Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

A generosidade como resposta ao materialismo

Um da multidão se levanta com problema familiar (Lc 12:13). O problema que paira é a falta de consciência fraterna que todos adquirem ou que se revela quando o poder é dado ou ganhado nas mãos. Por um lado o desejo que aflora reivindicando uma parte da herança herdada pelo mais velho. Pelo o outro a fortuna nas mãos revelando a solidão. Ambos vivendo os extremos opostos. Achavam que Jesus resolveria seus problemas financeiros. Na verdade a questão levantada é que achavam que o problema era financeiro, como se dividisse a herança entre ambos o problema estaria solucionado (Lc 12:14).

O diagnóstico sinalizado por Jesus na advertência identifica a raiz do problema. O desejo de possuir, de ter muitas vezes pode revelar a intenção de se ter para ser, definindo assim a vida no decorrer da história por aquilo que se pode possuir. Mas a vida de qualquer não é um acúmulo de bens do quanto possa possuir ou reter (Lc 12:15). Uma vida ditada a partir dessa lógica traduz sua existência numa única fala: "tenho, logo existo." Em sociedades de mercado a existência passa a ganhar outras conotações. O problema se agrava quando o coração não consegue mais enxergar além da finitude da existência de si próprio, quando a solidão ganha densidade ao ponto de vivermos em uma casa de espelhos onde o reflexo em todas as dimensões somos apenas nós mesmos (Lc 12:17 e 18).

Quando a vida começa a ser ditada e vista apenas na primeira pessoa do singular e o único diálogo é entre você e sua consciência sem o conhecimento da vida que está para além de si e se encontra na relação fraterna de todos aqueles a quem chamamos humanidade perdemos de vista quem devemos ser. Todo cuidado é pouco para não perpetuar a própria satisfação e limitar a vida na trivialidade: "descansa, come, bebe e folga" (Lc 12:19). Se a vida foi reduzida à sobrevivência, refletir em nossa brevidade pode ser a libertação que necessitamos (Lc 12:20a).

O fato é que não podemos acrescentar dias em nossas vidas simplesmente pelos recursos que podemos obter ainda que tenhamos para nossas futuras gerações. Existir pressupõe riscos e ninguém sabe quando terá seu encontro com a morte. Quando a brevidade da vida ganha densidade em nossos dias como um alerta de Deus somos incomodados para uma vida que tenha significado ao invés de bens e já dizia Martinho Lutero: "se nossos bens não estão disponíveis à comunidade são bens roubados." Veja que roubar nesse sentido não é tomar algo de alguém a força, mas impedir o fluxo de generosidade pela falta de sensibilidade que se deu pelo acúmulo. É cessar a partilha que poderia ajudar na necessidade do nosso próximo e ser indiferente com sua situação ao ponto dele continuar a mendigar o que lhe falta. É mais do que impedir o fluxo de generosidade. É manter um sistema injusto que permite que seres humanos não tenha suas necessidades básicas atendidas e que aos poucos rouba-lhes a dignidade.

Quando vamos além do ter ganhamos a noção que a vida está para além de nós mesmos e só encontra significado no encontro com o outro (Lc 12:20b). A vida que não encontra sentido no outro perpetua a sobrevivência solitária que diz a própria alma: "descansa, come, bebe e folga." Mas a vida expulsa de si para a relação encontra a vivência comunitária que diz: "reparte, distribui, alivia e liberta." Enxergar Jesus a partir de uma perspectiva utilitarista é frustrar-se consigo mesmo e ter toda percepção escandalizada quando sua voz se dirigir de volta com uma denúncia contra nós e como temos estruturado nossas vidas e abalar todo estilo de vida que projetamos no decorrer da existência.

Enquanto nossas reivindicações pairarem em uma crise ética e nossa voz se levanta para nossa própria sobrevivência, a voz de Jesus sempre nos questionará perguntando: qual o significado vocês atribuem a vida de vocês além de si mesmos? No fim Jesus pode ser apenas mais um meio para nossas idealizações babélicas existências que precisam urgentemente estar em ruínas.
São José Dos Campos - SP
Textos publicados: 18 [ver]
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.