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Palavra do leitor

Pregações, pregadores e pregas

Não me considero tradicionalmente religioso, mas transito por este espaço, por conta de minha formação acadêmica e fé evangélica. Já fui convidado para compartilhar minhas impressões do texto bíblico em alguns lugares, como casas, presídios, ruas e templos. Aceito os convites sem hesitar, pois gosto de pessoas e principalmente das Sagradas Escrituras. Não há nada mais belo e profundo do que ler, estudar e recontar o que Deus tem falado à humanidade por meio da sua Palavra viva, Jesus Cristo.

Nessa caminhada que vai do quarto ao púlpito, ou seja, da meditação a partir do texto bíblico (exercício íntimo e pessoal) até o compartilhar diante de uma multidão ou de um pequeno grupo (atividade pública), experimentei muita coisa. Em ambientes públicos, já fui criticado por não ser engraçado e não fazer uma pregação estilo "stand up". Fui conduzido para fora de uma reunião de empresários após falar sobre dinheiro na perspectiva do livro de Eclesiastes, e nunca mais fui convidado novamente. Tive que usar gravata, a contragosto, para satisfazer a religiosidade de certos líderes. Fui recriminado por ser jovem demais, por ser muito exegético ou ser excessivamente simpático.

Certa vez, tomei Coca-Cola e não água e disseram que eu estava perdendo a seriedade ministerial. Cantei e desafinei, dancei e sai do compasso. Realizei dinâmicas que não deram certo, já me vesti de palhaço, pintei a cara com as cores da bandeira brasileira, li poesia ou usei jargão de mano. As últimas condenações são do tipo: Fábio, por você possuir “muito” estudo e ter uma formação “secular”, achamos que você não tem espiritualidade suficiente para compartilhar suas experiências cristãs. Ouvi isso de um pastor há seis meses atrás. Apesar disso, no meu encontro recente com o teólogo Leonardo Boff, ele ter dito que a interdisciplinaridade acadêmica é importante para uma boa teologia.

Tenho aprendido algumas coisas com isso tudo:

a) ainda falta muito para me tornar um professor/pregador que se preze. A humildade é parceira da sensatez e remédio sagrado para se afastar dos pecados malditos da auto-promoção e do orgulho. É preciso aperfeiçoamento metodológico, e teórico, mas também profundidade devocional e teológica. Além disso, o verbo- chave é praticar, praticar e praticar.

b) não dá pra agradar a todos os públicos. Vou decepcionar alguém, em um momento ou em outro. Personalidades, vestes ou modos de falar são secundários em relação à necessidade de seriedade na pregação, estando baseada em uma comunhão sincera com Deus. O que me entristece é perceber que há comunicadores que se utilizam da mensagem cristã para fazer shows, usando de brincadeiras abusivas, chatices devocionais e posturas opressivas, mais interessados em emocionar a platéia ou fazer com que ela se divirta do que tocá-la através da graça divina. Articulam, assim, linguagens sutis ou escancaradamente violentas, e distorcem os princípios libertadores de vida ensinados por Jesus de Nazaré. Desse tipo de decepção estamos fartos;

c) há mecanismos de domesticação religiosa que se interessam em manipular o discurso a fim de legitimar doutrinas, comportamentos e relações de poder. Assim, tais recursos ideológicos influenciam na hermenêutica bíblica e na experiência cristã. Nem sempre um líder é ordenado para o ministério por ser bíblico e cristão, mas sim por ser carismático e estar enquadrado no “esquema” de domesticação. Romper com os aparelhos coercitivos requer, além de sangue frio, devoção a Deus e leitura bíblica profética. Ser profeta é falar em nome de Deus, mas, antes de tudo, andar com Deus. É deixar com que a vida seja pautada pela Palavra viva e não pela palavra meramente religiosa. Se ambas estiverem em acordo, tudo bem. Caso contrário, melhor é ser expulso do quadro de liderança religiosa, afastado dos holofotes e taxado como despreparado e insuficiente, quantas vezes for necessário, do que negar a vivacidade e o poder transformador do evangelho de Cristo.

Os grandes pregadores, segundo a história bíblica e da Igreja cristã, tendo como padrão básico Jesus de Nazaré, não falaram apenas para um grupo fechado, mas sim transmitiram a Palavra viva com autoridade pelas ruas das cidades, transitavam sem medo pelo espaço “secular” e religioso, eram inteligentes e estudados, tementes a Deus, dedicados à meditação bíblica e à oração, questionadores do status quo, profetas exaltados em nome da justiça, leitores das Sagradas Escrituras, possuíam fala simples, porém profunda, e eram simpáticos ao coração dos ouvintes. Que Deus dê uma nova geração de bons pregadores para o Brasil, país carente de voz profética, devoção cristã e conteúdo bíblico.
Marília - SP
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