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Palavra do leitor

Artigo publicado em resposta a Cristão à moda jovem

E o mestrado?

A despeito da linguagem informativa, me pareceu excessiva a abordagem quanto à homossexualidade. Primeiro diz que os cristãos são vistos como intolerantes e hostis. Depois conta que ‘na discussão’ procuraram lembrar que Jesus acolheu a adúltera e hospedou Zaqueu. Ele "restaurou o relacionamento e mostrou amor antes de falar de pecados e mudança". Prossegue ainda o texto lembrando que é preciso respeitar os direitos das pessoas homossexuais e que a Graça de Deus, se bem compreendi, é unicamente o que pode mudar "a vida deles" bem como curar a cobiça dos malvados invejosos que gostariam de privá-los da dignidade da vida familiar, da aceitação social e das seguridades necessárias à sanidade mental.

Esta expressão "restauro de relacionamentos", virou um bordão que perdeu o significado preciso. Jesus estava “restaurando” qual relacionamento, exatamente, quando acolheu a adúltera e quando se hospedou com Zaqueu? Não era com ele enquanto ser humano. Era com o Pai. Zaqueu reconhece em Jesus a medida do humano (aquilo que fomos criados para manifestar) e, reconhecido em sua necessidade, é interiormente movido a mudar; a adúltera reconhece a autoridade de quem diz que ela pode se separar do pecado que tem sido até então autoridade sobre ela. Essas pessoas têm restaurado o relacionamento com Deus pela honestidade com que Jesus as recebe.

No que se refere a vinculações humanas, Jesus conta sobre o gerente que mentia quanto ao que outros deviam ao seu senhor e diz que os filhos deste mundo usam mesmo desta astúcia. Mas quanto aos filhos do reino, são chamados a confrontar, a tratar as feridas abertas pelo oportunismo dos que se aproveitam da fraqueza diante do pecado, são chamados a avisar que o que mata é mesmo letal. É justamente essa capacidade de denunciar o mal o que torna cada um suficientemente um abrigo, um elemento que demonstra que o espaço para a mudança, para o arrependimento, é seguro. Só posso convencer de que o mal é passível de enfrentamento se eu tiver enfrentado. Antes de se tornar a medida manifesta do que Deus desejava para cada ser humano, Jesus foi tentado.

No livro “Proibido pessoas perfeitas” (Zondervan, 2005), John Burke fala sobre a diferença entre ser tolerante e ser capaz de acolher. “Venha como você está” traduz um convite e uma garantia: “você precisa estar perto para conseguir superar o que colide com a medida de Deus para cada pessoa”. Porque na proximidade é possível partilhar o sentido da Graça. Por outro lado, se Jesus fosse tolerante, a adúltera saberia que poderia continuar pecando. “Tudo bem”.

O que acontece é que estamos ingressando num engessamento moral da igreja e a homossexualidade se torna o cristal do problema, o ‘assunto delicado’. Ora: a homossexualidade é uma forma de amor, de prazer, de definição do desejo, de vinculação, é uma forma de conhecimento, de reconhecimento e de expressão de vida. Se a Bíblia sinaliza no sentido de que a homossexualidade colide com a plenitude de Deus em nós ou com o crescimento em direção a esta plenitude, trata-se de um pecado como outro qualquer, só que “capilarizado” em todas as emoções e percepções de uma pessoa. O enfrentamento honesto implica em pelo menos a igreja ser capaz de assumir claramente em que crê quanto aos amores que procedem de Deus e os que tomam o lugar de Deus, os que são outro deus, os que extraviam. A igreja não precisa ser tolerante nem hostil: precisa amar o bastante para não tolerar aquilo que é simplesmente o mal. A hostilidade e a tolerância (ou intolerância, tanto faz) são sinais de impotência que mostram que a Noiva do Cordeiro vai provavelmente se tornando mais reduzida no interior da largueza da instituição.

Por último, quanto aos direitos dos homossexuais, é preciso tirar o salto alto para andar neste território nebuloso: dificilmente uma pessoa lúcida deixa de perceber a necessidade de que sejam assegurados às pessoas que vivem suas vinculações afetivas o direito aos bens da convivência. Isso é uma questão da ordem civil do mundo. Agora, quanto à cobiça dos malvados radicais, é preciso sinalizar a estas pessoas muito jovens, que manifestam posicionamento adequadamente institucionalizado, mas não têm ainda, até pela pouca idade, noção de certos graus de sofrimento, que a homossexualidade não é apenas uma qualidade de envolvimentos pessoais: ela é um território no qual se encobrem (até em nome da suposta agressão a uma ‘minoria’) formas violentas de ardil, golpes brutais contra o desejo e os bens dos desavisados, abusos que definem destinos e ultrajes como expressão justificada de afetos reprimidos, além da discreta imposição de que os ‘suspeitos’ “saiam do armário”.

Aceitar o engessamento moral dá condições de se enfrentar um mundo menos hostil, mas não dá condições de se oferecer efetivamente, como igreja, uma alternativa. Em nome da dignidade da boa vizinhança acadêmica, perde-se a possibilidade de, desconfortavelmente, oferecer outra medida do que é ser simplesmente humano.
Mogi Das Cruzes - SP
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