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Palavra do leitor

Hiatos – quando pontes são desnecessárias

Tão cedo aprendemos a preencher. São os desenhos por colorir e os quebra-cabeças na pré-escola, findando nos espaços em branco dos relatórios, onde não tarde serão desperdiçadas palavras, sentenciadas ao esquecimento e ao mofo das gavetas burocráticas.
Aprendemos a dar continuidade e tudo o que não foi concluído precisa ser, imediatamente. Porque “tempo é dinheiro”. As horas vagas precisam de um programa. Pra já! Pode ser um curso de inglês que vou desistir em três meses para começar a academia, espaço a ser frequentado por doloridos dois dias, até, finalmente, a depressão do tédio.
Tédio é quando a mente desordeira não foi educada ao silêncio.
Ficar alguns minutos em mudez na presença de um amigo, então? Insuportável. Intolerável. A amizade já não é mais a mesma. Falta assunto. Cadê aquela sintonia? Que monotonia. Por que estou escrevendo assim? Frases curtas. Parece criança aprendendo a falar.
Isso! Suspeito que a modernidade nos fez avessos aos intervalos, às pausas, aos hiatos. Quem aguenta um entardecer de domingo na masmorra em que esse dia transforma nosso quarto?
Os hebreus perceberam a importância da pausa com o shabāt, mas não demorou muito para que o dia do descanso passasse a ser mais um item do rigoroso calendário religioso judaico, com programação definida e que se transformaria no domingo cristão, carente de espaços clericais.
Parar não é deixar de caminhar. Não tem a ver com sentar-se. Enquanto minhas pernas seguem em inércia, há outras dimensões de mim, pouco dadas ao silêncio, que seguem em seu afã.
O hiato é a parte do caminho onde não se lembraram de construir pontes, ou se romperam. Nesses casos, há quem vire para o lado que lhe apraz, resmungando todas as pragas (im)possíveis, e siga em busca de uma passagem; não me esqueceria também dos que aderem à meia volta e invertem o desenho de suas pegadas como se fosse possível sempre inverter o caminho.
E eu? Ah, eu! Se houver em mim essa graça, prefiro permitir a existência do hiato, descer a ribanceira e até mesmo encontrar o limiar da caverna. Um dia os espaços se preencherão a ponto de me expelir para fora deles; os silêncios gritarão tão alto que se tornarão inaudíveis e não farão mais sentido. Precisarei sair do hiato e lá terei aprendido a escalar a outra parte e retomar o caminho oportunamente interrompido, se assim não for, terei ao menos que rir da queda livre no meio da escalada.
Mas não me ocuparia da saída sem antes invadir o lapso
[...]
Construímos as ditas pontes e nos ensinaram até a não olhar para baixo. Se descêssemos aos hiatos, quiçá nem importasse mais olhar para cima.
Mossoró - RN
Textos publicados: 2 [ver]

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