O irmão é um fardo a ser suportado?

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O irmão é um fardo a ser suportado?


‘’Se insisto em provar a existência de Deus, simplesmente, torno – o num objeto, sujeito as especulações empíricas e superficiais das minhas convicções. ’’


A vida em comunhão representa a trajetória do cristão, como uma dádiva deixada por Deus, através do sacrifício do Cristo Ressurrecto. Mesmo diante dessa afirmação, para muitos, os cristãos não passam de um amontoado de pessoas inseguras e suscetíveis a influencia de lideranças carismáticas e de valores contraditórios. Quem já não ouviu sobre a intenção de ir ao templo, permanecer no seu cantinho e apenas cumprir os protocolos de sorrir e cumprimentar o próximo, por causa de uma conveniência? Devo admitir, a não ser para o cristão, o irmão é um fardo e isto não há como negar. Afinal de contas, com relação aos desvencilhados da Graça, respectiva questão nem vem a tona. É bem verdade, a cada encontro, histórias e suas singularidades se apresentam. Digo isso, porque nos deparamos com pessoas criativas, dispersas, alheias, submergidas em incertezas e dúvidas, desbravadoras, flexíveis, fechadas, desprovidas de senso e por ai vai. Eis o palco com o qual eu sou confrontado e você não? Acredito, piamente, no desafio do amor ao próximo, como a ti mesmo, tem sua nascente na vida kahal, vida em comunidade, por onde participamos e partilhamos o evangelho das boas – notícias. Sem hesitar, a princípio, esperamos no frescor da conversão extrair pessoas ilibadas, acima do bem e do mal, mas ao colocarmos os pés na cozinha, a história não muda de figura e sim pinta os quadros da vida como ela é, crua e nuamente, sem retoques, sem sublimações, sem refinamentos, sem elucubrações, sem revelações apoteóticas, sem profecias retumbantes. Enfim, com os pés no chão, observamos os mosaicos de gente, com suas vulnerabilidades, com suas fragilidades, com suas lacunas, com suas inquietudes. Nessa questão, até compreendo o por qual motivo de um receio no que toca a confissão, ao discipulado e ao serviço. Aliás, uma das maiores vertentes da confissão se constituiu num ramo da secularidade de maior impacto na vida das pessoas e a psicanálise de Freud, os posicionamentos de Jung e outros não nos deixam enganar. Mais voltemos ao irmão e logo faço menção de eu mesmo. Abro o jogo, o quanto sou um fardo e não posso camuflar. Vale dizer, muitas vezes tentei as máscaras do bom sujeito, o praticante de boas condutas, munido com um discurso na ponta da língua de versículos pré-montados e mais nada. Deveras, nos círculos da comunhão, descortinamo – nos, quer queiramos ou não; entretanto, vejo algo salutar e benéfico, a partir do momento que estribamos nossa relação com o próximo, por meio de e em Jesus Cristo. Nada mais e nada menos! Parto dessas colocações e abordo ser uma utopia, uma perda de tempo e recursos (tanto espirituais quanto cognitivas) alcançar o irmão, segundo sistemas, métodos, estratégias e ideias. Em direção oposta, o milagre protagonizado e proporcionado em Cristo Jesus, a qual objetiva derrubar as barreiras das questões que elegem uns e descartam outros. De notar, numa diretriz evangelical, cada vez mais, do cada um por si e Deus por todos, de uma visão de olhar para Deus e não para os lados, carecemos, urgentemente, de um evangelho aberto e franco a fim de ouvir os deserdados, os aflitos, os desesperançados, os arrefecidos ou desanimados que estão ao nosso lado, todos os domingos, todas as quinta – feiras e todos os sábados.

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Opinião do leitor