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Palavra do leitor

Preciosa é a morte de seus santos

Há cerca de uma semana, estive em um velório da irmã de uma amiga. Uma morte em acidente de trânsito, inesperada, praticamente instantânea, de uma jovem de 19 anos.

Em situações assim, há uma incoerência que fica latente no nosso coração: a incoerência entre a vida, tão vislumbrante na juventude, e a morte, o que parece ser um ponto final. Enquanto ia para o velório, comentamos no carro sobre quantas dádivas a jovem Késia poderia ainda viver se Deus a tivesse mantido viva por mais algumas dezenas de anos. A mim, parecia óbvio supor que os familiares estariam experimentando essa incoerência de forma tão forte que seria praticamente natural haver uma certa “revolta” no ar para com o Criador, afinal, ficara uma saudade do que nunca seria experimentado, uma interrogação diante de um fim abrúpto e prematuro de uma jovem linda e querida. Se houvesse sido isso que eu presenciara naquele dia, as coisas estariam naturalmente encaixadas na lógica óbvia da natureza humana e não estaria aqui escrevendo este texto. No entanto, o que me levou a escrever, e que me marcou profundamente, foi eu ter presenciado algo totalmente diferente.

Sim, a tristeza da situação era visível nos olhares e nos choros intermináveis dos familiares. Mas ao mesmo tempo era muito nítido que havia, diluída em meio à dor, uma esperança, uma graça que foi se mostrando ao longo do culto que houve no velório e, depois, no sepultamento. Uma graça que trazia consolo. Era como se eles chorassem e, ao mesmo tempo, essas lágrimas fossem serenamente enxugadas. Percebi que a morte para eles era uma mudança drástica sim, mas não um fim. E, para nós, cristãos, uma mudança que nos levará ao maior e mais belo objetivo da nossa própria vida e da existência de qualquer vida e de todo o cosmos: a glória final da redenção, em Cristo, de todas as coisas.

Ouvi vários hinos de extrema importância na história da igreja, como Rude Cruz, e não pôde deixar de passar em minha mente como eles funcionava como um fio de ligação, um fio de dor e de amor, um compartilhamento de momentos semelhantes, vividos por cristãos de diferentes séculos que, na composição e nos momentos em que o entoaram, vivenciavam uma semelhante dor e um semelhante, e maior, consolo. Sim, esse mesmo consolo estava ali, e era quase tangível naquelas notas doces e palavras de fé tão fortes, que foram entoadas por mártires, por cristãos perseguidos em grande sofrimento e novamente ecoavam e cortavam o luto daquele lugar, trazendo luz. Não, não eram os hinos, era o que os inspiava: o suficiente, soberano e sobrepujante amor de Deus, o fio de união entre todos os cristãos que sofrem, e que são, também, consolados. Esse contexto derrubou toda a minha incoerência que gerava uma pretensa revolta com a situação. Todos juntos, de diversas denominações, em unidade, cantando, em alto e bom tom, Por que ele vive, afirmando a nossa esperança na ressurreição dos mortos em um mundo de vivos descartáveis. Quão fortes palavras para aquele momento! Quão linda esperança é o consolo cristão! Louvores, orações, a lembrança de Rom 8.32. Unindo cristãos de várias linhas doutrinárias, o pastor recitou o credo apostólico e as pessoas repetiram em alto e bom tom. A afirmação da nossa esperança cristã da ressurreição. Hinos puxados à capela e em improviso.

É fácil, é natural, é previsível haver gratidão em um momento de festa, mas a gratidão em meio ao luto, quando a carne crua da nossa natureza se torna totalmente incompetente em um caixão e quando esse corpo é de alguém que nós amamos, sim, é um momento real demais para se encarar, doloroso demais para se alegrar. Mas houve alegria em meio ao choro, houve esperança em meio à dor.

Quanta força e beleza vi em um acidente que expressou a escolha precisa do nosso Deus. Onde um bebê de 7 meses, o mais frágil e vulnerável ser naquele carro, não teve um mínimo arranhão, mas a jovem cujo momento já estava determinado teve a vida suspensa. Sim, era gritante a soberania! E ela era consoladora. Não fora acaso. Nada o é para o cristão.
Saí de lá com uma única certeza: a fé em Cristo é maior que qualquer dor. Em meio ao sofrimento, a confiança na soberania amorosa. Ainda que não entendessem, mantinham o coração grato. Ainda que despedaçados, maior era a espeança que os mantinham unidos e de pé. Maior que a morte, é a vida. Não a que vem antes, mas a que é além do funcionamento fisiológico e que os sustentava: a vida eterna. Um dia, creio, toda dor cessará, toda lágrima será enxugada e todo o sentido que nos falta nessa efêmera e frágil vida nos será revelado por completo. Não construído, mas apenas desnudado, exibido. Não por mãos humanas. E com maior esplendor do que já poderíamos ver hoje!

Que experiência forte. Que puxão de volta à realidade. À realidade crua. Dolorosa e aliviante. Uma realidade desforme, mas que anuncia que toda sua desfiguração um dia será consertada. Triste, mas esperançosa. Trágica, mas inexoravelmente bela. Assim é a morte dos santos, indescritível.
Belo Horizonte - MG
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