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Palavra do leitor

Cristianização ou evangelização?

"O Cristianismo irá acabar. Irá diminuir e sumir. Eu não preciso de argumentos para provar isso. Eu estou certo e será confirmado que estou certo. Nós somos mais populares que Jesus hoje em dia; não sei quem será esquecido primeiro, o rock and roll ou o Cristianismo. Jesus era bom, mas seus discípulos são cabeças-duras e ordinários. Eles distorcem tudo, são eles que fazem com que o cristianismo não signifique nada para mim."

John Lennon em 1966

Antes de me tornar missionário em tempo integral eu me aventurei em diversas atividades, uma delas, e provavelmente a que mais me marcou profissionalmente, foi quando eu era sócio de uma renomada marca de moda alternativa, que hoje faz muito sucesso na Internet. Na ocasião tivemos um prejuízo considerável, quando trabalhamos com camisetas de estampas chamadas evangélicas. Uma delas que inclusive eu tenho até hoje, era uma reprodução de uma campanha da Coca-Cola da década de 90 se eu não me encano, em vez de ler: Prove Coca Cola!

Lia-se: Prove Jesus Cristo! Escrita com a fonte das conhecidas letras da famosa marca de refrigerante norte americana.

Ao ler essa frase de John Lennon de 66, eu rapidamente me lembrei dessa camisa, Prove Jesus Cristo!

Primeiro, porque os maiores prejuízos com minha antiga griffe, eu e minha sócia tivemos quando trabalhamos diretamente com os evangélicos, uma livraria que vendia CDs e artigos evangélicos pegou várias camisas, e até hoje nunca nos pagou, ela me fez lembrar da ultima parte da frase onde John afirma:

... São eles que fazem com que o cristianismo não signifique nada para mim.

Em segundo lugar, a estampa da camisa compara Jesus Cristo com uma marca de refrigerante, eu concordo com John quando ele afirma que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. Isso porque o Jesus que a cristianização apresentou para John Lennon, e continua nos apresentando hoje, é tão somente Jesus Cristo a marca registrada.

Esse Cristo, ou essa marca, é algo que se vende, algo puramente comercial, algo que qualquer banda de rock pode ser mais popular ou significativo, dentro de uma esfera emocional ou social.

Uma característica da cristianização, é que na maioria das vezes, ela vai sugerir um Cristo que será interessado somente em sua alma. Ele talvez não tenha assumido a forma de servo, ou de humano, Ele não se esvaziou da glória de Deus, para que, quem o seguisse não caísse no erro de ser a cauda e não a cabeça de sua própria história ou da história cristã.

É deprimente quando lemos ou ouvimos a história do cristianismo, ao longo dos séculos. Ficamos horrorizados com o holocausto dos 3 milhões de judeus mortos pelo regime nazista, mas apagamos de nossa memória, as 6 milhões de vidas que a Igreja Católica Primitiva, dizimou, ou ainda os 2,5 milhões de indianos que a Igreja protestante Inglesa matou de fome na sua então colônia na época. A cristianização sugere que se pode matar em nome de Deus.

Trazendo para os dias de hoje não é diferente, porque se eu canto que eu abro mão dos meus planos, sonhos e vida por amos a Deus. No mínimo, um indivíduo brasileiro, neste exato momento deveria estar sendo, reconhecido e aclamado no Brasil e no mundo, porque a música que ele cantou um dia como uma oração, mudou a história do país onde ele vive, e tem influenciado positivamente outras nações.

Quero dizer que o John tinha razão quando ele chama os cristãos de cabeças-duras e ordinários, porque nós não paramos de matar as pessoas, como o Catolicismo Primitivo. Mas hoje, em vez de usar uma espada, uma lança ou uma forca, nós usamos uma caneta, para assinar documentos ou contratos com elevadas cifras que beneficiam, a nós mesmos, nossa família, ou nossa igreja e denominação. Em quanto às pessoas morrem de fome, de frio e de sede, soterradas no lamaçal do pecado. Nós usamos uma urna eletrônica, para eleger os políticos mais sujos que pau de galinheiro, em troca de favores pessoais, ou promessas que na verdade sabemos que eles não vão cumprir, nós sabemos que o dinheiro que eles vão desviar matará milhares nas favelas, nos hospitais e nas ruas; ou nós preferimos anular nosso voto, afirmando que o sangue que foi derramo durante a ditadura tanto de esquerdistas quanto de militares, foi apenas uma parte triste da nossa história, mas que não me estimula a exercer minha cidadania, conquistada a duras penas. Nós usamos o pré-conceito, para matar os necessitados, as profissionais do sexo, a população carcerária, a população em situação de rua, os menores abandonados, os dependentes químicos, entre outros marginalizados, que nós matamos todos os dias, quando a religiosidade fecha os nossos olhos para não vermos a desgraça que o pecado pode causar em um ser humano, e nos esquecemos que, Cristo veio trazer a Graça para essas pessoas, que a meu ver, em sua maioria, são bem menos desgraçados do que nós evangélicos, porque eles ainda não foram cristianizados o suficiente para confessarem um deus de meias verdades, como nós fazemos hoje com nossas atitudes.

