o rebanho e buscar a ovelha desgarrada”. Ovelhas em crise não podem ter um pastor continuadamente em crise! É um contrassenso.

Por que o quadro geral do ministério anda assim tão ruim? Uma das respostas, talvez a mais significativa, aparece na pesquisa de Lourenço Stelio Rega: “70% dos pastores não estão satisfeitos com o tempo que investem em sua vida devocional”.

Basicamente a vida devocional depende da leitura da Bíblia e de oração. Na leitura da Palavra, ouvimos a voz de Deus. Na oração, Deus ouve a nossa voz. É desse maravilhoso intercâmbio diário e bem feito que o pastor consegue manter sua comunhão com Deus. Por isso, deveríamos levar a sério o Dia da Bíblia, que será comemorado no próximo domingo, dia 14.

Deixando o exercício da oração para outra ocasião, tentemos nos aprofundar no valor da leitura da Bíblia. Na verdade, a leitura da Bíblia é aquele esforço de enxergar toda a riqueza que está por trás de cada versículo, de cada capítulo e de cada página das Escrituras, de relacionar texto com texto, de sugar todo o leite contido na Palavra revelada e escrita, mediante a leitura responsável e o auxílio do Espírito Santo. O problema não é apenas a ausência da leitura mas também a leitura formal, esporádica e desordenada da Bíblia. A ovelha e o pastor, mais este do que aquela, precisam valorizar muito mais a leitura devocional (em busca de Deus) do que as leituras homilética (em busca de sermão), apologética (em busca de argumentos) e supersticiosa (em busca de recadinhos da parte de Deus).

Quem não lê devocionalmente as Escrituras não ouve a voz do Senhor (pois a Bíblia é a Palavra de Deus); não cresce no conhecimento do Senhor (pois a Bíblia é como que a biografia de Deus); não conhece a vontade de Deus em matéria de doutrina e em matéria de comportamento (pois a Bíblia contém a revelação tanto das certezas como dos procedimentos); não recebe aquele alimento que produz saúde espiritual (pois “nem só de pão viverá o homem mas de toda palavra que procede da boca de Deus”); não ganha benefícios de valor inestimável como consolo, correção, disposição, força, entusiasmo, esperança, formação, paz de espírito, pontos de apoio, segurança e tranquilidade (pois a Bíblia é como “uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie”); e não armazena na memória nem nos porões do subconsciente as promessas e os mandamentos para socorro em tempo de vacas magras (pois a Bíblia “vai até o lugar mais fundo da alma e do espírito, vai até o íntimo das pessoas”).

Para haver real e continuado proveito na leitura da Bíblia é preciso valorizar muito mais a qualidade do esforço do que a quantidade de capítulos lidos. Por causa da tradição de ler toda a Bíblia durante o ano, temos sacrificado tremendamente o valor prático da leitura. É preferível gastar uma hora ruminando um capítulo da Bíblia do que ler automaticamente dez ou mais capítulos.

Para sugar o leite da Palavra, é preciso não apenas ler (percorrer com os olhos o que está escrito), mas especialmente meditar na Palavra, isto é, ficar bem por dentro do texto, tanto intelectualmente como espiritualmente, saborear, mastigar, engolir e digerir. O método de consultar passagens paralelas, de relacionar texto com texto, não apenas ajuda a entender o que está escrito como também edifica a alma. Com tantas traduções e paráfrases hoje a nossa disposição, é de todo proveitoso consultar outras versões para compreender melhor o texto lido.

A memorização, não necessariamente a decoração, é outro exercício de grande valor. Memorizar significa meter na cabeça, entregar à memória, reter, armazenar na dispensa interior. É o mesmo que inculcar (Dt 6.7) ou guardar “no fundo do coração” (Pv 4.21). A memorização das promessas, das advertências e do consolo das Escrituras torna possível a lembrança dessas mesmas promessas e advertências em ocasião oportuna. Em qualquer momento, em qualquer circunstância, em qualquer crise e em qualquer lugar, a pessoa que tem a cabeça cheia da Palavra de Deus, consegue retirar da despensa interior o que ali foi armazenado e usufruir outra vez da bênção do Senhor. Por causa desse exercício, ela pode vencer a tentação e a provação, enxugar as lágrimas e passar de cabeça erguida por qualquer crise de qualquer natureza e intensidade. Devemos ser gratos a Deus por este tremendo exercício espiritual que ele coloca em nossas mãos!

Nós, os pastores de hoje, precisamos de uma revolução em benefício próprio, das ovelhas, da igreja e do reino de Deus. Precisamos imitar urgentemente certo líder hebreu: “Esdras havia dedicado a sua vida a estudar, e a praticar a Lei do Senhor, e a ensinar todos os seus mandamentos ao povo de Israel” (Ed 7.10). Por causa desse voto, dessa resolução, alguns anos depois, esse escriba foi o principal instrumento de Deus para que houvesse um grande despertamento em Israel na época do retorno dos judeus que estavam na Babilônia, como se lê em Neemias, a partir do capítulo 8. Tal evento pode acontecer no Brasil, caso os 70% dos pastores do levantamento feito por Lourenço Stelio Rega hoje insatisfeitos com o tempo que investem em sua vida devocional mudarem da água para o vinho!

Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
  • Textos publicados: 115 [ver]

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