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Palavra do leitor

O cristão zenoniano

Zenão de Eléa (495-430 a.C.) foi aluno e seguidor de Parmênides, que afirmava que a realidade é mais apropriadamente aprendida pela razão do que pelos sentidos. Zenão é muito conhecido por seus paradoxos; ele produziu cerca de quarenta, dos quais apenas oito chegaram até nós. Mas porque estou mencionando esse filósofo?

Em 2005, em uma oficina sobre evangelismo na universidade, promovida pela Aliança Bíblica Universitária de Campinas, li alguns comentários de Rubem Amorese sobre a questão do público e do privado em seu livro "Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna" (editora Ultimato, 1998). Trocando em miúdos, ele dizia que a privatização é um processo de distanciamento das esferas privada e pública da vida, dividindo-a em duas categorias: há o macrossistema do estado, da indústria do comércio, dos meios de comunicação em massa e da burocracia. É um mundo estranho, impessoal, altamente racional e largamente incompreensível. A outra categoria é o terreno do privado, do microssistema da família, do lazer, dos hobbies, da vida social e da igreja. Este é o terreno da liberdade pessoal. Estas categorias foram sugeridas na Consulta sobre a Evangelização Mundial de 1980.

Não pretendo discutir os contrastes entre a vida pública e a privada em um contexto político e econômico. Antes quero propor uma metáfora da vida cristã social como um sistema de governo no qual estão inseridas ambas realidades e cuja dinâmica é relativamente rápida, isto é, determinadas áreas da vida podem ser "privatizadas" ou "estatizadas" de acordo com seu comportamento.

A esfera pública diz respeito a tudo o que cada pessoa tem livre acesso, que é de domínio público. A esfera privada, por outro lado, relaciona-se a tudo o que é particular, intimamente ligado às emoções pessoais e também ao que não é exposto ao público em geral. Mas, como os contrastes entre as esferas pública e privada influenciam minha vida cristã? Uma das respostas passa pelo que chamo de paradoxo do privado e do público na vida cristã. Acredito que para adaptar nosso discurso ao mundo contemporâneo sem abrir mão da integridade do Evangelho e da radicalidade da conversão, é preciso fazer do público privado e levar o privado ao conhecimento público. Opa... como o que é privado por ser ao mesmo tempo público e vice-versa?

A experiência da conversão genuína é única e totalmente pessoal. Ainda que você tente explicá-la, nunca ninguém entenderá cabalmente como tal experiência lhe afetou. Nem mesmo outro cristão, pois as marcas emocionais e psicológicas, assim como o grau de entendimento do que ocorreu durante o processo de sua conversão são próprias de cada um dos convertidos. Assim, a aceitação de Cristo como único e suficiente salvador (conversão), é uma experiência emoldurada na esfera privada. Em contrapartida, a mensagem proclamada por Cristo e por seus discípulos (e aqui me refiro a discípulos como seguidores de Jesus, independente da época em que vivam) pertence à esfera pública. Por exemplo, no Brasil é possível ter acesso à Bíblia e ir a uma igreja sem nenhum tipo de empecilho, pelo menos legal. Obviamente existem barreiras culturais muitas vezes tão fortes quanto aquelas impostas por governos e/ou outros grupos religiosos, mas vamos desconsiderar isso por enquanto.

E como tal paradoxo funciona? Bem, vamos lá... se após sua conversão você colocar em prática o que a Bíblia diz, começará a causar algum impacto ao seu redor. Ora se uma experiência advinda da esfera privada (sua conversão e postura diante da mensagem bíblica) é refletida em sua vida social, você transformou de certa forma algo privado em público. Eis a primeira etapa do paradoxo! Algo totalmente pessoal, íntimo, foi transmitido ao público externo, à esfera pública, e agora está exposto aos que podem e querem ver.

A segunda etapa é uma conseqüência da primeira. Uma vez que a experiência privada de conversão foi refletida na esfera pública, aqueles que a permeiam podem se interessar por este reflexo. À medida que a curiosidade aumenta aquele que o cerca tende a aproximar-se e indagar sobre mudanças que vêm sendo percebidas na sua vida. Você tem então a oportunidade de compartilhar e ensinar ao outro aquilo que tem crido e posto em prática. O Evangelho, que é público, agora se torna mais que nunca pessoal, íntimo, privado. É compartilhado de forma cúmplice, individual.

O que quero dizer é que talvez seja necessário assumir uma postura "Zenoniana". O evangelismo por relacionamentos, a "privatização" do Evangelho (no sentido de torná-lo íntimo e pessoal ao compartilhá-lo com outros) parece ser uma resposta ao paradoxo do público e do privado na vida cristã. O impacto do Evangelho será causado se você começar a chamar a atenção dos que o cercam por meio da aplicação da mensagem bíblica em sua vida. Essa é a chave para resolver esse paradoxo e para uma vida cristã saudável.
Goiânia - GO
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