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Palavra do leitor

A vida não é só pão

Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites. Teve fome. Por algum motivo, o evangelista colocou deliberadamente esta observação no relato em que o Mestre foi tentado pelo capiroto. Fiquei pensando… por quê? Nada é relatado por acaso, então algum bom motivo teve. Esta passagem (que está em Mateus 4:1-11) diz que Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado. Vou me ater apenas à primeira declaração de “tentação”. Lá, o diabo fala pra ele: “Se você é mesmo o Filho de Deus, transforma estas pedras em pães”. É óbvio que ele sabia que Jesus estava com fome, e o tentou desta forma. Mas percebam: o que há de errado em transformar pedras em pães sendo que Ele tinha poder pra fazer muito mais do que aquilo? Além de não prejudicar ninguém com este pequeno ato milagroso… aliás, esta “tentação” não sugere nada de imoral nem de errado.

Na minha cabeça, tentação seria o capeta dizer “entra a escola de samba, desce as morenas pra rebolar!”, ou, “olha este vídeo aqui Jesus” (os meninos sabem do que estou falando), ou se Jesus fosse mulher, “olha aqui estes sapatos mara – que você não precisa – mas pode comprar em 38x com juros baixíssimos” (troque também por bolsas, a tentação seria a mesma). Afinal, tentação, na nossa cabeça, é sempre aquela vontade meio doida que dá de fazer alguma coisa que não podemos fazer, mas que traria uma satisfação ou prazer naquele momento.

Pra Jesus, a tentação foi simples. Poderia ter sido “transforma estas pedras num churrasco”!. Pedra em pão. Só. O básico pra que Ele matasse a fome e continuasse a jornada, nada demais. Mas a resposta de Jesus foi ainda mais estranha – “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus“. Diante desta afirmação, o professor Ricardo Barbosa nos fez uma pergunta interessante: será que a vida é só pão?

Esta pergunta foi como uma bomba para as minhas certezas e ideias “gospel“. Cresci ouvindo aquele texto do sermão da montanha, “não andeis ansiosos quanto ao que comer, beber, vestir… busque primeiro o Reino de Deus”, mas até aquele momento não havia compreendido o que Jesus realmente estava ensinando ao ser tentado. Mas e aí… será que a vida é só pão?

Antes de prosseguir, é interessante comentar que a tentação sobre transformar pedras em pães começa com um questionamento – “se tu és o filho…”. O final do capítulo anterior relata que Jesus foi batizado, e ouviu do próprio Deus que Ele era o Filho Amado, em quem Pai tinha prazer.

Antes de desafiar Jesus quanto ao “fazer”, ele o desafia quanto ao “ser”. Se ele fosse capaz de mudar o que Jesus pensava sobre si, mudaria as atitudes dEle. Mas Jesus mostra que sabia quem era e o que veio fazer, além de confiar plenamente no Pai. O apóstolo Paulo disse a Timóteo que “toda escritura é inspirada por Deus…” (2 Tm 3:16). Esta palavra “inspirada“, na verdade, seria mais bem traduzida por “expirada“, em outras palavras, “ar que sai da boca de Deus enquanto Ele fala”. Portanto, quando Ele diz “está escrito”, está dizendo “meu Pai falou”.

Nosso mestre não caiu na mesma jogada que caíram nossos ancestrais Adão e Eva (lembram-se como o coisa-ruim questionou algo que Deus tinha dito para eles?). E claro que Jesus sabia para o que tinha vindo então tinha certeza que não morreria de fome; no momento certo Deus o alimentaria. E a atitude de Jesus, logo de início, mostra que Ele não usaria nenhum poder para benefício próprio. Existe um “sistema”, uma forma de enxergar o mundo, em que fazem parte dele quem tem poder de compra, poder de status, poder de beleza, poder de controlar. Crescemos num mundo cujo sistema prega “pão é tudo o que você precisa”. Cremos que se temos estabilidade, estamos vivendo de acordo com a “vontade de Deus”.Mas e quando tudo o que temos é um deserto, um capeta, fome e pedras? Nesta hora saberemos se nossa identidade está naquilo que temos ou naquilo que Deus falou. Se Jesus caísse nesta armadilha, nosso destino seria o hell.

É lindo ver como Jesus sabia quem era e como estava ciente de sua missão. Mais lindo ainda é a esperança que Ele nos deu ao mostrar que a vida não é “só pão“. A vida é muito mais do que isto. Quando a vida é “só pão“, vamos querer mais pão. Exemplos? Davi tinha todos os pães que queria… mas, um dia ele quis um pão de mel do vizinho; matou o vizinho pra satisfazer seu desejo de pão. Salomão tinha… mil pães… Deus disse para Adão e Eva que poderiam comer de todos os pães do jardim, exceto um… qual eles comeram…? Pra quem a vida é só pão, todos os pães não serão suficientes. Pra quem a vida é pão, pessoas são objetos. Quando tentamos encontrar satisfação no pão, todo sexo, todo dinheiro, todo amor, todo prazer… não será suficiente.

Só o pão da vida satisfaz. Pra quem pão é tudo, tudo não é suficiente; mas pra quem sabe que Deus é Pai, “basta o pão de cada dia”. Quem sabe que Deus é Pai não se conforma com o sistema que comanda o mundo, mas pede que o Reino dEle venha, e que a vontade dEle seja feita…

A vida não é só pão.
Santo André - SP
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