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Palavra do leitor

A "Travessia do Mar Vermelho"

Nesses últimos dois dias vi e ouvi acerca do episódio mais cobiçado da novela Os Dez Mandamentos, exibida pela Rede Record de Televisão. As pessoas sempre se surpreendem com o exótico, não é de se espantar com o efeito que a mídia produz na vida dos telespectadores desse Brasil em relação a tudo que se propaga por lá.

A grande produção rendeu a Rede Record um novo "Record" de audiência, não há como negar que a trama comoveu boa parte do pais, na rua, nas redes, nos coletivos o "mar" era o assunto. Resta perguntar se o fato de interagir com a tela era religioso ou por entretenimento mesmo. Hoje as pessoas prezam o visual (depois se esquecem do que viu), e aqui não faço uma crítica a quem assistiu, mas as pessoas que se sensibilizam com tão pouca coisa, talvez, não tiveram acesso a outros níveis de informações.

O valor investido pela emissora beirou a 1 milhão e mais de 11 meses de preparação para as cenas que contou com um estúdio especializado em efeitos especiais para as canas. O que para mim seria pouco investimento para um milagre tão grande, e porque não dizer milagres. Será que as pessoas que se sentiram emocionadas de fato se emocionaram pela travessia ou pela supremacia dos efeitos?

Não vejo, bom, pelo menos nunca vi, cristãos chorarem por ouvirem sermões sobre o Mar Vermelho, a não ser quando dizer: "saí do deserto", a bem da verdade é tão arcaico, que pregações sobre, não surtiriam efeito para uma mente pós-cristã-mass-mídia. Na contemporaneidade é necessário luz, câmera e ação para que a sensibilidade cristã entre em cena em todos os sentidos.

Se fossemos analisar o texto a luz da cultura judaica, no mínimo seria mais interessante e veríamos adendos mais sofisticados dos que encenados, e ainda há cristão que se vendem tanto ao apelo midiático-ilusório que passam a crer que ali está a base da verdade e que responde a procedência da ação Divina. E ai já não sei, se o texto bíblico deixou de ser relevante ou se as pessoas estão cada vez mais distante da realidade e se jogam de braços abertos no abismo da utopia.

A travessia do Mar Vermelho que os textos do Antigo Testamento narram, está além do projeto "via recordes", pensemos a partir a partir do Chumash Shemot - Êxodo (2013, pg. 72), para Rebe de Lubavitch, o texto de Êxodo 14.21 aponta que o mar se fendeu em 12 caminhos, um para cada tribo, inclusive as muralhas de água fizeram paredes para cada tribo que se dividiam nos pavimentos de seus espaços.

Outrossim, no Chumash fica explicito que pela madrugada Deus olhou para o acampamento dos egípcios e fez com que o exército de faraó se confundisse com a coluna de fogo e de nuvem. A coluna de fogo fez o barro do caminho ferver de modo que os cascos dos cavalos se desprenderam.

Com o barro quente, as rodas dos carros foram queimadas, o que resultou na queda dos cavalos que colocavam por terra seus soldados que sem machucavam e se desesperavam. Outro fato interessante é que os soldados se atolaram de tal modo no barro que foram arremessados pelas águas e assim no final de suas vidas foram solidificados no fundo do mar.

Um texto de alegorias judaicas editado no Brasil, que também descreve informações, e aqui não jugo se procedem ou não, mas o faço para provocar a leitura, são os textos de Yisrael Yaakov Klapholtz (1997), nele os o mar vermelho ganha vida e tem o poder de fala.

Quando Moisés clama a Deus, o Divino intervém com a seguinte expressão (1997, pg. 157),

--- Você não precisa se preocupar com isso. Se no momento da criação, Eu ordenei a todas as águas do mundo que se ajuntassem em um lugar, revelando a terra seca para que Adão pudesse andar, não serei capaz de ordenar que esse mar de passagem para uma nação inteira?

Aqui vemos que o diálogo que Moisés tinha com o seu Deus era bem íntimo e propõe-nos observações no campo da interação entre céus, terra e natureza, sintonizados para um propósito, matar um grupo e dar vida a outro. Para Klapholtz (pg. 162), as águas se transformaram em grandes torres, o autor descreve que as paredes ficaram sólidas porque congelaram e se tornaram transparentes. Quando os egípcios esbarravam nas paredes cresciam lanças duras e pontiagudas para feri-los.

Cabe uma pergunta; como comer e beber já que estavam atravessando o deserto?

Klapholtz em sua sagacidade informa (pg. 163) que das paredes saiam água gelada para matar a sede dos israelitas, e que árvores com furtos suculentos brotaram milagrosamente no meio do caminho para alimentar as crianças. Pode-se dizer que dentro de uma Travessia existem "vários" milagres não perceptíveis aos que não se dão a leitura.

Há de se ressaltar nas que alguns Talmudes da Babilônia discutem a possibilidade de que a punição dos egípcios seguiu uma divisão que os separava em três grupos:

1º os egípcios que não tinham interesse de exterminar os judeus foram afogados primeiro sem sofrerem danos;

2º os egípcios que queriam que os israelitas se afogassem foram feridos antes do mar se fechar, provaram do sofrimento;

3º constituído de pecadores que queriam saquear os bens dos israelitas, esses foram arremessados de um lado a outro pelas águas até seus corpos boiarem na superfície;

Ainda seguindo os passos de Klapholtz (pg. 168), muitos dos rebeldes eram bruxos e tentaram juntos as suas divindades se salvarem, mas não obtiveram êxito. Enfim o povo de Deus passou sem grandes problemas pelo mar, Isso resultou num grande cântico de Moisés e seu povo.

Fiz questão de escrever o esse texto para informar muitos leigos, que existem muito mais textos que tratam do assunto de forma histórica e que são interessantes de se verificar. Não se pode analisar uma perspectiva bíblica a partir de cenas "cinematográficas", essas ficam vazia de cunho histórico, e trancam-nos num mundo único de apenas uma vertente de interpretação.

Finalizo, lembrando que minha intenção não e fazê-lo acreditar nos dois autores que citei, e também não desmereço os 10 Mandamentos, devo cumpri-los em boa parte, e qual dificuldade teriam em acreditar no que escrevi? É uma questão de ponto de vista. Afinal, entre um e outro o mar se abriu, e que Deus seja louvado por isso, mas ainda me rendo ao texto sempre, nesse caso, descrevo as palavras de Êxodo 15.1 no original, porém, traduzido:

Então ao verem que Deus milagrosamente os salvara dos egípcios de uma vez por todas. Moisés e os israelitas cantavam este cântico a Deus - "Cantarei a Deus porque ele é mais elevado do que qualquer outro se elevado; só Ele é absoluto supremo. Ele é sobre-humano, pois o ser humano só pode derrubar o cavaleiro do cavalo, Ele lançou o cavalo e o cavaleiro no mar. Além disso, cantarei a Deus apesar de que Ele é elevado para além da minha capacidade de expressão..."

Valeu,

Até!

Referências Bibliográficas

Torá Chumash Shemot: Êxodo / compilado e adaptado por Rabino Moshe Wisnefsky; com traduação em português interpolada de comentários do Rashi conforme elucidados nas obras de Rebe Lubavitch. 1ª Ed. São Paulo: Centro Judaico Bait, 2013.

Tesouro da Agadot da Torá. Volume 3 / compilação Yisrael; tradução Claudia Malbergier Caon. São Paulo: Colel Torá Terminá do Brasil, 1997.
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