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Palavra do leitor

O confessionário e o espelho

‘’A adoração se manifesta como a forma expressa de Cristo, em inspiração e criação, pelo qual nos ajuda a caminhar pela Graça, sem a opressão da perfeição e das farsas para espelhar algo assim, como se o mundo fosse a monstruosidade e, nós, resistentes, em algum gueto moralista, legalista, religioso e distante da vida. ’’

Ao acordar as 08h35min, de mais um 26 de Agosto, sento-me na cama, com o corpo um pouco curvado e sinto uma enxurrada de situações vivenciadas e experimentadas. Em meio a essa constatação, sem rodeios, chego a conclusão de, diante do espelho, no banheiro, agora, como se estivesse em um confessionário, o quanto sou um poço de inveja e não há como negar e como sou levado a esconder essa verdade inquestionável de que a raiva passou avassaladora, desejos de ver o outro subjugado para afirmar e reafirmar minhas convicções bateu e causou uma sonoridade estridente. Não sei quanto a vocês, aquela sensação de vitimização, de se conceber acima do bem e mal, de ser palco de injustiças e traições, de que queria mais e muito mais, de uma necessidade de provar, de comprovar, de demonstrar e de expor todas minhas potencialidades. Querer ser lembrado, importante, notado, visto e clicado, até para aliviar essa doentia e, ao mesmo tempo, gostosa necessidade de ser aplaudido.

Ora, é bem verdade, há um fluir e confluir caudaloso da teimosia, de desejar o que é do outro, de não se conformar com a ascensão de quem está ao lado, de uma peleja para minhas considerações serem aceitas, registradas, publicadas e cumpridas. Sem sombra de dúvida, tornemos celebres, sereis como Deus e como sou pego, com a boca na botija, em tais anseios, mesmo sem perceber, ao qual, para isso, valho – me das farsas, das máscaras e maquiagens de uma pessoa boa, cordial, prestativa, justa, honesta e por ai vai. Lá no fundo, abro as portas e encaro essa loucura de querer ter o do outro, de suas ilusões, como Caim, que se esqueceu de si mesmo, de suas potencialidades, de sua história, de sua identidade, semelhante ao irmão do filho pródigo. Vamos prosseguir, neste confessionário, acalento, nas gavetas da minha alma, uma desforra de acolher a morte do outro, de uma satisfação pelo erradicar dos marginalizados presos nas penitenciárias, porque são um peso para sociedade e, evidentemente, camuflo com os discursos de uma tolerância zero, em face da criminalidade. De observar, o aparente silêncio diante de questões intricadas, como o aborto, a eutanásia, a homossexualidade e outros são evitados, por meio de uma narrativa bíblica fechada ou de defesas mais assemelhadas com o receio de encarar o evangelho de Cristo, sem cabresto, sem cordas que impedem a navegação, sem encarar a Cruz dos recomeços abertamente.

Aliás, chego a conclusão de que não acredito, já faz algum tempo, em revelações, em profecias, em forças místicas e sobrenaturais em um púlpito, mas prefiro a quietude, até para não me indispor com ninguém. De certo, a pornografia atrai, o dinheiro fácil - atrai, o não fazer o que é certo me - atrai, olhar para mulher do outro - atrai, a verdade em pontos de vista – atrai, a descrença com relação bíblia – atrai, a oração como uma espécie de meditação ou reduto para não lidarmos com nossa transitoriedade e pequenez – atrai, desejar a morte de todos os políticos corruptos – atrai, de desconfiar da igreja – atrai e a lista seria interminável. Agora, tudo isso e muito mais, escondo e adoeço no conformismo de uma vida restrita ao tempo sem fim ou a eternidade, como uma aposta (se houver, tudo bem; caso oposto, terminaremos como fagulhas pulverizadas, no cosmo). Não paro por aqui, escondo e me adoeço com uma visão de um Deus que nos deixou, aqui, neste mundo, de egoísmo, de individualismo, de pessoas submetendo pessoas como meios e objetos.

Chego a conclusão de arriscar, semelhante a Soren Kierkgard e saltar, ao meandros ou enredos de II Coríntios 12.09 para encontrar uma esperança que não nos tira das contradições, das contrariedades, de respostas que não vem e, talvez, não virão, de perdas e rupturas inesperadas, de vasos que se espatifaram e não encontramos animo para pegá – los, de todo um emaranho de questões que nos abalam e, mesmo assim, essa Graça não nos tira de cena, coloca – se a disposição, sem nenhum passe de mágica, senta, ao nosso lado, nada fala, simplesmente, ouve e ouve, sem o retrucar, sem a réplica, sem a minha vez de falar e defender; ouve e ouve, para, então, levantar a face e se dispor a ir, longe de nos alienar, longe de nos deformar, longe de nos desumanizar, longe de nos enganar, longe de nos distanciar do compromisso e do comprometer com a vida, com o próximo e com a nossa história e com uma eternidade que se forma, a cada dia.
São Paulo - SP
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