Hoje eu não enxergo a cristianização como algo 100% errada, por conta dela ainda trazer a redenção e a vida eterna através do sacrifício de Cristo, e eu posso afirmar isso pelo fato de, minha certeza de salvação ter sido alcançada pela cristianização.

Ou seja, cristianizar não esta totalmente errada, dependendo do grau de comprometimento com o Reino de Deus, que o individuo que cristianiza esteja engajado, às vezes é mais uma falta de informação do que uma aliança com a injustiça. Cristianizar na sua essência é incompleto, mas não de todo errado, se o individuo tem um bom coração, e é voltado para as coisas do Pai.

Quando João Batista entre outros evangelistas e o próprio Cristo utiliza a palavra “Evangelho”, nós ficamos literalmente crentes que eles inventaram uma palavra nova.

Sabe o que me da mais raiva nisso tudo? Principalmente entre os jovens evangélicos de hoje, é que nós temos uma geração que não ora e não estuda as Escrituras Sagradas, o resultado é o inchaço nas igrejas evangélicas brasileiras, quando um corpo cresce, isso é sinal de saúde, se esse corpo incha isso é um sintoma de uma enfermidade, nós estamos doentes por não conhecermos as escrituras, e nem o poder de Deus (II Tm 2:15).

A palavra evangelho (do grego: uma boa noticia, boas novas), era uma palavra conhecida do povo na época de Jesus, um arauto romano se colocava em um lugar mais elevado, e pronunciava em alta voz:

-Evangelho de Cezar...

Normalmente um aniversário ou a coroação de um novo imperador.

No capitulo 10 de Lucas nós veremos na comissão dos setenta, que não seria pregado o evangelho de Cezar, mas o Evangelho do Reino de Deus, teoria aliada à prática (Mt 28:19-20).

Enxergamos pobreza espiritual quando vemos um homem se converter ao espiritismo, ou ao budismo, quando na verdade nós somos os pobres de espírito, neste aspecto (não o pobre de espírito do Sermão do Monte) por achar que Deus veio salvar somente as nossas almas. Isso é uma característica forte de imaturidade cristã, pois quando Deus criou o homem, ele nos da uma responsabilização, sobre a natureza, fauna e flora, e sobre o nosso semelhante ou próximo, a bíblia nos relata que foi o homem que deu o nome para todos os animais (Gn 2:20). Quando Adão e Eva pecaram, nossa identidade foi comprometida junto com nossa responsabilização de cuidar de tudo aquilo que Deus criou para nós, e que manifesta a glória Dele mesmo. Hoje o homem tenta saber quem ele é, e às vezes ele acha que um diploma o fará ser alguém, é comum ouvir: Eu sou um médico! Eu sou um advogado! Eu sou um mecânico! Eu sou um psicólogo! E por ai vai. As pessoas confundem o que elas fazem como profissão, com o que elas são na verdade, como seres humanos.

Somos dotados de qualidades e talentos únicos, características do próprio Deus. Por pior que seja uma pessoa, e por mais que o pecado seja presente em sua vida, ela possui uma característica que a torna muito especial, ela foi feita à imagem e semelhança do Criador (Gn 1:27). Quando nós nos identificamos no Criador, ele nos mostra o Evangelho do Reino de Deus que na verdade é, Jesus Cristo reinando na terra, em todas as áreas que afetam a raça humana, sociedade, política, meio ambiente, etc...

Evangelizar não é somente apresentar Jesus Cristo como o salvador de nossas almas, mas aquele que veio reinar em nossas vidas, e que enxerga o homem por completo: corpo, alma e espírito. Evangelizar é tentar inserir um individuo nesse Reino, permitir que ele seja afetado mesmo que ele não professe a mesma fé, no mesmo Deus que nós professamos. Não é justo e correto, eu apresentar um Cristo que quer salvar nossas almas, mas permite que 24 milhões de brasileiros vivam nas comunidades (favelas), sem saneamento básico, escolas, hospitais ou lazer. Se nós pararmos para pensar, essas pessoas não são ignorantes quanto ao plano de salvação, mas são ignorantes quanto ao plano do Evangelho do Reino, elas foram cristianizadas e não evangelizadas.

