Um dia, muitos dias

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Há um ditado popular que diz que nada é tão ruim que não possa piorar. Há uma mulher, dentre as várias citadas na Bíblia, que creio ter vivenciado isso bem de perto. Ela havia ficado viúva (não há especificação de há quanto tempo isso ocorrera e desnecessário é dizer o quão terrível é ver-se nessa situação), com um filho para criar.

Viuvez, um filho...ruim, não é mesmo? Ficou pior: eles estavam prestes a morrer de fome. Elias, um dos mais destacados profetas da história de Israel, depois de um tempo de reclusão é orientado a dirigir-se para a cidade onde esta mulher morava, Sarepta, porque Deus o havia dito que lá ordenara "que uma mulher viúva te dê comida" (I Reis 17:9). Você não entendeu errado. É isso mesmo: Deus havia ordenado a uma viúva que não tinha comida suficiente para si e seu próprio filho a alimentar um homem que ela não conhecia.

Elias chegou à porta da cidade e, diz o texto, viu uma mulher apanhando lenha. Ele a chamou e pediu uma vasilha de água para beber. Ao voltar com a vasilha Elias então pede um bocado de pão. Não sei se aquela mulher atendeu ao primeiro pedido de Elias por educação ou constrangimento (era um homem quem a pedia, numa sociedade absolutamente patriarcal). Mas diante do segundo pedido ela não hesitou em dizer: "tão certo como vive o Senhor, teu Deus, nada tenho cozido; há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de comida para mim e para meu filho; comeremos e morreremos" (I Reis 17:12).

A resposta que Elias deu a ela foi a mesma que Deus muitas vezes nos dá diante de situações de absoluto desespero: "não temas" (I Reis 17:13). E ainda foi mais longe: pediu à mulher que, depois de preparada a comida, trouxesse primeiro para ele e só então ela e o filho comeriam! Se Elias tivesse parado por aqui confesso que o teria como um homem arrogante e mal-educado. Mas em seguida, esse homem de Deus preferiu: "porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija não faltará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra" (I Rs 17:14). Aqui abro parêntese para explicar que fazia três anos não chovia em Israel e, portanto, a produção de alimentos estava prejudicada.

Honestamente não consigo explicar como, mas aquela mulher creu e obedeceu. Os dois versículos seguintes dizem: "foi ela e fez segundo a palavra de Elias; assim, comeram ele, ela e a sua casa MUITOS DIAS. Da panela a farinha não se acabou e da botija o azeite não faltou, segundo a palavra do Senhor...". Gostaria de enfatizar: ela teve apenas um dia para obedecer, e o fez. Mas a repercussão disso se deu não por um, mas por muitos dias!

Faz algumas semanas que li esse texto novamente e fiquei a pensar como a decisão que aquela mulher tomou no dia em que Elias se apresentou a ela, pôde abençoá-la por muitos dias! E a decisão foi obedecer à palavra do Senhor, pois não era simplesmente um capricho de Elias. Você já se perguntou o quanto decisões tomadas em dias ímpares da sua vida podem afetá-la por muitos dias? Já parou para pensar o quanto decidir obedecer a Deus em um dia único pode te abençoar por muitos dias? E, ao contrário, já pensou o quanto negligenciar suas ordenanças em um único momento pode ter repercussões diárias, semanais, mensais e até eternas?

Às vezes basta um único dia de decisão de obedecer e crer para ter longos dias de paz e provisão. Como meu sobrinho cantava para eu dormir há pouco mais de dois anos, "obedecer a Deus é sempre o melhor, pois Ele é fiel e cumpre o que diz". Amanhã ele completa seis aninhos. Tomara que essa música ainda esteja no coração e nos lábios dele. Tia Lari está mesmo precisando ouvir isso. Afinal, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.

Larissa Santos Novais

Salvador, 15 de Setembro de 2017

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Opinião do leitor