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Opinião

Darwinismo hoje: impressões sobre o 2º Simpósio da Mackenzie

Guilherme de Carvalho

É possível um debate inteligente sobre darwinismo e Design Inteligente no Brasil? A julgar pelo clima belicoso, cultivado cuidadosamente na grande mídia e na blogosfera, muita gente já respondeu "não", e eu me contava entre os pessimistas até participar do 2º Simpósio Internacional da Mackenzie, "Darwinismo Hoje".

O simpósio incluiu vários nomes importantes: John Lennox, professor de matemática e de filosofia da ciência na Universidade de Oxford; Paul Nelson, pesquisador do Discovery Institute e professor da Universidade Biola; e Marcos Eberlin, professor da Unicamp, defenderam a posição do Design Inteligente. Adauto Lourenço também foi convidado a apresentar um minicurso sobre o criacionismo. Do lado evolucionista estavam Aldo Mellender de Araújo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Gustavo Caponi, da Universidade Federal de Santa Catarina. O jornalista Maurício Tuffani comentou sobre o comportamento da grande mídia no trato da questão (para mais detalhes sobre a titulação e atividade de cada um, clique aqui). Mas falemos um pouquinho sobre as palestras e as ideias de cada um.

As palestras e as ideias
Os defensores do Design Inteligente (ou "DI") trataram de temas bastante diferentes, embora claramente interligados. O professor Lennox, que abriu o simpósio na segunda à noite falando sobre "A origem da vida e os novos ateus" e tratou no terceiro dia dos "Fundamentos da moralidade", soube explorar algumas das principais fraquezas da dobradinha evolucionismo/ateísmo: a incapacidade do materialismo em sustentar qualquer fundamento claro para a inteligibilidade do universo (citando explicitamente o doutor John Polkinghorne), as evidências de sintonia fina (“fine-tunning”) no universo, que constituem um argumento teísta completamente independente da biologia evolucionária (o chamado "macro-design"), e as dificuldades imensas de fundamentar uma ética plenamente humana no darwinismo.

O professor Paul Nelson destacou a evidência científica contrária à macroevolução, levantada recentemente a partir de estudos genéticos, citando o ataque à "Árvore da Vida" de Darwin (o seu modelo de "especiação" ou multiplicação de espécies de seres vivos a partir de um ancestral comum), publicado pela revista New Scientist, e demonstrou a origem surpreendentemente teológica dos argumentos darwinistas contra o DI, que se apoiam nas alegadas "imperfeições" como evidências de seleção natural não-inteligente. Na segunda palestra, destacou a dificuldade do darwinismo de lidar com o fenômeno da consciência, com a realidade do mal e com a exigência de uma ética genuína.

Já o professor Marcos Eberlin seguiu uma abordagem mais didática, apresentando as ideias básicas do DI, primeiro em uma oficina no terceiro dia do simpósio e depois na plenária "Fomos planejados: a maior descoberta de todos os tempos" (que por sinal foi extremamente instrutiva). O professor foi pródigo em apresentar massas de evidência bioquímica e genética de altos níveis de "complexidade irredutível", corroborando a abordagem lançada por Michael Behe em "Darwin's Black Box" ("A Caixa Preta de Darwin", publicado no Brasil pela Jorge Zahar Editor). O pesquisador Adauto Lourenço apresentou um mini-curso sobre criacionismo para clarear as ideias dos curiosos sobre o assunto e prepará-los melhor para a discussão.

Os evolucionistas ateístas presentes limitaram-se a um tratamento também didático da questão, procurando esclarecer com precisão os fundamentos do darwinismo contemporâneo. O professor Aldo Mellender falou sobre "Darwin ontem e hoje: 150 anos de 'A Origem das Espécies'", oferecendo um esclarecedor histórico do desenvolvimento da teoria, desde seus antecessores até desdobramentos recentes como a sociobiologia e a explicação evolucionária do comportamento altruísta, e a contemporânea biologia evolutiva do desenvolvimento (a famosa Evo-Devo). Em sua oficina o professor introduziu os ouvintes ao complexo problema das correntes no darwinismo contemporâneo -- onde a situação é talvez um pouco mais confusa do que se imagina. Gustavo Caponi apresentou um minicurso sobre evolucionismo, explanando detalhadamente o conceito de "seleção natural", e fez uma exposição informativa sobre a principal obra de Darwin: "A Origem das Espécies". Ambos expressaram a visão, quase consensual entre darwinistas ateístas, de que se pode falar no máximo em uma "teleologia naturalizada", na forma de um determinismo mecânico, mas não de teleologia genuína.

O debate
Na última sessão deu-se o esperado "pinga-fogo": a mesa redonda com todos os participantes (exceto o professor Adauto Lourenço), que responderam a questões formuladas a partir das perguntas feitas ao longo de todo o simpósio. Em termos de lucidez e de gentileza é preciso dizer que ambos os "lados" empataram (ou que ambos igualmente venceram). Em especial precisamos destacar a atitude respeitosa e dialógica dos professores Paul Nelson (DI) e Aldo Mellender (evolucionista). Quisera Deus que muitos cristãos tivessem o espírito daquele filósofo ateu e que muitos ateístas tivessem a oportunidade de conversar com um teísta como Paul Nelson.
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É teólogo, mestre em Ciências da Religião e diretor de L’Abri Fellowship Brasil. Pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte e presidente da Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares, é também organizador e autor de Cosmovisão Cristã e Transformação e membro fundador da Associação Brasileira Cristãos na Ciência (ABC2).
  • Textos publicados: 37 [ver]

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