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Opinião

#MeToo, #ChurchToo? Violência sexual na igreja também

Por Elsie Cunha Gilbert

*Artigo originalmente publicado na edição 376 da revista Ultimato.

O movimento #MeToo surgiu em 2017 nas redes sociais e provocou a queda de mais de duzentos homens proeminentes na vida pública norte-americana entre outubro de 2017 e outubro de 2018, um acréscimo de mais de 500% quando comparado ao ano anterior. O primeiro da lista a ser exposto foi Harvey Weinstein, o homem-forte de Hollywood. Até o final de 2018, cerca de noventa mulheres alegaram ter sido alvo de assédio sexual por parte de Weinstein. Destas, dezesseis qualificam o que aconteceu como estupro. 

O #MeToo combate a perniciosa tendência na sociedade atual de desmentir e desqualifi-car as vítimas, em sua maioria mulheres e crianças, quando estas denunciam atentados à sua dignidade sexual. O caso da ministra Damares é emblemático: um líder religioso foi protegido pela igreja causando dor incomensurável à criança.

Milhares de mulheres ao redor do mundo encontraram no #MeToo uma hashtag simples e um passo corajoso para vir a público com suas histórias. Muitos homens aderiram ao movimento, declarando-se de alguma forma parte do problema por não terem ouvido as vítimas de assédio ao seu redor. O #MeToo é apontado como propulsor das mais de qui-nhentas denúncias de crimes sexuais, no Brasil, contra o médium João de Deus, preso em 16 de dezembro de 2018. Em 2010 já existiam acusações contra ele.

Na esteira do movimento #MeToo surgiu o #ChurchToo (IgrejaTambém), cujo foco é o combate ao assédio sexual na igreja. A crise sobre o tema do abuso sexual na Igreja Ca-tólica atingiu tal proporção em 2018 que levou o papa Francisco a convocar os chefes de todas as conferências de bispos católicos do mundo para uma conferência especial entre 21 e 24 de fevereiro deste ano.

Em abril de 2018, o pastor Bill Hybels, escritor e conferencista com influência internaci-onal no meio evangélico, fundador de uma das maiores megaigrejas norte-americanas, a Willow Creek Church, abdicou de seu cargo em virtude de acusações de assédio sexual que teria sido praticado por ele contra sete mulheres durante seus 43 anos de ministério pastoral. Bill Hybels nega qualquer desvio nessa área.

No cerne do escândalo da Willow Creek Church, assim como nas centenas de depoimen-tos que ora circulam pelos meios de comunicação envolvendo outras igrejas evangélicas nos Estados Unidos, está a negligência eclesiástica. Levou quatro anos a contar da pri-meira denúncia de assédio sexual para que as alegações fossem ouvidas com a seriedade devida. E isso se deu apenas depois da exposição do problema pela mídia local com re-percussão nacional. Todos os líderes do conselho da Willow Creek renunciaram a seus cargos em admissão aos erros que cometeram no manejo das alegações.

A pessoa numa posição de poder que usa o constrangimento (sim, as cantadas também contam), a coerção e até a força física para praticar atos libidinosos não consensuais co-mete crime repugnante. Esse fato não é novo. A novidade está no combate à tolerância cultural dessas práticas. O que faz vista grossa também precisa ser repudiado. Facilitar a impunidade não é delito do agressor, mas da sociedade que o tolera.

A conferência Reflexões: Uma Consulta sobre a Resposta ao Assédio Sexual, Abuso e Violência da GC2,1 ocorrida em dezembro de 2018 e apoiada pelo Billy Graham Center, em Wheaton, Illinois, reuniu mais de quinhentos líderes e foi apontada pela revista Christianity Today como o maior esforço interdenominacional da igreja evangélica de resposta à violência sexual desde o #MeToo. Nessa conferência vários autores e confe-rencistas de renome como Max Lucado e Beth Moore se declararam vítimas de abuso sexual e exortaram a igreja não só a acolher, mas também a defender a vítima, quebrando o silêncio e promovendo a justiça.

Boz Tchividjian, neto de Billy Graham, se posiciona sobre o movimento #ChurchToo da seguinte maneira: “Eu realmente creio que as igrejas precisam entrar numa fase de lamen-to e reconhecimento do fracasso em compreender, lidar e confrontar esses horrores”. Tchividjian lidera o GRACE (Godly Response to Abuse in the Christian Environment), um ministério dedicado ao combate da violência sexual na igreja desde 2003.

O apelo de Tchividjian vale para o Brasil. Eis a pergunta que toda congregação é convo-cada a responder com seriedade: O que vamos fazer para que a igreja seja um espaço seguro e acolhedor de todas as pessoas, e em especial daquelas que foram ou são vítimas da violência sexual?

Nota
1. GC2 quer dizer Great Commission e Great Commandment (Grande Comissão e Grande Mandamento)
.

• Elsie Cunha Gilbert é jornalista e editora do blog da Rede Mãos Dadas.
 
Leia mais
» As mulheres na Ultimato de março/abril
» Primeiros passos para uma igreja garantir um ambiente acolhedor e seguro para todos
 

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