Palavra do leitor
- 11 de abril de 2018
- Visualizações: 1258
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Si hay ideologia, soy contra
por Delmo Fonseca*
Com alguma frequência tenho escrito sobre o quanto a ideologia é danosa, seja de esquerda ou direita, vermelha ou amarela, religiosa ou agnóstica. "Si hay ideologia, soy contra". A ideologia causa torpor, histeria, fanatismo, idolatria e indolência. O país atravessa um momento histórico em que vemos diversas ideologias sendo expostas. Ideologias políticas, por exemplo, estão a mostrar suas vísceras, de modo que amizades são desfeitas, agressões são cometidas e justificadas de parte a parte em defesas de seus ídolos.
Nesse caso, a ideologia se configura efetivamente como "religião política", como assinalou com muita propriedade o filósofo Eric Voegelin: "E por isso mesmo é que as ideologias podem dizer-se ‘religiões políticas’, ou seja, porque pretendem substituir aquilo que, de uma maneira ou de outra, verazmente ou falsamente, sempre regeu as cidades ou sociedades: a religião".
Seguidores de ideologias, ainda que confessem alguma simpatia pelo evangelho, quando chamados a defenderem a cosmovisão cristã o fazem com reservas. Tal fato se dá por acreditarem na possibilidade de conciliação entre o reino de Deus e o reino dos homens. Não há conciliação, por exemplo, entre o Cristianismo e o Marxismo, uma ideologia que apregoa que a matéria é eterna, incriada, indestrutível, sempre em movimento; que tudo pode ser explicado pela dialética material e que o espiritual não passa de uma ficção. Já o Cristianismo professa que o mundo material foi criado por Deus. "Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste" (Sl 89.11).
Se o próprio Marx rejeitava a religião, considerando-a "ópio do povo", o que posteriormente seria um absurdo a ideia de "marxistas cristãos", como pode ser concebido a figura do "cristão marxista"? A ideia é surreal, mas o fato é que nossas "igrejas" estão repletas de pastores e padres marxistas. O ateísmo é um pressuposto marxista, mas há quem veja nisso um mero detalhe. O que é dado como irrelevante, passa a ser a porta de entrada para tantas outras ideologias, como a aplicação do "politicamente correto" na liturgia, por exemplo. Há meio termo? De forma alguma. "Que harmonia há entre Cristo e Belial?" (2Co 6.15).
Não bastasse a evidente incompatibilidade entre a cosmovisão cristã e o materialismo histórico, há quem desconheça as duas coisas e acabe por embarcar na "nau da estupidez", isto é, defende o socialismo mas não abre mão das benesses do capital, o que comumente atende pelo nome de "esquerda caviar". Outra coisa: quem não é de esquerda é necessariamente de direita? Se o fato de ver o mundo pela ótica do evangelho for configurado como um olhar conservador, que assim seja. Ao menos há a garantia de que o evangelho não é uma ideologia, pois "si hay ideologia, soy contra".
*Delmo Fonseca prega todos os domingos na Comunidade Cristã Graça e Vida - Rio de Janeiro. Mais informações: www.gracaevida.rio.br
Com alguma frequência tenho escrito sobre o quanto a ideologia é danosa, seja de esquerda ou direita, vermelha ou amarela, religiosa ou agnóstica. "Si hay ideologia, soy contra". A ideologia causa torpor, histeria, fanatismo, idolatria e indolência. O país atravessa um momento histórico em que vemos diversas ideologias sendo expostas. Ideologias políticas, por exemplo, estão a mostrar suas vísceras, de modo que amizades são desfeitas, agressões são cometidas e justificadas de parte a parte em defesas de seus ídolos.
Nesse caso, a ideologia se configura efetivamente como "religião política", como assinalou com muita propriedade o filósofo Eric Voegelin: "E por isso mesmo é que as ideologias podem dizer-se ‘religiões políticas’, ou seja, porque pretendem substituir aquilo que, de uma maneira ou de outra, verazmente ou falsamente, sempre regeu as cidades ou sociedades: a religião".
Seguidores de ideologias, ainda que confessem alguma simpatia pelo evangelho, quando chamados a defenderem a cosmovisão cristã o fazem com reservas. Tal fato se dá por acreditarem na possibilidade de conciliação entre o reino de Deus e o reino dos homens. Não há conciliação, por exemplo, entre o Cristianismo e o Marxismo, uma ideologia que apregoa que a matéria é eterna, incriada, indestrutível, sempre em movimento; que tudo pode ser explicado pela dialética material e que o espiritual não passa de uma ficção. Já o Cristianismo professa que o mundo material foi criado por Deus. "Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste" (Sl 89.11).
Se o próprio Marx rejeitava a religião, considerando-a "ópio do povo", o que posteriormente seria um absurdo a ideia de "marxistas cristãos", como pode ser concebido a figura do "cristão marxista"? A ideia é surreal, mas o fato é que nossas "igrejas" estão repletas de pastores e padres marxistas. O ateísmo é um pressuposto marxista, mas há quem veja nisso um mero detalhe. O que é dado como irrelevante, passa a ser a porta de entrada para tantas outras ideologias, como a aplicação do "politicamente correto" na liturgia, por exemplo. Há meio termo? De forma alguma. "Que harmonia há entre Cristo e Belial?" (2Co 6.15).
Não bastasse a evidente incompatibilidade entre a cosmovisão cristã e o materialismo histórico, há quem desconheça as duas coisas e acabe por embarcar na "nau da estupidez", isto é, defende o socialismo mas não abre mão das benesses do capital, o que comumente atende pelo nome de "esquerda caviar". Outra coisa: quem não é de esquerda é necessariamente de direita? Se o fato de ver o mundo pela ótica do evangelho for configurado como um olhar conservador, que assim seja. Ao menos há a garantia de que o evangelho não é uma ideologia, pois "si hay ideologia, soy contra".
*Delmo Fonseca prega todos os domingos na Comunidade Cristã Graça e Vida - Rio de Janeiro. Mais informações: www.gracaevida.rio.br
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 11 de abril de 2018
- Visualizações: 1258
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- Razão da fé não é fé da razão
- Graça ou obras?
- Você nunca perderá sua Salvação #01
- Porque Deus é bom
- "Pastoral" nos dois sentidos!
- Cruz: perdão ou tolerância?
- Antoine de Saint-Exupéry: 80 anos da partida do piloto poeta
- Feliz dia da verdade
- Haverá algo que esteja no seu devido lugar ou no seu estado?
- Somos santos ou não?