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Palavra do leitor

A usurpação de humanidade em uma sociedade

No evangelho segundo Marcos no capítulo 5 de 1 a 17 vemos a narrativa do sofrimento de um homem, mais conhecido como gadareno. Um ser humano que vivia nos sepulcros, acorrentado e com ferimentos, totalmente descaracterizado como ser humano, tanto que, seu lugar de habitação era os sepulcros (Mc 5:2). Penso que uma cidade estruturada que permite que seus habitantes estejam alocados em sepulcros é uma cidade onde suas estruturas promovem a falência ainda que seus cidadãos estejam em vida. Parece que os tempos mudam, mas os problemas continuam os mesmos, tanto que, por uma análise econômica social de nossa realidade e do próprio texto em evidencia nos mostra alguns dilemas de nossas estruturas socioeconômicas que tem produzido vítimas em nossa sociedade atual.

Primeiramente só podemos fazer a contagem do PIB per capita, o quanto um ser humano produz em teoria, a partir da habitação dele naquela região, logo, quem é contado como excluído e na verdade taxado como morto, (acredito que não tinha voz e nem vez tanto que seu lugar de morada era num sepulcro) não pode ser contado, pois, numa sociedade em que seres-humanos são jogados as margens e contado apenas como um número certamente ele será desvalorizado devido sua posição social.

Em uma sociedade que continua a acorrentar os cidadãos, pois, é bem mais fácil isolar e coagir do que reintegrar, isenta esse cidadão de participação ativa nas atividades da cidade e o impede de exercer sua cidadania. Esse passa a não ter o direito de ir e vir e passa a ter sua existência suprimida pela opressão sistêmica. Logo é oprimido pela própria estruturação de como a cidade está organizada, pois ali seu direto humano não é garantido, pelo contrário, passa a ser explorado.

Reintegrar ele a sociedade é fazer uma nova redistribuição da renda. Reformas sociais e sistêmicas, onde certamente acarretará em uma reorganização sócio-econômico-política da cidade e tudo que abala as estruturas de poder e mexe com sua estruturação, por um ser humano, a sociedade se desespera, pois, certamente ocorrerão mudanças econômicas na cidade.

Havia uma usurpação de humanidade, cujo, as estruturas negligenciavam a vida e promovia a falência. Vejamos que a estruturação da cidade está afetada por realidades espirituais que afetam diretamente o modus vivendi dos cidadãos, não é de se esperar que aqueles demônios não quisessem sair das atividades da cidade (Mc 5:12) visto que em Gadara a principal fonte de renda era o comércio de porcos. Toda vez que construirmos uma babilônia e ela for ditada pelo Rebelde e festejarmos quando nossos direitos individuais forem garantidos, mas não os da cidade, perderemos a noção de que a vida em sociedade requer solidariedade e de que somos seres coletivos, seremos absorvidos pelo nosso individualismo. Precisamos nos arrepender desse pecado, de como construímos cidades, suas legislações, sua estruturação política governamental que tem transformado direitos públicos em direitos privados, pois, numa sociedade onde as relações são estabelecidas na base do poder, a humanização de um ser humano marcado pela morte, opressão e exclusão tende a ecoar por toda a cidade, que ao invés de festejar pela vida, acaba desesperada pela perda econômica (Mc 5:16 e 17).

Quando não conseguirmos mais enxergar um ser humano, mas mais um meio de produção que não produzindo não vale para mais nada, estaremos estruturados de forma a promover a exploração, a exclusão e a desumanização. Tempos assim o Espírito nos adverte e nos traz a mente que apenas o pão na mesa de cada dia não é suficiente, se alegrar com meu pão numa sociedade individualista que oprimi e exclui é uma dádiva, mas precisamos ir além dessa cultura e contra ela. Só ficaremos satisfeitos quando o pão nosso de cada dia for dado hoje, quando o pão não só estiver na minha mesa, não só quando meus diretos forem garantidos, não só quando eu tiver renda, não só quando eu tiver direito de operar na cidade, mas quando a própria cidade estiver estruturada de forma que o pão esteja na mesa de todos de forma digna. Ser digno de viver num mundo desses já não tem tanto sentido, precisamos ir além, ao ponto do mundo não ser digno de nós e a cidade não querer mais nossa habitação (Mc 5:17).
São José Dos Campos - SP
Textos publicados: 18 [ver]
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