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Palavra do leitor

A Igreja Evangélica hoje: entre o Movimento e o monumento

Desde a passagem de Cristo pela terra a proposta do evangelho era, e ainda é, um desafio ao estilo de vida comum.
Ser discípulo de Cristo tinha uma implicação direta com a vida inteira do indivíduo: suas relações familiares, suas idéias políticas, sua compreensão religiosa, sua maneira de lidar com as questões da vida e da morte, seu relacionamento com os recursos materiais (Mt 6:19-21; Mc 10:17-23).
Converter-se implicava, portanto, num processo radical de mudanças na pessoa envolvendo todas aquelas dimensões já referidas, e, ainda se tornar alvo de perseguição.
Com o tempo, porém, a conversão passou a ser entendida como mudança de religião e foi identificada com o novo gestual religioso assumido pelo indivíduo na convivência com seus novos irmãos de fé. Ou seja, o que se passou a requerer do novo convertido foi reduzido aos rituais como ir à Igreja, ler a Bíblia, dar o dízimo, ser um cidadão conformado que jamais reclama das condições de vida. Sempre contente com as circunstâncias. O convertido passou a ser reconhecido pelo seu nível de domesticação ao sistema. O evangelho se tornou presa do estilo de vida burguês. Não fomos criativos nem corajosos o suficiente para viver as exigências contraculturais da fé cristã.
Assim, com uma proposta cristã que levava as pessoas a se acostumarem com as mazelas de uma ordem social injusta, é claro que as igrejas passariam, naturalmente, a obter o reconhecimento e a aceitação dos poderes do mundo. Desse modo, viver o evangelho passou a ser uma experiência relativamente fácil (se comparada à que viveram nossos irmãos primitivos). Pouquíssimos, dentre nós, já tiveram uma experiência de sofrimento que se configurasse, efetivamente, numa perseguição pelo fato de sermos cristãos. A maioria de nossos sofrimentos resulta, tão somente, da circunstância de existirmos numa sociedade urbana do século XXI. Portanto, sofrimentos comuns às pessoas independentemente de serem ou não cristãs.
Quando a Igreja foi criada por Jesus e depois quando o Espírito veio sobre os cristãos em Jerusalém, ela se configurava como o movimento de Jesus animado pelo Espírito Santo. Livre e indômita como o vento. Aos poucos se tornou um monumento cuja importância passou a ser guardar a memória de um tempo passado. Um monumento que precisava ser preservado a qualquer preço, mesmo se houvesse necessidade de atropelar alguns. Por isso há tantas pessoas que já passaram por igrejas e saíram feridas, desiludidas, fragilizadas. A Igreja havia se institucionalizado.
Uma tendência natural das instituições é ignorar as críticas que lhe são feitas. Quando um de seus membros ou um grupo deles assume um posicionamento crítico, tais indivíduos geralmente são rotulados como desviantes ou rebeldes e passam a ser alvo de exclusões e de isolamento dentro da própria comunidade. Não falo aqui dos rebeldes inconseqüentes que apenas fazem barulho sem produzir nenhuma ação relevante. Porque quando a Igreja assume ares de instituição fica tão perversa quanto qualquer outra instituição. Sua luta e motivo prioritário passa a não ser mais servir a Deus e às pessoas, mas, a preservação de si mesma.
Daí a ambição da Igreja, enquanto organização, passou a ser imitar o modelo institucional vigente no mundo: pastores que viraram verdadeiros executivos especialistas em administração e marketing para cuidar da imagem de sua instituição; profissionais bem preparados para dar conta da carga burocrática; escolha do público-alvo adequado para sua Igreja; pregações para acariciar o ego das pessoas e torná-las “clientes” cativos e acomodados.
Quando os primeiros missionários chegaram ao Brasil em meados do século XIX, somente o Dr. Kalley não tentou repetir aqui o modelo denominacional que ele vira na Europa e Estados Unidos. Todos os demais missionários chegaram ao Brasil com um modelo de Igreja já previamente definido para implantar aqui. Infelizmente os continuadores do trabalho do Dr. Kalley não captaram essa sutileza de sua visão missionária e não aprofundaram a proposta de criar igrejas locais e não uma denominação.
A Igreja, por fim adaptou-se, tornou-se funcional. Apenas uma instituição religiosa a mais procurando defender intensamente seu lugar, seu espaço no concorrido mercado religioso. Mas, ao mesmo tempo em que essa igreja foi ganhando projeção no mundo, teve que, também, ir abrindo mão da cruz de Cristo e, com isso sua pregação foi perdendo impacto espiritual e moral na sociedade (cf. Mt 16:24-26). Talvez seja hora de começarmos a abandonar o monumento (estático por si mesmo) e nos deixarmos conduzir pelo movimento indomável do Espírito.
Ribeirão Preto - SP
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