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Opinião

MPB, livros, igreja e saúde integral: Uma conversa com Edson Barbosa

Por Phelipe Reis

Um apreciador de carteirinha da música popular brasileira. Pai de quatro filhos, avô de sete netos e viúvo há quase duas décadas. Aos 74 anos, Edson Barbosa encara a velhice como um projeto de vida e diz que a melhor idade e a melhor época são as que vive hoje. Após cinquenta anos de pastorado, se prepara para encerrar suas atividades ministeriais até o final de 2018, “para buscar um pouco de descanso e a liberdade de poder ir sem saber se e quando volto”, conta.

Tive a grata surpresa de conhecer Edson Barbosa recentemente, no Paraná, em um seminário de capacitação na área de desenvolvimento comunitário, promovido pelo Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral (Cadi). A fala do pastor, sobre sanidade integral, foi curta – ocupou apenas uma das manhãs de uma semana intensa de estudos –, mas suficiente para cativar os ouvintes. E cativa não por proferir elaborados discursos teológicos, mas porque é um excelente contador de histórias.

Edson é alguém para quem você facilmente abriria a porta de sua casa e o convidaria para uma boa xícara de café, como pretexto para uma longa conversa, claro. Também é o tipo de sujeito que dispensa apresentação, ouvir suas histórias e experiências é suficiente. Mas em consideração a quem nos lê, preciso fazer um resumo.

Edson é o caçula de oito filhos, nascido no Rio de Janeiro em uma família cuja casa era um terreiro de umbanda. Durante a semana era levado por sua mãe a participar de sessões espíritas. Seu encontro com Cristo se deu aos quinze anos. Teólogo formado pelo seminário Metodista João Wesley, Edson pastoreou um punhado de igrejas no sul do Brasil, foi Diretor Regional Sul da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo, e em 1984 fundou o projeto Renovo, que consistia em “grupos de pastoreio mutuo, onde homens e mulheres de Deus encontrassem um ombro amigo”. Pós-graduado em residência hospitalar na área de clínica pastoral, nosso entrevistado acumulou profunda experiência em aconselhamento terapêutico.

Minha conversa com Edson chega ao leitor em duas partes. Na primeira, escrita, além de falar de sua formação e experiência em cuidado integral, Edson comenta sobre como o tema é tratado no meio evangélico e encerra com uma confissão. Na segunda parte, em vídeo, gravada durante o Sedec, minha conversa com Edson foi sobre música popular brasileira, literatura, projetos de livros, igreja, crianças, juventude e velhice. Então, puxe a cadeira, pegue um café e aprecie esse bate-papo.

Fale um pouco de sua formação e experiência na área de sanidade e cuidado integral.

Edson Barbosa: Meu perfil ministerial sempre pendeu para á área de aconselhamento. Ao longo dos cinquenta anos de pastorado sempre estudei tudo o que estava ao meu alcance para poder ser relevante nesta área. Em 2002, já tendo experiência significativa em Capelania Hospitalar, fui convidado para fazer um curso denominado Escuela Internacional en Educacion Clinica Pastoral, promovido pelo Centro Médico Bautista, em Assunção, Paraguai. O curso era a nível de pós-graduação e tinha uma carga horária de quatrocentas horas e só podia ser feito mediante residência hospitalar. Eu era o aluno mais velho e com uma bagagem já formada na área e esta foi uma oportunidade que expandiu muito o horizonte do meu conhecimento a cerca do assunto. Este hospital é uma filial de um Hospital Americano da Flórida e é parte de um complexo Universitário em Assunção. Eu tinha aulas diárias pela manhã e estagiava em todas as áreas do hospital no período da tarde e noite. Todo o corpo Docente do Curso era formado por médicos de diferentes especialidades e cada paciente do hospital era acompanhado por três profissionais: um médico clínico, um psicólogo e um capelão. Vale destacar que em toda América Latina não existe nada semelhante nem parecido, em que o capelão é um considerado um profissional da área de saúde e responsável por toda intermediação entre hospital, pacientes e familiares. Eu voltei ao Brasil cheio de planos e esperanças de implantar algo semelhante no Brasil, onde se tem uma visão ainda muito limitada a cerca de capelania, muito mais presa a uma abordagem religiosa do que a uma ferramenta de sanidade integral, o que naturalmente inclui a dimensão espiritual. Cheguei a atuar na capelania do Hospital Evangélico de Curitiba, ministrando juntamente com o Capelão Coordenador todo o conteúdo teórico do curso (ele também tinha estudado lá), e na ocasião dezoito capelães que atuavam na instituição foram ministrados por nós. Mas não havia nenhum interesse em implantar, mesmo que a médio prazo, um programa como o que defendíamos.

As igrejas evangélicas são ambientes propícios para a sanidade integral?

Não. Penso que nossas comunidades locais nem se quer tem noção do que é a dimensão sistêmica da saúde humana. Por isso se tornam ambientes enfermos e enfermantes ao invés de comunidades sadias e sanadoras.

Quais os principais problemas que você observa com mais frequência no meio evangélico que comprometem a sanidade integral?

A falta de percepção da espiritualidade como um item de sanidade. Desde 1984 a Organização Mundial da Saúde catalogou a espiritualidade como um item de saúde. Nos últimos anos vários setores de ambiente científico têm divulgado artigos, escrito, livros, emitido documentos, chamando atenção para a realidade da importância do conteúdo da fé, na análise de saúde como uma realidade sistêmica. Mas no ambiente religioso isto tem sido ignorado e nos currículos de seminários a formação “pastoral” tem sido muito precária, formando gerações de pastores e pastoras com pouco ou quase nenhum preparo para uma das mais árduas tarefas que lhes espera: cuidar dos feridos que chegam cada vez em maior quantidade ao nosso ambiente eclesial, particularmente neste alarmante tempo de dores e de relativização de valores nos quais estamos vivendo.

Algumas dicas práticas para o cristão cultivar uma boa sanidade integral:

Primeiro aceitar que espiritualidade tem a ver com saúde e que Deus nos criou corpo, alma e espírito, como uma realidade sistêmica; que não pode viver de modo independente ou dissociada deste elo, que as conecte numa mesma perspectiva da criação divina, convidando-as a que sua integralidade lhes conceda de vivenciar a realidade denominada por Cristo de vida abundante! Não confundir a realidade da vida cristã, como o exercício de uma mera prática religiosa, mas sim como um estilo de vida que reflete a inteireza e a plenitude do Criador!

O senhor diz que é uma pessoa com muitas perguntas para as quais não encontrou respostas. Aos 74 anos, quais as perguntas mais difíceis com as quais convive e que continuam sem respostas?

Nós temos a tendência “religiosa” de ter explicação para tudo e temos o péssimo costume de dar respostas muito simplistas para questões muito sérias. Quando afirmo ter mais perguntas do que respostas, é minha confissão de minha insignificante compreensão deste Universo, embora tenha sempre uma fé viva de que o Senhor da História não perdeu o controle da mesma e que a última Palavra veio, vem e virá sempre da sua boca! Minha mente ainda é maculada pela realidade do pecado, e isto me impede de ver a grandiosidade do pleno governo de Deus sobre tudo e sobre todos, embora creia nesta realidade com todo o meu ser.


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