Os estados mais evangélicos do país são classificados por seus números de igrejas evangélicas, e pessoas que professam Jesus Cristo como Senhor de suas vidas, mas faça uma experiência, pesquise os estados brasileiros mais violentos, com os políticos mais corruptos, ou tudo aquilo que afeta negativamente nosso povo, e infelizmente você vai encontrar os estados e cidades mais evangélicas do país, com todas essas características ruins bem gritantes.

Quando eu afirmo que uma nação cristianizada não representa benefícios para seus indivíduos em termos de qualidade de vida, mesmo que eles não sejam cristãos, eu não estou inventando uma historinha para te comover, eu estou falando de uma realidade, que talvez você e sua igreja chamada evangélica não acreditem, mas que é muito real para uma mãe de um bairro vizinho ao meu, que perdeu seu filho de 16 anos para o tráfico, ele morreu com 19 tiros, 10 deles no rosto. Às vezes quando estou na igreja, eu penso que parece ser natural para um evangélico brasileiro, uma mãe enterrar seu filho e não poder sequer olhar seu rosto no caixão. A natureza nos ensina que um filho deve enterrar sua mãe e não o contrário. Uma mãe enterrar um filho adolescente em um caixão lacrado deve ser interpretado por nós como algo abominável, que precisa ser mudado, não adianta, eu querer salvar a alma desse jovem, dessa mãe, ou do assassino, sem medidas sócio educativas para todas as pessoas que moram nas periferias, e que vivem essas realidades no seu dia a dia.

Eu nunca enxerguei Jesus Cristo curando as pessoas por conta de somente convencer as multidões que ele era o Filho de Deus, mas eu vejo re-socialização, para os enfermos curados.

Uma frase que muitas vezes pode ser perigosa é:

“Vamos criar estratégias para a expansão do Reino de Deus na terra.”

O Reino de Deus não é humano, é espiritual, Jesus já instituiu esse Reino, o nome que nós damos para Deus não importa, o que realmente importa é o relacionamento que nós temos com este mesmo Deus, essa é a igreja mística, o corpo de Cristo.

Usamos de textos bíblicos isolados para classificar quem pertence a este Reino ou não, função dada ao Espírito Santo, pois é Ele que nos convence do pecado da justiça e do juízo (Jo 16:7-8).

Afirmar quem vai para o céu e quem vai para o inferno é uma característica da cristianização, pois ela vê no individuo sempre uma oportunidade de Redenção pela Graça. O ideal seria, se as pessoas enxergassem em nós o Evangelho de Cristo, como acontecia com a Igreja primitiva descrita em Atos (At 2: 46-47), e as pessoas nos perguntassem sobre o Reino.

O povo brasileiro já está tão cansado de ser usado e maltratado pelo sistema, que a sua fé e confiança, não serão entregues para qualquer pessoa, ou qualquer deus.

Não enxergo como correto, eu apresentar uma resposta (Jesus Cristo) para alguém que não me fez essa pergunta, na maioria das vezes isso soa como uma ofensa, e não está errado.

Se nós tivéssemos o desejo verdadeiro, de servir e amar as pessoas incondicionalmente, de viver os valores, os conceitos e os princípios do Reino de Deus, ensinados na Bíblia para quem quiser ler, as pessoas não precisariam ouvir sobre o plano de salvação, como nós o apresentamos hoje, elas seriam atraídas por essas verdades.

Creio que o grande problema está, quando nós não vivemos essas verdades. Nunca no Brasil se vendeu tantas Bíblias como nos últimos tempos, a questão é que existe um abismo profundo entre a Palavra de Deus e o conhecimento de suas verdades. Como praticar o que não conhecemos? O apostolo Paulo conseguiu em aproximadamente 30 anos de ministério, o que nós cristãos estamos tentando fazer a mais de 2000 anos.

Quero sugerir que invertamos a ordem da evangelização como nós aprendemos nas igrejas, vamos viver o evangelho, e depois falar do evangelho.

Cuidado para a sua evangelização, não se tornar um proselitismo, ou seja, uma cristianização!

“Vamos pregar o Evangelho! Se necessário usemos as palavras...”

São Francisco de Assis

Jocum Floripa a partir do Rio
Brasilia - DF
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