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Palavra do leitor

O Leao e o Museu da República

Em prazerosa passagem pela antiga capital da república "tupiniquim", a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, encantei-me com sua beleza natural. De traço singular e exuberante, contrastando com a dura realidade de suas favelas, que crescem como árvores a beira de um ribeiro, formando nos arredores da cidade um sem números de habitações que se contrapõem aos edifícios e arranha-céus de uma outra São Sebastião bem distinta da que a maioria dos cariocas habitam – numa mistura entre o belo e o feio – paradoxo contundente, que denuncia nosso pecado social.
Crítica sócio-econômica à parte, outra interessante experiência que tive na cidade Maravilhosa foi na minha visita ao Museu da República. Eu, minha esposa e uma turma inteira do colegial acompanhávamos o historiador da casa nos diversos salões que compunham o conjunto arquitetônico do museu, entre nós, espectadores da folia histórico-cultural, o comportamento de duas jovens chamou a atenção, uma delas repetia a cada instante o seu desinteresse em relação a tudo aquilo que a casa representava, sintetizada na frase: "odeio ficar ouvindo a respeito de pessoas mortas" ao passo que a outra não conseguia disfarçar seu narcisismo patológico diante dos apelos de vários espelhos que estrategicamente estavam espalhados compondo a decoração interior dos salões. Veio à mente o vaticínio do Robsbawm que afirma "... essa geração vive uma espécie de presente contínuo, sem qualquer relação com o passado público" e nenhuma preocupação com o futuro; marcada profundamente pela filosofia hedonista, onde o prazer tornou-se um fim em si mesmo, razão última para todas as coisas.
A experiência no museu salientou ainda mais a minha crença na importância de reforçar a nossa identidade, nossas trocas de experiências, naquilo que lemos, na relação do que lemos e vivemos com o que cremos, e das conexões que fazemos da realidade que nos envolve com aquilo que nos valoriza como seres humanos. Lembrei-me de uma das estórias do C. S. Lewis, "A Cadeira de Prata" em que O Leão Aslam (figura mítica que representa Cristo) estabelece os critérios para a missão dos heróis infanto-juvenis, ele salienta que na longa jornada eles não poderiam esquecer as quatro Palavras (os quatro evangelhos) que deveriam ser repetidas sempre para que não esquecessem, pois elas norteariam a caminhada, eles descuidam e acabam esquecendo, e logo os projetos pessoais e as motivações egoístas vão tomando o lugar da missão, as sombras vão sendo projetadas, começam a perder a identidade em sua jornada. Se perdem no caminho, e do "Caminho".
Estava no mesmo local que as duas garotas ouvindo o mesmo discurso, mas os ecos interiores foram diferentes, eu estava contextualizado, todo aquele ambiente me reportava para um lugar comum, também sou historiador, os símbolos e artefatos que marcaram e forjaram a nossa frágil e breve experiência republicana, outrora vistos em fotografias nos manuais de História, ali estavam, todos eles diante dos meus olhos.
Erigi ali naquele momento paredes imaginárias de uma "catedral" histórico-cultural diante do "odeio ficar ouvindo a respeito de pessoas mortas", e da vaidade narcisista de quem só queria ver sua própria face no espelho.
Salvador - BA
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