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Palavra do leitor

Pequenos perdões, pequenas releituras

""Sua vida é importante e as rasuras não sentenciam seu futuro.""


O episódio da mulher levada, sobre a acusação de adultério, até Jesus nos ajuda a estabelecer uma releitura de como encarar e enfrentar a vida. Ali, diante dele, mais vista como um meio para possíveis perguntas ou, no adágio popular, provocar situações constrangedoras, ao considerado mais um candidato a Messias e o deixar de calças curtas, entre a cruz e a espada.

Afinal de contas, caso concordasse com a aplicação sumária da lei mosaica, ou seja, o apedrejamento, adentraria em violação as leis estabelecidas pelo governo romano, ao qual proibia respectiva prática. De outro lado, a não atenção para esse preceito mosaico, também seria visto como um desdém as tradições e o mesmo dizia sua postura de não a revogar. Eis uma questão a ser observada por Jesus, agora, porque sua resposta aponta para coragem e sinceridade de cada um deixar as máscaras, de lado, e reconhecer suas fragilidades, suas vulnerabilidades, suas vaidades, suas mancadas, suas vacilações, suas incertezas e seus atos, nem sempre tão virtuosos.

Em meio a tudo isso, após a questão de quem não tiver nenhuma marca de alienação, de vazio, de humanidade, de percepção de suas nem sempre colocações dignas de louvores, por favor, atire a primeira pedra. Ora, a bíblia não fala dos motivos da traição, dos fatores e desdobramentos dessa decisão, simplesmente, apresenta uma mulher, como o pomo de uma discórdia e mais nada. Sem hesitar, a traição atingia profundamente Jesus, acredito, piamente, que não, porque não era o palco de respectivo acontecimento. Deixo bem claro, não venho, aqui, banalizar, relativizar vilmente as variadas circunstâncias sofridas pelas pessoas; agora, não posso testificar ser um fato relevante para todos, sejamos honestos, quanto a isso.

Parto dessas abordagens e me debruço nos pequenos perdões e nas pequenas releituras, naquelas situações de fissuras, de rachaduras, de vasos quebrados e postos debaixo do tapete.

São omissões de que outro tem limites. São hostilidades diárias. São lembranças mais inclinadas a rebaixar o outro. São respostas que machucam e doem. São palavras que roem e corroem. São lágrimas guardas nas gavetas da alma e redundam numa alma mais assemelhada a um oceano de ressentimento, de remorso, de rancor e de um gosto amargo nos lábios.

Isso me leva as páginas das famílias de Davi, com pequenas rachaduras, pelo qual desaguou, muito embora a outros aspectos desencadeadores, numa violência de Amnon em face de Tamar, de Absalão ao tirar a vida do próprio irmão, de insurreições contínuas com o propósito de arruinar o reinado do nominado homem segundo o coração de Deus. Vale dizer, nada começou de repente ou do nada, como não há como definir ser um jogo de cartas ou escrito nas estrelas ou tudo fazia parte de um destino ou de uma vontade suprema ou de uma abertura para o manifestar do mal. Não adentrarei numa espécie de narrativa da conspiração e, em direção oposta, as pequenas e imperceptíveis perdas contínuas e tidas como partes da vida, indiscutivelmente, culminaram na derrocada da relação de Davi e Mical, de Davi e seus filhos.

Deveras, quantos não têm sido assolados por essas pequenas ocorrências e sutilmente causam uma existência de farsas, de deixar a vida me levar, de desistir da esperança e, quem sabe, no porvir, ser recompensado. Faz – se notar, uma criança abusada mexe com nosso senso de humanidade, vidas destroçadas por uma bala perdida, pessoas reduzidas a uma espécie de zumbis, como nas reputadas Cracolândias, pessoas ao qual fazem dos restos sua forma de sobrevivência e por ai vai tantos mosaicos de manchas de vergonha, até nos incomoda, mas não nos atinge na veia.

Vou adiante, quando nos deparamos com alguém, próximos de nós, enfermos, há uma mobilização esperada e necessária. Agora, essas pequenas ofensas, palavras ríspidas, formas de apequenar e desmerecer o outro se cultivam, continuamente, e sedimentam como rochas cristalizadas, em nosso ser. Obviamente, não venho, aqui, apregoar um mundo de maravilhas, porque tem dias de tensões e abalos, ao qual como seria bom os apagar do mapa, mas sim o por qual razão não rever a agenda e a escrita de nossa existência? De maneira simples e desafiadora, Jesus nos chama para deixarmos as pequenas pedras, as pequenas cargas de hábitos, de condutas, de costumes e de valores. Sei, muito bem, o quanto essas palavras podem soar e ressoar como um discurso inócuo.

Mesmo assim, essa Graça nos chama para vivenciarmos os pequenos perdões e as pequenas releituras para proporcionar uma percepção da vida, em sua concretude de gente e não de mitos, de pessoas e não de deuses, de seres humanos, porque o Deus ser humano Jesus Cristo veio em favor da humanidade e, por mais utópico e insano possa ser, nos ajudar a existir e viver para o outro.
São Paulo - SP
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