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Palavra do leitor

Definitivamente, dai a César o que é de César

Como cristão, educador e cientista social, posso dizer que meu lugar social permite enxergar panoramicamente a crise civilizatória e suas similitudes na Igreja, na Educação, na Política e na sociedade. Estão construindo trincheiras de guerra religiosa, social, e política e me questionam direta ou indiretamente de que lado estou. Mesmo as vezes me sentido como que jogando pérolas a porcos em tempos de superficialidade da informação, creio que, para que não me julgue omisso, é meu papel tomar posição sempre que possível.

A pergunta que se faz é: pode um cristão se colocar neste ou naquele espectro político? Pode um cientista crer na Divindade? É possível ser alguma coisa sem se colocar em grupos de espectros polarizantes?

Penso que um produto da modernidade liquida é a diluição dos significados dos termos, e no lugar disso, determinado lado da trincheira dissemina rótulos que criam no oposto um espantalho. O interessante é que a polarização chega a um ponto que ambos os lados usam os mesmos termos para se referirem a coisas bem diferentes. Coloquemos especificamente os termos "esquerda" e "socialismo".

Muitas pessoas tem atribuído a essas palavras o que seria necessariamente o Stalinismo e regimes políticos análogos ocorridos em diversos países do século XX que eram regimentalmente ateus. Isso porque, Karl Marx, que inspirou em certa medida tais regimes, teorizava que a religião se constituía em um instrumento da burguesia para oprimir e alienar.

Entrementes, a instituição do cristianismo no mundo ocidental em certos momentos da história promoveu a injustiça social. Exemplo disso foi a doutrina de que os africanos mereciam ser escravos porque eram da geração amaldiçoada de Cão, filho de Noé, o que recentemente foi inclusive citado por conhecida figura pública. Além disso, pode-se citar também as indulgencias e a riqueza da Igreja católica medieval, as "indulgencias" recentes em igrejas neopentecostais, e finalmente, durante a revolução industrial, as fabricas cujos proprietários eram protestantes com extenuantes jornadas de trabalho.

No entanto, tais termos são bem mais amplos do que essa argumentação. As palavras "Esquerda" e "Socialismo" usadas para designar opção política são anteriores a Karl Marx, surgiram no contexto do Iluminismo e da Revolução Francesa, relacionados às ideias da nascente teoria econômica liberal, e na posição política de oposição à aristocracia (nobreza e alto clero), e foram posteriormente apropriados pelo pensamento Marxista.

Passadas quase três décadas do fim do chamado "socialismo real", essas palavras também se relaçionaram com o ideário criado na Europa Ocidental chamado "social-democracia", que a grosso modo, ao invés revolução política e planificação da economia, defende reformas estruturantes no sistema democrático em busca do chamado "Estado de bem-estar social", com o natural respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, tais como a liberdade religiosa, a exceção de grupos extremistas que acreditam numa teoria política já há muito obsoleta.

Agora, passo a algumas indagações retóricas teológicas: Acaso o bem e o mal estão presentes no espectro físico, para que os cristãos se coloquem em uma trincheira de guerra contra não cristãos? Se sim, anula-se o que Paulo diz Em Efésios 6: "não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." Anula-se também a ordem de Cristo de que amassemos aos próximos como a nós mesmo, exemplificada aos judeus na figura dos samaritanos, com os quais eles tinham rixa. "abençoai aos que vos amaldiçoam, orai pelos que vos acusam falsamente" e vários outros textos do Evangelho anulam a ideia de cristãos fazendo trincheira contra inimigos humanos.

Se considerássemos mais a Bíblia e menos a polarização política e social, entenderíamos que é a Bíblia quem diz quem é cristão. Posso citar especificamente o texto da Carta os Gálatas capítulo 5, o Fruto do Espírito: As obras da carne são todas falhas morais. O fruto do Espírito, segundo o texto, é todo constituído de virtudes transcendentes. O texto não cita opção política nem como obra da carne nem como fruto do espirito. Baseado em que Evangelho, portanto, querem alguns delimitar tal espectro político para ser ocupado ou desocupado por cristãos. Fazer isso não seria baratear o Fruto do Espírito? Creio que isso seria não apenas baratear, mas relacionar o testemunho cristão a códigos, regras e ideários feitos por homens, todos eles espiritualmente caídos e carentes da graça. É uma tipificação de farisaísmo.

A questão do ser cristão não é defender a minha família ou a minha igreja. É Deus quem defende sua Igreja, é o noivo quem defender sua noiva. A questão do cristão é defender o órfão, a viúva, o samaritano, a criação de Deus, a vida que perece e que precisa ser salva. A Bíblia é bem clara quando a isso.
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