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Por Escrito

Nilma Soares: uma canção dedicada ao Senhor

Obituários em tempos de Covid-19
Por Carlinhos Veiga
 
Maio costuma ser um mês belíssimo. Dizem ser o mês das noivas, das famílias. No entanto, esse maio de 2020 tem sido de tristes notícias. No mês em que a pandemia da Covid-19 mostrou sua face mais cruel em nosso país, tomamos conhecimento do falecimento da Nilma Soares. Logo cedo, no dia 19, recebi uma mensagem pública do amigo e irmão Paulo Cézar, do Grupo Logos: “Pessoal eu fui chamado ao hospital bem de manhã.... Nilma descansou e está com o Senhor”. 
 
A vida da Nilma sempre me chamou a atenção. Companheira inseparável de seu esposo Paulo, encontrá-la era motivo de grande alegria. Por onde passava se mostrava sempre muito educada, sorridente e incentivadora de pessoas e ministérios. Lembro-me como foi emocionante conhecer pessoalmente o casal em 1985, no Acampamento Louvor em Brasília. Depois disso nossos encontros tornaram-se constantes no Som do Céu, em congressos e eventos musicais por esse Brasil. E sempre, a simpatia era a mesma. Mas a Nilma tinha um quê de pessoalidade, creio que mais próprio das mulheres. Perguntava-me sobre a Claudia, nossos filhos, nossa casa, nossa vida.
 
Nascida em março de 1946, segunda de quatro filhos, frequentou na sua infância e juventude a Igreja Congregacional de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Aos 26 anos, atendendo ao chamado do seu Senhor, seguiu para Atibaia, interior de São Paulo, a fim de estudar no Seminário Bíblico Palavra da Vida. Mal sabia o que a aguardava adiante. Um jovem amigo da mesma igreja, o Paulo Cezar, também havia se matriculado no seminário e ali, distante de casa, a amizade foi fortalecida e algo a mais foi despertado. Talentosos, passaram a integrar os conjuntos e octetos que acompanhavam os evangelistas do Palavra da Vida nas campanhas em igrejas, escolas, praças e até manicômios. Desses conjuntos participava também um outro jovem talentoso, Jairinho Trech Gonçalves. Aos 28 anos, Nilma se casou com o Paulo e desde então as identidades dos dois se fundiram de tal forma que não dava para imaginar um sem o outro.
 
Concluído o seminário, o Paulo Cézar iniciou o trabalho como pastor na plantação de uma nova congregação. Mas foi por pouco tempo. Logo o Senhor o direcionou, juntamente com a Nilma, para novos campos. Surgia em 1976 o Grupo Elo, numa parceira com Jairinho e Dick Torrans.
 
Depois de gravar os álbuns “Calmo, sereno e tranquilo” (1976) e “Nova Jerusalém” (1977), o Elo lançou o terceiro LP, “Ouvi Dizer”, no congresso Geração 79, em São Paulo. A participação do grupo foi muito marcante e inspirou jovens de todo país. Chegaram a gravar mais um disco em 1980, mas foram surpreendidos com o falecimento do Jairinho, sua esposa Hélia e o filho caçula André, vítimas de um acidente automobilístico em abril de 1981. Foi um baque enorme para Paulo e Nilma.
 
Depois de um tempo de silêncio e oração, procurando ouvir a voz de Deus, Paulo e Nilma iniciaram o Grupo Logos, no dia 12 de outubro de 1981. Não tinham recursos, mas Deus mesmo estava abrindo as portas. Os jovens que vieram para integrar o novo grupo foram recebidos pelo casal em sua casa. Imagino como deve ter sido difícil para Nilma conciliar o ministério e a lida doméstica, cuidando dos filhos Keilah, Paulinho e Priscilla, enquanto seguia no ministério que cada vez mais demandava atenção e cuidado. Lembro-me de ter encontrado toda a família no acampamento da MPC, Belo Horizonte, em 1986. A brincadeira das crianças, o sorriso sempre pronto da Nilma e a disposição do Paulo Cezar que topava participar até mesmo dos esquetes na noite de sábado. Inesquecível!
 
Nilma prosseguiu ininterruptamente no ministério até que em 2012, por recomendações médicas, precisou se afastar das viagens. Havia sido diagnosticado um câncer de mama. Incentivadora do ministério do marido, o liberou para prosseguir viajando com os demais integrantes do Logos, enquanto permanecia no tratamento em São José dos Campos. Em 2014, com o fim das quimioterapias, retornou ao grupo. Em março de 2015, já cansados das estradas longínquas dentro de vans e ônibus, desfizeram a formação da banda e seguiram sozinhos, reduzindo a estrutura e cantando com o auxílio de playbacks. O clamor para que continuassem como antes foi geral. No entanto, Nilma aos 69 anos de idade, recém vinda de uma árdua luta contra o câncer, precisava de outro ritmo. As viagens eram muito desgastantes. Estive em Jacundá, no Pará, há alguns anos atrás e lá fiquei sabendo que naquela altura o único grupo que visitava a região, periodicamente, percorrendo a Transamazônica, era o Logos. 
 
Em abril deste ano, a Nilma não se sentiu bem. Uma dor no braço esquerdo a incomodava. Depois de um apurado exame, os médicos concluíram que ela havia sofrido um infarto e que necessitaria de uma cirurgia. O quadro era mais grave do que se imaginava, resultando em sete horas de uma cirurgia minuciosa.
 
Infelizmente a sua recuperação não foi possível. Na manhã do dia 19 de maio, Nilma partiu numa viagem, dessa vez sozinha, para cantar as canções suaves e melodiosas, que a caracterizaram, diante do trono de Deus. Foram 48 anos de ministério, 46 deles ao lado do Paulo Cezar, seu amigo de infância e grande amor. Hoje o Grupo Elo celestial recebeu reforço no coro “Mais perto quero estar”. Enquanto isso, o Logos segue por aqui, entoando “Quem tem posto a mão no arado, não pode olhar para trás”. Sentiremos a falta da Nilma. Mas será por breve tempo, graças a Jesus, o Senhor, o “Autor da minha fé”. Aleluia!

• Carlinhos Veiga é pastor, músico e jornalista. 
 
Foto: Arquivo da família de Paulo e Nilma Soares.

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