Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

Escolha seus óculos

Há quem use como adereço, hábito, por precaução, rola até um certo fetiche com esse acessório como se seu uso emprestasse ao portador um ar de intelectualidade visível... pra mim tudo isso é bobagem, eu uso óculos porque preciso e não me incomodo que as meninas do Leblon não olhem mais pra mim. Quer dizer, usava.

Pois é, perdi hoje meu companheiro de leitura. Nós tínhamos uma relação de afetividade, era como se ele fizesse parte de mim. Tudo que eu via, o que lia e minhas percepções estavam diretamente ligadas a ele, passavam por ele, por seu filtro, seu julgamento. Acho até que eu dependia em parte dele.

Fiquei imaginando se meus óculos tivessem vontade própria, se de repente decidissem que eu veria tudo roxo, colorissem suas lentes e me forçassem a ver por aquele prisma. Os papagaios seriam roxos, assim como uma barra de chocolate. O céu seria uma grande tenda púrpura e uma carambola perderia a vitalidade. Isso pra não falar do sangue que perderia o vermelho-vida, os campos o verde-esperança e as nuvens o branco-paz.

O mais interessante nisso é saber que a realidade seria diferente daquilo que eu via, muito embora eu poderia morrer e até matar afirmando e defendendo a idéia de que o mundo era roxo.

Não importariam os apelos de quem quer que fosse. Explicações, teorias, debates, teses de especialistas, cirurgias de alta sofisticação, interesses pessoais... NADA, enquanto meus óculos estivessem lá, eu veria tudo roxo.

Faz um tempo que o Evangelho da graça me caiu assim, como um óculos. Logo eu que antes enxergava, mas não via, pois o deus deste século havia cegado minha compreensão da vida, agora vejo, e vejo diferente.

O Evangelho, sem nem me consultar, decidiu colorir minhas lentes com as matizes da misericórdia, do amor, da bondade desinteressada, do acolhimento ao aflito, do choro pelo sofredor, do perdão incondicional, da valorização da vida sobre tudo, dos abraços honestos, das palavras sinceras, da consciência de minha limitação, do não juízo... é assim que tenho enxergado a vida, com as lentes da necessidade de ser simplesmente como Jesus, nada mais.

Aviso portanto a quem me lê: Desista ! Desista tentar me fazer condenar, desista de me convidar para mesas de intrigas, desista de me envolver nos convites para apedrejamento. Não estou mais nesse time, não rezo mais nessa cartilha.

Me cansa ter que ficar fazendo gestão de melindres, aturar a hipocrisia, andar com gente perversa e mesquinha.

Não suporto covardes que esmagam o fraco apenas pra se afirmar, os que espalham boatos sem antes verificar.

Não tenho saco pra lidar com gente idosa cronologicamente, mas infantil emocionalmente. Que ainda não entendeu que nossa luta não é por uma moral ilusória, nem por reputação oca, que o reino não é nosso e que a vontade a ser cumprida é a do Rei, a saber, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.

Quando olho então pra Ele, vejo sua paciência com a carnalidade dos discípulos. Pedro e sua impulsividade, Tomé e sua dúvida honesta, João e seus extremos de amor aconchegado ao peito e fúria consumidora, Mateus e sua culpa por ter se vendido por anos, Judas e sua dor pela fraqueza de caráter, Natanael e sua fé tímida, e por aí vai.

Vejo sua sensibilidade à dor de uma mãe aflita, de uma mulher que sangra ou de um endemoninhado marginal. Vejo Jesus parando a celebração quando encontra a marcha da morte, solidarizando-se, e transformando o luto em festa.

Vejo Jesus falando da eternidade e ainda assim se encantando com uma criança. Irando-se com o comércio e hipocrisia dos fariseus, mas acolhendo um cego à beira do caminho.

É assim que vejo Jesus. Ao lado do pobre, do sofrido, do marginal, do estereotipado, do não querido, do imprestável, do de reputação duvidosa... é assim que o vejo.

Pena é que as lentes da graça não me omitam a visão do divórcio. Sim, do divórcio latente e explícito entre o Jesus dos evangelhos e o Jesus dos evangélicos. Enquanto um abunda em amor, o outro definha em juízo, mesquinhez e vaidade. Enquanto este nos oferece os óculos da religião aquele nos oferece os óculos do Evangelho.

O convite pra trocar de óculos já foi feito, há mais de 2.000 anos atrás. Cada um portanto, verá a vida como quiser ver, mas saiba de uma coisa: “de tudo te pedirão conta...”.

“Aconselho-te que de mim compres colírio... afim de que vejas, e não seja exposta a vergonha da tua nudez”
Nilópolis - RJ
Textos publicados: 7 [ver]

Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.