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Palavra do leitor

VIPóide

Desconheço quando e em que circunstância, alguém ou eventualmente um grupo de pessoas de língua inglesa cunhou a expressão VIP, uma sigla para Very Important People. Traduzindo para o nosso português, pessoas muito importantes! Hoje fala-se em festas VIP, lojas VIP, restaurantes VIP. Os bancos têm suas alas VIPs, cada um com uma denominação própria. Até empresas de transporte rodoviário intermunicipal têm nas rodoviárias suas salas VIP. Tudo para diferenciar e dar exclusividade a quem quer, podendo ou não, um pouco mais de conforto, luxo ou destaque.

Filosofando ou “teologicando”, todo e qualquer ser humano na face da terra é muito importante! Mas os tratados como VIPs são aqueles que têm ou parecem ter uma conta bancária pouco mais farta ou uma aparência cabível em qualquer mídia social. E se existem os VIPs, existem os VIPóides. Parece, mas não é. Tratado com uma certa distinção aqui e ali o VIPóide vai, via de regra, inflando o ego até esquecer que a vulnerabilidade e o abismo da idiotice moram logo ao lado. Descobri, para meu desespero e vergonha, que sou dessas!

Faz alguns meses voltava para casa próximo às sete da noite depois de um dia de trabalho e pouco mais de uma hora na academia. Chovia bastante, mas ainda assim decidi parar em uma loja no caminho. Nunca havia estado lá mas aproveitaria a localização estratégica no trajeto usual para voltar para casa. Fui me aproximando do local quando percebi, ainda de dentro do carro, duas funcionárias no caixa que pareciam arrumar alguma coisa. Havia uma vaga bem na entrada do estabelecimento. Posicionei o carro de forma precisa e, antes que desligasse os faróis, vi as duas funcionárias se entreolharem e uma delas correr para a porta de vidro que dava acesso à loja e virar a placa que nela estava pendurada. De repente, o ABERTO se mostrou para mim FECHADO! Eram exatamente dezoito horas e cinquenta e três minutos.

Fiz sinal com as mãos questionando se a loja havia mesmo fechado e a moça de lá assentiu que sim. Engatei a marcha ré, sai da vaga e segui para casa. Com raiva. Tive como absurdo o fato dela virar a placa só ao perceber que havia parado o carro. Sou cliente, tenho direitos, em tempo de crise a loja precisa vender e eu estava ali para comprar. Ensaiei até o que diria ao ligar para lá no dia seguinte reclamando com a gerente sobre o que havia acontecido na noite anterior.

Porém alguns metros depois, de dentro do meu carro confortável, sem uma gota de água dentro dele em meio àquela chuva torrencial; com o ar condicionado na temperatura que eu havia escolhido; as marchas sendo trocadas automaticamente pelo próprio veículo e ouvindo alguma música que provavelmente falava alguma coisa sobre Deus, senti vergonha. Aquelas duas moças talvez fossem voltar para casa de ônibus. Talvez fossem se molhar muito até chegar ao ponto ou mesmo enquanto esperassem o transporte. Talvez só fossem chegar em casa algumas horas depois, encharcadas e exaustas, diferente de mim que estaria seca e em poucos minutos dentro de um apartamento belo e bem decorado.

Não era uma farmácia. Eu não precisava de uma medicação urgente ou que pudesse salvar uma vida tampouco aliviar uma dor. Era supérfluo o que precisava comprar. Pedi perdão a Deus e me vi precisando fazer, uma vez mais, a oração do publicano: “Senhor, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lucas 18:13). Quando as posições que ocupamos esmagam as pessoas e nos impedem de olhar com sensibilidade a necessidade alheia, não passamos de hipócritas e arrogantes. E assim posso parafrasear mais uma oração, desta vez do apóstolo Paulo: “Miserável mulher que sou! Quem me livrará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! ” (Romanos 7:24).

Larissa Santos Novais
Salvador, 10 de Outubro de 2016
Salvador - BA
Textos publicados: 6 [ver]
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